Prólogo.

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 Gellert Grindelwald sempre soube que morreria jovem.

Não, não na infância. O pequeno Gellert nunca teve motivos para refletir sobre a própria mortalidade. Seus primeiros anos de vida, desde o nascimento, foram o sonho de qualquer menino.

Ele era herdeiro de um antigo e abastado viscondado. Ao contrário de outros casais aristocratas, porém, os Grindelwald's eram muito apaixonados um pelo outro e consideravam o nascimento de seu primeiro bebê a chegada de um filho, não só a de um herdeiro.

Portanto, não houve festas nem festivais; nenhuma comemoração além do olhar orgulhoso que os pais lançaram à criança. Joseph e Violet foram pais jovens. Ele acabara de completar 20 anos e a esposa tinha apenas 18,mas eram sensatos e fortes, e amavam o filho com uma intensidade e uma devoção raramente vistas em seu círculo social.

Para horror de sua mãe, Violet insistira em amamentar o bebê, e Joseph nunca concordara com a visão geral de que os pais não deviam conviver nem conversar com os flhos.

Ele levava o menino em longas caminhadas pelos campos de Kent, falava-lhe sobre filosofia e poesia antes mesmo que ele compreendesse as palavras e lhe contava, todas as noites, uma história para embalar seu sono.

Como o visconde e a viscondessa eram muito jovens e apaixonados, ninguém se surpreendeu quando, apenas dois anos depois do nascimento de Gellert, um irmãozinho mais novo, batizado com o nome de Daemon, juntou-se a ele. Joseph logo adaptou a rotina diária para levar os dois filhos em suas caminhadas e passou uma semana metido nos estábulos trabalhando com o coureiro para criar uma mochila especial que mantivesse Gellert preso às suas costas enquanto o bebê, Daemon, ia em seus braços.

Os três percorriam os campos e cruzavam riachos, com o pai discorrendo sobre coisas maravilhosas– flores perfeitas, céus azuis e límpidos, cavaleiros em armaduras reluzentes e donzelas em perigo.

Violet costumava achar graça ao vê-los retornar com os cabelos revoltos pelo vento e queimados de sol, e ao ouvir Joseph dizer: 

"Viu? Aqui está nossa donzela em perigo. Nós temos que salvá-la!" 

Gellert se lançava nos braços da mãe, rindo ao jurar protegê-la do dragão que cuspia fogo e que eles tinham visto a apenas três quilômetros na estrada que levava à aldeia.

 – Três quilômetros? – sussurrava Violet, com a voz mais horrorizada que era capaz de produzir. –Meu Deus, o que seria de mim sem três homens fortes para me proteger? 

– Daemon é um bebê – observava Gellert.

 – Mas ele vai crescer – costumava responder a mãe, desgrenhando os cabelos do menino –, assim como você. Ainda vai crescer muito.

Joseph sempre tratara os filhos com o mesmo afeto e devoção, porém, tarde da noite, quando Gellert aninhava o relógio de bolso dos Grindelwald's no peito (que Joseph, que o recebera do próprio pai em seu 8º aniversário, lhe dera quando completara 8 anos), gostava de pensar que sua relação com ele era especial. Não que Joseph o amasse mais – na época os irmãos Grindelwad's já eram quatro (Aemond e Catarina nasceram bem próximos um do outro), e Gellert sabia muito bem que todos eram muito amados.

Não. Gellert gostava de pensar que sua relação com o pai era especial simplesmente porque ele o conhecia havia mais tempo. Afinal, por mais que Daemon conhecesse o pai, Gellert sempre teria dois anos a mais que ele. E seis a mais que Aemond. Quanto a Catarina, bem, além de ser uma ômega (que horror!), ela conhecia o pai oito anos inteirinhos a menos que ele e, como Gellert gostava de lembrar, seria sempre assim. Joseph Grindelwald era simplesmente o centro do universo do filho mais velho. Era alto, tinha ombros largos e sabia montar um cavalo com a desenvoltura de quem já nascera fazendo isso.

O visconde que me amava || Grindeldore ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora