Capítulo 10 - Eu Sempre Vou te Amar.

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Ele desligou e eu quase tive um ataque.

Bill estava certo. Não porque ele fosse mais velho, mas sim por que não seria justo com ele. Dezoito anos era muito tempo.

Mas eu não queria que nossas conversas terminassem. A ideia de nunca mais ouvir sua voz, de rirmos juntos com suas histórias sobre Tom, de nunca mais vê-lo, ou tocá-lo, eu não conseguia aceitar. Eu não ia aceitar.

Liguei novamente.

Ele não atendeu.

Eu tentei ligar para ele durante a noite inteira e o dia seguinte, mas Bill nunca atendeu. Ele colocou um ponto final em nossa história. Ele quis que algo que nem tinha chegado a desabrochar, morresse.

Eu não podia aceitar.

Eu o amava.

Soube disso no momento em que ele não apareceu ao nosso encontro e quase senti meu coração despedaçar.

Eu me apaixonei pelo garoto de fala suave, voz melodiosa, por sua personalidade realista e autodepreciativa, pela forma como ele dizia meu nome e como sempre me incentivava.

Pensei na loucura surreal que era a nossa situação e me recriminei por não perceber antes, que algo estava errado. Só conseguíamos nos falar quando estávamos naquele quarto, ele não tinha celular, e nem entendia metade das minhas referências sobre filmes, ou qualquer fato da cultura pop dos últimos quinze anos.

Mas agora, isso não fazia a menor diferença. Nem o por quê daquilo acontecer conosco, me interessava.

Quando liguei pelo terceiro dia consecutivo e ele não atendeu, saí do quarto e cacei uma ferramenta na cozinha, me aproximei da janela, contei os tijolos e comecei a escavar ali, até arrancar o tijolo e encontrar um pedaço de papel envolto em plástico.

Estava sujo, mas o papel dentro intacto.

Abri o saco, agarrei o papel, li e comecei a rir, depois a chorar sem parar.

"Hannah
Sempre vou te amar.
Bill."

Ele escreveu como uma despedida, mas eu não estava disposta a perdê-lo.

Foram dezoito anos e talvez ele já estivesse casado —  Deus tenha piedade! — até mesmo morto. Entretanto, nunca poderia seguir em frente, se não o encontrasse pelo menos uma vez.

Passava das dez, mas não me importei em acordar a minha vizinha da frente, uma senhora com mais de setenta anos. Eu sabia que ela gostava de assistir TV até tarde, por isso me senti mais livre para bater em sua porta.

— Hannah? O que aconteceu querida? Você parece transtornada. — D. Izabel me disse preocupada.

— D. Izabel, desculpa o horário, mas anos atrás, no meu apartamento morava uma família, Um casal e dois filhos, eram gêmeos, Bill e Tom. A senhora tem algum contato deles?

— Os Kaulitz?

"Já ouvi esse nome em algum lugar."

— Não sei o sobrenome deles.

— O único Bill que morou no seu apartamento, que me lembre, foi o filho da Simone Kaulitz. — ela explicou com voz trêmula. — Éramos muito amigas, mas perdemos o contato quando eles partiram.

Claro! No dia que Bill não apareceu ao encontro, eu liguei e Tom atendeu. E ele falou que era o Kaulitz mais bonito. Sim, sim...Esse era o sobrenome deles. Como não me atentei antes?

— Não tem nenhum endereço deles, nada?

— Não querida.

A vontade de chorar retornou com força. Retive as lágrimas e me concentrei nas informações que eu possuía.

A Ligação | Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora