PAST

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Ao acordar com um susto, a dificuldade de respirar com certeza era ouvida além das paredes, seu coração parecia que quebraria suas costelas e perfuraria sua carne, que estava grudenta e fria como um sapo.
Percebeu que mesmo com as doses altas de remédios para dormir, não dormiria. Maeve acordou olhando em volta, estava em seu quarto, em sua casa, e em 2023, mas seu sonho não fez parecer isso.

Por algum motivo, o local, tão conhecido e reconfortante, parecia estranho, se a perguntassem o porque, não saberia responder, tentou pegar o seu celular, mas não o achou.

Não fazia sentido, o quarto era iluminado pela lua cheia, deixando tudo meio azulado, seu celular ficava sempre no mesmo lugar, embaixo do travesseiro, levantou indo em direção ao quarto de sua mãe, que ao abrir, não a viu.

Tais acontecimentos levaram Maeve a sair de sua casa, as pernas antes sem nada, deram lugar a uma legging preta e uma polaina cinza, com um moletom preto.

A rua inteira estava apagada, contando com as casas, nem sequer uma luz que não viesse da lua. Maeve estava assustada, sua mãe havia sumido, e isso já era um grande motivo para deixa-lá assim.

Andando em direção ao centro, a praça central iluminada, com a fonte espirrando água, agora dava espaço para uma fonte seca, vazia, e nenhuma luz. Poderia tentar buscar alguma lógica, mas sabia que não acharia, a pequena cidade parecia abandonada.

A noite, que era abraçada pelo frio, agora estava neutra, poderia ficar com ou sem um casaco. Maeve ainda estava anestesiada, suas pernas se moviam sozinhas, olhando em volta.

No momento que se virou e viu o que estava a três passos dela ficou parada sem fazer sequer um movimento, estava com o modo sobrevivência ativado.

No meio fio a um quarteirão da praça central, alguém de cabeça baixa estava sentado, um homem, grande. As experiências dela fizeram com que desce um passo para trás, em total silêncio, até que o celular do estranho vibrou.

- Que...- O estranho levantou a cabeça, mostrando olhos azuis vermelhos, e um nariz com bandagem, inchado e dando espaço para um roxo abaixo dos olhos.

Ela sabia que ele não era um total estranho, já havia o visto em algum lugar, mas não recordava. No momento em que ele levantou os olhos em sua direção, seu coração errou as batidas.
Ele não a via, era como se ela nem estivesse ali, a incentivando a chegar perto, agachando em frente a ele, ficando no mesmo nível.

- Sim...deu tudo certo Kloe, meu dia foi uma merda, depois a gente fala...- Ele dizia com a voz cansada, fumaça saia de sua boca, estava frio, mas ela não sentia.

- Sim...a única parte boa quebrar a bicicleta...sim...ainda vai ter a festa...ok...- As palavras que saíram da boca do estranho não tão estranho fizeram com que uma risada anasalada saísse da boca de Maeve.Ele desligou o celular o colocando na calçada, estreitando os olhos olhando para cima, passando a mão pelo resto, consequentemente esbarrando em seu nariz, fazendo-o resmungar de dor.
- Vai se fuder pai...- Ele disse bufando, deitando na calçada.

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