Capítulo 2

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23 de novembro de 2021

— Vai querer sobremesa, Mafuyu? — Uenoyama questionou e tomou um gole de suco de laranja.

Ele negou.

O guitarrista levantou, assim como Mafuyu.

— Corrida até o quarto? — Uenoyama sugeriu.

— Acho que não podemos fazer isso.

— Mas você quer fazer isso, não é? — ele sorriu de canto.

Mafuyu desviou o olhar e estalou a língua. Tão fofo, pensou Uenoyama.

— Acredito que isso seja um sim — disse. — 3, 2, 1... Já!

Os dois saíram correndo pelo refeitório, sem diminuir a velocidade até mesmo na hora de descer a escada, o que resultou em Ritsuka tropeçando, criando uma pequena vantagem para Mafuyu, que não durou muito, porque Uenoyama logo o ultrapassou.

Quando estava chegando em frente a porta do quarto, Uenoyama paralisou. Mafuyu, por sua vez, desistiu de correr e começou a andar.

— Ritsuka, eu cansei — declarou apoiando-se no outro rapaz.

Mafuyu arregalou os olhos ao ver a pessoa que estava em frente a porta do quarto.

— Entrem agora — Yayoi, uma terapeuta respiratória, ordenou.

Os dois obedeceram sem falar nada. Uma vez que estavam dentro do quarto, sentaram-se na cama, esperando a advertência. A garota entrou em seguida e fechou a porta.

— Isso é um hospital, seus idiotas! — ela exclamou. — Quem deu essa ideia estúpida?

— E-eu — gaguejou Uenoyama.

— Seu idiota!

Mafuyu cobriu sua boca para tentar conter a risada.

— Desculpa, Yayoi — pediu Uenoyama.

Ela revirou os olhos e bufou.

— Tenho outras coisas para fazer — a garota falou e colocou a mão sobre a maçaneta da porta. — É claro que o meu irmão idiota teria a ideia de correr em um hospital, e é claro que o seu namorado idiota o seguiria — ela saiu do cômodo e bateu a porta.

Os dois começaram a rir.

2014

Segundo ano do ensino médio

Uma semana se passou desde que as atividades do clube começaram. Neste tempo, Mafuyu percebeu o quanto Uenoyama conseguia ser teimoso e temperamental, por mais que tivesse dificuldade em algumas partes da música que estavam aprendendo, ele nunca aceitava ajuda e perdia a paciência após algumas tentativas falhas. Era realmente difícil lidar com ele.

Assim como também era realmente difícil não o achar lindo de qualquer maneira ou ângulo.

O sinal da última aula tocou, porém Mafuyu teve que ficar na sala de aula por mais tempo que desejara, atrasando-se para o ensaio. Ao finalmente sair da sala, encontrou Uenoyama na porta da sala à frente.

— Teve que ficar copiando a matéria? — Uenoyama questionou.

Mafuyu assentiu.

— Eu também.

O ruivo olhou para os lados e percebeu que eram os únicos no corredor.

— Corrida até a sala do clube? — sugeriu Mafuyu. — Hiiragi vai brigar com a gente se demorarmos mais.

Uenoyama sorriu de canto e olhou em volta.

— No três — falou. — Um... Dois... Três!

Os dois saíram correndo na maior velocidade que conseguiram.

Uenoyama chegou primeiro à porta, ganhando a corrida. Mafuyu parou de correr quando reparou nisso, apoiou as mãos no joelho e tentou recuperar o fôlego, assim como o outro rapaz.

Uenoyama abriu a porta, colocou o pisca-pisca na tomada para iluminar a sala com as luzes amareladas presas no teto e entrou, seguido por Mafuyu.

— Eles nem estão aqui! — mencionou.

Mafuyu sentou no chão e apoiou as costas na parede. Uenoyama sentou ao seu lado e ficou o observando. O ruivo virou o rosto e encontrou o olhar do seu colega. Os dois começaram a rir.

***

Os dois garotos estavam sentados no chão enquanto afinavam suas guitarras em silêncio. Uenoyama, incomodado com a ausência de diálogo, questionou:

— Quando vou poder te escutar cantando a música que estamos treinando?

— O quê? — Mafuyu indagou, um pouco surpreso pela pergunta.

— Quero dizer, quanto tempo você vai demorar pra aprender a letra da música? — disse Uenoyama, sentindo seu rosto queimar. — Sei que é uma música em outra língua, mas você já deveria saber cantar alguma parte, não?

Mafuyu esboçou um sorriso.

I used to run around, I didn't wanna settle down (Eu costumava correr por aí, não queria me acalmar) — ele começou a cantarolar. — But now I wake each day looking for a way that I can see your face (mas agora eu acordo todo dia procurando um jeito de poder ver seu rosto)

Uenoyama virou o rosto para o lado. Escutar Mafuyu cantando fazia seu coração acelerar, e não queria admitir isso agora.

— Foi bom, Uenoyama-kun?

— Não foi ruim.

Mafuyu abriu um sorriso doce.

23 de novembro de 2021

Mafuyu estava sentado sobre sua cama, enquanto Uenoyama estava na poltrona ao lado. O guitarrista não parava de quicar sua perna direita, o que mostrava a Mafuyu que o seu namorado estava nervoso.

— Ritsuka, você está preocupado demais — falou. — Eles só vão inserir remédio na minha veia. Nem dói.

— Mas, e os efeitos colaterais? — retrucou Uenoyama.

— Eu vou ficar bem, pois você vai estar comigo.

Uenoyama abriu um pequeno sorriso. Ele sempre quis saber como era possível, mesmo depois de todos esses anos, se apaixonar por Mafuyu a cada fala e gesto doce do rapaz.

Uenoyama amava Mafuyu ao ponto que poderia explodir.

Ritsuka levantou da poltrona, sentou-se ao lado de seu namorado e passou o braço ao redor do seu ombro, deixando um beijo no canto da sua testa em seguida.

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