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Depois de alguns dias volto a escola, estou completamente destruída, ainda não sei porque estou aqui, talvez seja só pra estar longe de todo o caos que minha vida está.

Estavam todos reunidos no pátio de entrada, o diretor estava todo de preto, assim como alguns outros funcionários.

Diretor- Temos um comunicado importante pra vocês.

Sinto meu coração acelerar e minhas mãos começarem a suar. Tento respirar fundo pra me acalmar mas se torna tão difícil de respirar, é como se eu estivesse me afogando.

De certa forma, estou afundando, estou completamente perdida e sozinha num oceano imenso e turbulento.

Sinto uma mão no meu ombro, e me viro pra ver.

Henrique- Oi, faz um tempo que não te vejo.

Lia- É, eu andei um pouco ocupada ultimamente.- digo com certa dificuldade.

Henrique- Ah, o que você acha de sairmos no fim de semana?

Fico encarando Henrique, não por falta do que dizer, eu sei bem o que dizer, não vejo problema em sair com ele, eu só não me sinto bem pra estar em qualquer lugar. E não consigo dizer nada porque nesse momento é como se tivesse alguém segurando minha cabeça dentro de um balde de água, ou alguém me enforcando e me fazendo perder o ar cada vez mais devagar, o que é desesperador.

Henrique desfaz o sorriso que estava em seu rosto e percebo a dúvida e o constrangimento surgir, eu queria poder dizer que não tem problema algum, eu só não consigo dizer nada, estou completamente em pânico, estou imóvel, não consigo me mover ou falar, e isso é terrível.

Talvez minha mente esteja de negando a ouvir tudo aquilo de novo, talvez minha mente esteja se recusando a aceitar o que aconteceu, talvez eu só queria ignorar a realidade e fingir que está tudo bem e que tudo não passou de um sonho louco que eu tive essa noite e pareceu tão real que me fez entrar em transe.

Bianca- Precisamos conversar, urgente.

Ela não espera que eu me mova ou fale com ela, ela só fica atrás de mim, põe as mãos na minha cintura e me empurra até um canto onde não tem ninguém, um lugar debaixo do ar condicionado e ao lado do bebedouro

Bianca vai até o bebedouro e tira sua garrafa de água da mochila, a enche com água gelada e vem até mim. Suas mãos estão encharcadas, percebo isso quando ela toca meu pulso com as mãos molhadas e geladas.

Bianca- Você sempre costuma tomar água quando chega na sala.- ela coloca a garrafa nas minhas mãos e a segura por um tempo até eu conseguir segurar.- Pode ficar com a garrafa pra você, não quero ficar doente depois.

Forço um sorriso e Bianca pega minha bolsa que estava escorregando do meu braço.

Diretor- Recebemos a notícia de que Liana Del Castro, a fundadora da nossa escola faleceu recentemente.

Alguns alunos começam a cochichar entre si, perplexos e realmente tristes com a notícia.

Diretor- O velório dela acontecerá em algumas horas, e pra honrar e homenagear a memória da nossa tão amada fundadora, alguns de nós iremos ao enterro representar a escola e honrar um dos desejos que Liana pediu antes de infelizmente vir a óbito.

Sinto uma vontade imensa de vomitar, mas não tenho absolutamente nada pra colocar pra fora.

Diretor- Vocês serão liberados de volta pra casa, e terão essa semana de recesso, para nos prepararmos caso tenha alguma mudança. Os alunos que foram convidados para comparecer ao funeral já receberam uma notificação pelo e-mail com todas as informações. Podem ir.

Minha Odiável Bianca Onde histórias criam vida. Descubra agora