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Mais uma vez, estou aqui. Deitada sobre o peito de Bianca enquanto ela acaricia meu cabelo, a única diferença, é que dessa vez eu não preciso fingir que estou dormindo, e ela não precisa me virar com cuidado pra fingir que nada está acontecendo.

Bianca- Acho que se ficarmos mais um pouquinho na cama vamos nos atrasar.

Lia- Não quero ir, vamos ficar mais um pouco.- digo me virando pro outro lado e cobrindo o rosto com a coberta.

Bianca- Boneca, ficamos uma semana juntas, e pelo o que parece, vamos ficar o tempo que quisermos. E eu sei que você vai se atrasar, então, levanta.

Lia- Eu odeio isso, é péssimo acordar cedo, e ainda ter que trabalhar, será que conseguimos fazer com que o diretor retire o castigo?- me sento na cama e a olho.

Bianca- Não foi você que tinha se inscrito pra fazer parte disso?

Lia- É, mas a carga aumentou com esse castigo.- me levanto e sigo para o banheiro.

Bianca- Pelo lado bom, mais tempo juntas. E você não reclamou disso da última vez.

Lia- Eu teria reclamado se sua boca não tivesse me impedindo.- digo antes de fechar a porta.

Bianca- Vou fingir que acredito.

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Bianca buzina pela milésima vez enquanto termino de pegar minhas coisas e trancar a porta.

Bianca- Você não disse que já estava pronta?- ela grita enquanto caminho pro carro.

Lia- E eu estava.

Bianca- E demorou vinte minutos?

Lia- Você me apressou, depois que eu lembrei de algo.- me sento e ela dá partida.- Temos o trabalho de artes pra entregar, e nem começamos. Acha que ela nos deixa apresentar amanhã?

Bianca- Relaxa, eu dou um jeito.

Me viro pra ela.

Lia- Como?

Bianca- Isso você descobre depois.

Fico a observando enquanto dirige, suas mãos no volante e sua atenção toda na estrada. Agora posso analisar seus traços, admirar sua beleza sem me importar com qualquer outra coisa. Bianca parece que não toma muito sol, sua pele é clara como a de alguém que nunca foi a praia, ou que não pisa o pé fora de casa depois do sol das dez. Seus dedos são grandes e finos, sua mão em si é bem grande, e forte, como se ela malhasse, o que eu não dúvido muito. Os traços de seu rosto são bem marcados, principalmente sua mandíbula, seus olhos são fundos, não como os de uma pessoa cansada, mas como os de uma pessoa que consegue tudo pelo olhar, seu cabelo com toda a certeza vê um tubo de tinta preta ao menos uma vez por mês, já que sempre está tão intenso, e ele cai perfeitamente bem nela, seja quando ele está bagunçado ou molhado, e o sorriso de canto que ela está dando agora, é capaz de me fazer queimar.

Bianca- O que foi?

Lia- Nada.- me ajeito no banco e ela estaciona.

Bianca- Quer sair primeiro, e eu espero um pouco pra sair, ou que eu saia e...

Lia- Não tem porque.

Bianca- Não vai se incomodar caso falem algo?

Lia- Qualquer coisa eu digo que você me sequestrou.- mando um beijo pra ela e abro a porta do carro.

Ela ri antes de fazer o mesmo e seguirmos para a sala.

Não vou negar que houve muitos olhares e cochichos em nossa direção, ou que me senti um pouco incomodada, mas que mal tem? Mesmo se não tivéssemos chegado juntas, isso iria acontecer por conta daquelas duas vagabundas.

Minha Odiável Bianca Onde histórias criam vida. Descubra agora