Prólogo

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Son Heung-min


Cidade de Londres - 25 de Maio de 2014


Eu ri, deitado ao lado da minha irmã, ambos apertados na minha cama de solteiro, como sempre costumávamos fazer nas manhãs de domingo.

Era engraçado como Ha-ri conseguia me fazer sentir livre e solto - somente por estar com ela - quando, normalmente, eu não era assim. Intimamente, acreditava que, se não fôssemos irmãos, jamais chamaria sua atenção e poderia ser tão próximo da mesma.

Eu sempre tinha sido tímido e quieto; ela, extrovertida e espalhafatosa.

Você sabe rir, hein? - perguntou divertidamente, enquanto me empurrava com seu ombro, me pressionando até a extremidade da parede.

Em reação, empurrei-a de volta, e ela quase caiu. Gargalhamos espalhafatosamente.

Então, parando de rir de repente, ela envolveu minha cintura com um de seus braços e ergueu o rosto. Ali, naquele momento, em um sopro de voz, disse algo inesperado:

Eu estou grávida, Min-ah.

Instantaneamente, gelei, mudo. Virei minha cabeça sobre o travesseiro e busquei seus olhos, pensando ser mais uma de suas brincadeiras sem graça. Mas, não. Ela estava séria, e deixou sua cabeça também cair no meu travesseiro, onde ficamos nos encarando em silêncio por um tempo que não saberia contar.

Meu maior sentimento em relação àquela notícia era a de medo. Sentia um medo enorme por ela.

Minha irmã é quase dois anos mais velha do que eu, mas ainda assim, era somente uma moça de dezoito anos.

Meus olhos ameaçaram soltar lágrimas, mas com muito sufoco, consegui segurá-las. Segundos depois, murmurei, angustiado: — Meu Deus...

Deus não tem nada a ver com isso, Heung-min! - falou, perturbada, antes de dar de ombros. — Ou talvez tenha... Você vai ser titio, meu irmão.

— Hari-ah, você sabe que isso vai ser uma tragédia aqui em casa. - proferi, me erguendo e me sentando, tenso. — O abeoji e a eomma, céus...

— Vão querer me matar. Ou pior, me casar. - brincou ela, de novo.

Um tempo depois, ela também se sentou. Passando as mãos pelo cabelo curto, na altura do pescoço, e que contornava seu rosto meigo. Era diferente do meu que, apesar de ser curto e seguir os padrões masculinos, não havia ficado assim após uma revolta que quase custara uma surra do nosso pai.

— Casar com quem, Son Ha-ri? Quem é o pai desse bebê?

— Como eu vou saber, Min-ah? Eu sou uma perdida, esqueceu? - debochou, soltando uma risada aborrecida. — Pode ser qualquer um dos dez ou vinte caras com quem trabseu nos últimos tempos.

— Por Deus, Ha-ri! - segurei em suas mãos, nervoso. Não concordava com as loucuras dela, mesmo que, no fundo, a entendesse. E me preocupava ainda mais, por sua causa e pelos nossos pais. — Você só fez isso pra confrontar os dois!

Illicit Affair - 2sonOnde histórias criam vida. Descubra agora