Capítulo 03

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Son Heung-min

Depois de finalizar o meu prato no jantar e oferecer minha ajuda para lavar os pratos, recolhi meus sapatos do móvel da entrada e, com a maior rapidez humanamente possível, avisei que já iria voltar pra casa.

Nem meus pais, nem Yoon-ju se opuseram a minha saída. De alguma forma, imaginei que, depois da rispidez com que tratei a minha eomma e a pergunta sem sentido - ao menos, na visão deles - que fizera ao abeoji, iriam preferir não me ter no mesmo cômodo. Apesar de não acontecer comigo com constância - afinal, sempre acabava seguindo seus conselhos -, tinha conhecimento de que minha família não lidava bem com o desacordo de uma outra pessoa sobre suas ações, por menor que seja o conflito.

Por isso, tinha a impressão de que, se ficasse por mais um segundo prescindível na presença daquelas pessoas, pudesse vir a me sufocar. Era dramático - e até um pouco grosseiro - associar tal mal-estar por estar na presença da minha família, mas aquela era a minha realidade pro dia. Permanecer sob seus olhares julgadores, críticas disfarçadas e imposições diretas me incomodaram ao extremo, mas não mais do que a falta de saída pra que a racionalização de tal desagrado me levava. Porque eu sabia que, fim do dia, provavelmente nunca faria nada à respeito.

O padrão de atitudes dos meus pais, da minha esposa, as minhas - e não excluída, a minha falta de reação imperativa sobre as deles - nunca iam mudar. No livro que conhecia como a palma da minha mão existiam inúmeras passagens sobre os tempos difíceis não durarem pra sempre, mas estava começando a acreditar que aquelas palavras da Bíblia não era aplicáveis na minha vida. Talvez, aquilo tudo já fosse uma forma de punição divina sobre os meus erros e tivesse que me obrigar a conviver e lidar com aquela sina, reiteradamente.

E, após um dia tão exaustivo - por diversas razões -, também não estava disposto a me desculpar incessantemente para fazê-los mudar de ideia. A realidade é que eu estava cansado, não só no mérito físico. Eu estava cansado de tudo.

Cansado da conversa que tive com a Sra. Willians naquela tarde repassando na minha mente ininterruptamente. Cansado de pensar tanto em meus pecados luxuriosos, e em como pareciam ser uma parte de mim que nunca iria embora. E, principalmente, cansado da forma com que era tratado por pessoas que, apesar de tudo, amava com todo o meu coração. Durante as simples duas horas que duraram aquela reunião familiar, meus pais conseguiram drenar a pequena energia fortuita que havia me sido oferecida mais cedo.

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Então, quando, após uma hora e meia no ônibus, finalmente cheguei no apartamento em que morava, fui diretamente para o chuveiro, esperando que a pressão da água quente fosse suficiente o bastante para aliviar a tensão que sentia nos ombros naquele momento.

Terminado o banho, sentei-me na beirada da cama enquanto passava somente a toalha sobre os meus cabelos - havia decidido não me dar ao trabalho de penteá-los, quando almejava cair num sono profundo sem muita demora. Ao terminar a ação e pendurar a toalha molhada no cabideiro, me deitei encarando o teto do quarto.

A única coisa que continuava a me impedir de dormir era o costume de esperar Hyu-jin voltar pra casa, e conferir se a mesma iria precisar de mim para alguma coisa antes que também viesse se deitar.

Para a minha felicidade - e consequente desalegria -, não precisei ficar muito tempo preso em uma bolha de dispersão, já que em poucos minutos, meu celular tocou, sinalizando uma chamada. E, ao atender a ligação, descobri que teria que suportar mais um tormento no mesmo dia.



Illicit Affair - 2sonOnde histórias criam vida. Descubra agora