Pov Mon
Sempre que dirijo meu olhar através da janela do meu novo apartamento, eu me esforço para me adaptar à paisagem em constante mudança. As folhas de inverno dançam pelo ar, impulsionadas por ventos fortes, enquanto o céu permanece encoberto há quase uma semana. É uma transição que me faz sentir a falta do verão, e talvez leve algum tempo para me acostumar com esse clima tão diferente.
Lidar com mudanças nem sempre é fácil, algo que nunca imaginei que fosse complicado. No entanto, encontro o lado positivo na solidão que estou experimentando agora, acompanhada por um conjunto crescente de responsabilidades que sempre quis experimentar.
Diversas caixas ainda aguardam ser desempacotadas em todo o apartamento desde a minha chegada, refletindo a falta de tempo para organizar tudo. Em apenas duas semanas, começarei a minha jornada na universidade, o que gera um leve sentimento de ansiedade em mim.
Enquanto reflito sobre tudo isso, percebo o toque do meu celular, revelando que é a minha mãe do outro lado da linha, chamando-me.
— Oi, mãe. – Comecei a percorrer o apartamento, uma sensação de ansiedade no ar enquanto aguardava a resposta do outro lado da linha.
— Como você está? Não me ligou desde que chegou para dar notícias. – Disse com um tom de voz ligeiramente decepcionado, e seus sentimentos eram palpáveis através do telefone.
— Mãe? Eu liguei quando cheguei, lembra? Disse que estava resolvendo a papelada da universidade. – Expliquei, gesticulando com minha mão livre para enfatizar meu ponto.
— Ah, sim, me desculpe, parece que minha memória anda falhando ultimamente. – Escutei risadas do outro lado, aliviando a tensão no ambiente. — Espere, seu pai quer falar com você também.
— Tudo bem, vou esperar. – Respondi com simplicidade, enquanto começava a organizar algumas coisas antes de tomar um banho.
— Mon? – Sorri ao ouvir a voz de meu pai do outro lado da linha.
— Oi, pai! Estou com saudades... – Sussurrei, sentindo um nó na garganta.
— Nós também estamos com saudades, minha pequena... Já está conseguindo se acostumar com o seu novo lugar? – Ele perguntou, demonstrando preocupação paterna.
— Te diria que já estou tão acomodada por aqui que não penso em sair da Inglaterra tão cedo. – Brinquei, fazendo meu pai rir comigo.
Um silêncio confortável se estendeu por alguns segundos, e pude ouvir minha mãe tentando gritar algo no telefone.
— Sua mãe está tentando dizer que já comprou uma passagem para te visitar daqui a dois meses! – Ele esclareceu, enquanto eu podia ouvir sons de protestos e até mesmo uns tapas sendo desferidos por minha mãe em direção ao meu pai.
— O quê? Mas já vai vir me visitar, mesmo tendo passado menos de uma semana desde que saí de casa? – Gargalhei enquanto balançava a cabeça em descrença.
— MENTIRA! Seu pai quis dizer que comprei uma passagem para ir ao salão, cortar o meu cabelo. – Ela desviou habilmente o assunto, pedindo a meu pai que ficasse quieto. Senti meu coração aquecer com o afeto familiar.
— Ah, claro, mãe... – Tentei abafar minha risada. — Então daqui a dois meses, a senhora vai cortar o cabelo?
— Sim, isso mesmo! Mas agora, querida, vou deixar você organizar suas coisas, pois vamos ao supermercado fazer compras. – Minha mãe declarou, mudando o foco da conversa.
— Está bem, mãe. – Suspirei, sentindo a distância entre nós.
— Você sabe que pode me ligar e compartilhar todas as novidades. Ligue pelo menos uma vez por semana, caso esteja tudo muito corrido por aí. – Ela pediu, preocupada.
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Através Da Janela [Monsam]
Romancemon, uma universitária de direito, que se mudou para a Inglaterra, e passou a observar uma pianista pela janela ao anoitecer ou sam, dona de uma biblioteca e pianista, começou a sentir atrações por uma garota que vinha frequentemente a biblioteca