A Torre do Futuro

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Cassian não se considerava uma pessoa empática. Nunca tentou fingir que era, que coordenava a Irmandade por algum tipo de cruzada moral ou que acreditava que estava construindo um mundo melhor puramente pela bondade do seu coração. Não. Era ódio. Era por viver nesse mundo maldito que insistia em querer matar os seus, e ele gostava muito de viver, obrigado, portanto não tinha interesse em deixar o mundo ir para os ares enquanto estivesse nele.

Talvez por isso aquela tarde estivesse se provando o momento mais estressante de todo seu tempo enquanto participante e líder da Irmandade de Mutantes. Tinha visto de perto o que uma bomba de terrígeno conseguia fazer com mutantes, não queria pensar no que uma torre de cristal do tamanho do Empire State iria causar se fosse ativada. Não achava que nem a sua imunidade fosse resistir a isso, e não achava que as veias vermelhas encravadas no cristal fossem um bom sinal. Nada ali era um bom sinal.

— Precisamos nos orientar! — Cassian gritou, balançando a cabeça para se focar, Cassandra ainda firme protegendo a Irmandade por cima. — Reese, onde estão seus reforços?

— Chegando — a garota respondeu. — Mas como eu disse, a cidade tá impossível de andar.

— E o que os Vingadores estão fazendo? — Marlene perguntou, indicando alguns dos heróis que se ocupavam de conter o caos e tentar afastar as pessoas do local. — Por que não colocam a torre abaixo?

— Talvez eles não se importem — Cassian comentou. — Não me surpreenderia.

— Ou eles não sabem como — Cather rebateu. — Não consigo vê-los ligando pros detalhes do terrígeno até agora, não com mutantes e a S.H.I.E.L.D. para cuidar do problema.

— E com os X-Men espalhados por aí, só tem nós quatro e os Novos Mutantes pra lidar com a situação — Marlene resmungou, espiando entre a proteção de Cassandra e uma fenda sobre o carro tombado atrás do qual estavam se protegendo.

— Sete — Reese corrigiu, um sorriso pequeno aparecendo em seu rosto, e ela indicou um trio correndo entre a confusão ao longe em direção a eles.

Cassian conhecia Héctor e Lex de toda a confusão inicial em Washington, mas o garoto que vinha atrás de Lex, com a pele cinza e dentes demais para uma boca só, era novidade. Ele se lembrou porém de Niko comentando brevemente sobre um garoto com essa descrição que tinha se mudado da S.H.I.E.L.D. para a casa do namorado mutante, e tudo clicou rápido em sua cabeça.

— Trouxe uns amigos — Héctor comentou, ao estar perto o suficiente.

— Não força a barra.

— Lex... — o garoto-peixe repreendeu, com um tom sério e a expressão fechada.

— Ok. Colegas. Aceito colegas.

— Não importa agora! — Cather cortou. — Obrigada por virem. Temos que decidir como vamos destruir essa torre.

Seis pares de olhos assustados se viraram para Cather.

— O que foi? — Ela questionou.

— Nós? — Marlene respondeu. — Nós, mutantes, muito sensíveis a terrígeno, vamos lá na torre entupida de cristal e tentar desligar o mecanismo nós mesmos?

Cather suspirou. Cassian conseguiu ver a frustração se formando no rosto dela, acostumado que estava com as reações da amiga depois de tantos anos.

— Sim, Marlene, nós. Sabe por quê? Primeiro, porque os Vingadores não sabem como, e se eles cometerem um erro, um ínfimo erro que seja, a cidade inteira vai ser engolida em terrígeno. Você quer mandar o Homem de Ferro pra lá, pra vazar uma gota de água da armadura dele e ferrar todo mundo?

Irmandade de Mutantes: Guerra Terrígena (Marvel 717 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora