O Velho Novo Mundo

4 0 0
                                    

Reese nunca se iludiu a ponto de achar que quando tudo acabasse só teriam coisas boas a dizer, dariam uma festa e poderiam seguir as vidas da melhor forma que pudessem. Haveriam consequências. Haveriam problemas. Ela só não tinha imaginado que entre os problemas haveria o corpo da ex-namorada de Cassian em uma mesa de necrotério improvisada no laboratório do avião.

Ele estava muito calado, sentado em uma das cadeiras do avião e encarando a parede oposta com o olhar vazio. Theo e Damon, que também tinham sido bons amigos dela, tinham desaparecido avião adentro desde que tinham sido buscados, e não apareceram para falar com ninguém.

Ali na cabine de comando, estava se tirando um tempo para colocar ordem no que tinham encontrado. Strucker e Hodge estavam presos, cada um em um módulo de contenção. O corpo de Stryker tinha sido enfiado em um saco e jogado em uma cabine vazia do Zephyr. Quem precisava estava recebendo primeiros socorros, incluindo os inumanos resgatados do prédio onde Hodge estivera. Estava claro que vários deles tinham agido sob coerção ou controle mental direto, e aos poucos os agentes iam conversando com eles para entender o que tinha acontecido. Agnes porém tinha escapado, junto com o inumano chamado Vex. Jesus, um outro inumano, desaparecera muito antes do combate acabar.

Reese se sentia péssima, mas não era nada que Balu pudesse ajudar. Tocar os sentimentos de Stryker tinha sido... terrível. A quantidade de ódio que ele sentia era esperada, Reese estava acostumada a essa altura a mexer com as emoções de pessoas que queriam matá-la. O que a surpreendeu foi o quanto ele se odiava, e o quão... suicida ele era. Tornou quase impossível alterar as emoções dele, tentando reprimir que os sentimentos dele sufocassem seus próprios pensamentos. Havia sido no mínimo exaustivo brigar com um desejo suicida que não era seu enquanto tentava se concentrar para completar uma tarefa. Esperava nunca mais ter de fazer algo parecido.

Por outro lado, tinha de admitir, tinha sido um tanto... elucidativo. Agora, quando olhava para Héctor e Alexis, conseguia entender. Era sim possível alguém se odiar tanto que aceitaria trair a própria espécie. E era trágico.

Héctor, conversando em um canto com Alexis, acabou percebendo que ela estava encarando. Ela abaixou o rosto, mas era tarde, e Héctor já estava vindo se sentar ao seu lado.

— Você não parece bem — ele comentou. — Conversou com Balu?

— Não acho que ele possa me ajudar. Uma boa noite de sono, talvez.

— Tem certeza? Você parece pálida, meio verde também. E suando um pouco.

Ela também se sentia enjoada, então tinha certeza de que ele estava sendo sincero.

— Vou cuidar disso depois. Tem pessoas precisando mais que eu.

Héctor apenas assentiu, agora olhando para Alexis do outro lado da cabine, que estava encostado contra a parede e abraçando Eras contra si, os olhos fechados, os dois parecendo apenas quererem descansar ali por quanto tempo pudessem.

Isso fez o estômago de Reese afundar, a culpa pesando no estômago. De certa forma, ver duas pessoas que se gostavam de forma tão genuína em sua frente, a fez se lembrar de quando tinha tentado usar Héctor da mesma forma.

— Eu manipulei você — ela falou, de uma vez.

— Eu sei — ele respondeu, ainda olhando para os dois.

— Me desculpe. Eu não devia ter feito isso.

— Tudo bem — Héctor abriu um sorriso pequeno. — Não é como se eu pudesse julgar alguém.

Olhando por esse lado, realmente, mas isso não fazia ela se sentir melhor.

— E o que você vai fazer agora? — Ela perguntou.

Irmandade de Mutantes: Guerra Terrígena (Marvel 717 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora