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Arrumar a casa nunca foi um problema pra mim, já que meu pai sempre trabalhou em tempo integral, eu sempre ficava sozinha. Então minha companhia era eu mesma e a casa como passatempo, eu tinha acabado de fazer a janta

Ouço a porta se abrindo e meu pai entrar em casa, porém com a roupa do trabalho toda amassada e cabelos bagunçados. Ele fedia a bebida o que me fez franzir a testa...

Meu pai não bebe desde que superou o luto da morte da mamãe... o que tá acontecendo?

- Pai? - Ele me olha com um olhar sombrio que eu imaginei não ver, por anos

- cadê a comida!? - Diz rígido vindo até mim

- T-ta na cozinha... fiz sua comida preferida! - Gaguejo sorrindo e dando espaço. Ele passa e vai até lá

Coloca a comida no prato e dá uma garfada. Vejo ele fazer uma cara de nojo, e jogar a comida na pia. Meus olhos enchem de água

- P-pai... eu tive que sair pra comprar as coisas pra isso... - Sinto minha garganta fechar e ele se levantar com um copo na mão

- Saiu pra comprar esse LIXO de comida!? - Ele grita e joga o copo na parede. - Você me dá desgosto.

- Não tá falando a verdade... só está bêbado - Sussurro negando enquanto tento não chorar

- Pense o que quiser minha opinião não vai mudar. Limpe isso antes de subir - Ele aponta para os cacos de vidro e se levanta indo pro quarto - E vê se faz uma comida descendente da próxima vez, pelo menos assim vai ser competente igual sua mãe era.

Acompanho com o olhar ele se retirar, caminhando estressado até seu quarto. As lágrimas enfim começaram a cair, eu só conseguia chorar sem pensar em nada mais. Me abaixo com uma caixinha de papelão, colocando os cacos de vidro dentro dela.

- Casete! - Xingo baixo quando vejo o vidro cortar minha pele.

Termino de tirar os cacos do chão e vou em direção a pia, jogo a água gelada em cima do ferimento. Minha cara estava inchada de tanto chorar...

Caminho até meu quarto, já estava de madrugada... tive que limpar o chão e jogar fora a comida que meu pai desprezou... isso doeu tanto... vocês não tem ideia.

[...]

Já arrumada eu ia em direção a porta, quando vejo meu pai na sala com um jornal na mão. Ele me olha sinalizando para mim parar

- Vai pro quarto agora e troca esse short. Não precisa mostrar para todos a puta que você tá se tornando - Ele fala rancoroso e leva a bebida para boca

Sinto meus olhos lacrimejarem novamente... viver com meu pai nunca foi tão difícil como agora. Caminho até meu quarto, colocando uma calça cargo ao invés do short... e estava um calor dos infernos. Mas só assim para ele não ser o meu inferno.

Não faço a mínima ideia de quando meu pai começou agir assim, quando mamãe era viva e no dia que ele teve a promoção foi como se tivesse virado outra pessoa. Sabe? Aquele Kyan Fox que vocês viram no começo... nunca foi meu pai... a personificação de que ele era um ótimo pai... só foi um disfarce pra mim não contar a verdade, por que eu pensei que vocês não veriam tudo isso...

[...]

Eu estava pensativa apoiada na parede olhando para o pátio principal

- Oi! - Maeve me olha aparecendo do meu lado

- Oi! - Falo meio avoada

- Como é que você tá? - ela pergunta e eu olho pra ela curiosa

Bad girl for youOnde histórias criam vida. Descubra agora