iv. Sidney

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Notas: Essa fic é basicamente um universo alternativo/canon divergence a essa altura do campeonato e cada capítulo da novela só me quebra mais as pernas. 😅 Prova maior disso é o Ramiro e o Kelvin afirmando que o Sidney não é amigo do Ramiro, mas aqui ele é sim. Abstraiam, por favor!

Eu criei uma OC pra esse capítulo, mas ela é só mencionada. Mesmo assim, eu adorei ela! Esse capítulo não tem gatilhos óbvios, mas há menção de homofobia e o próprio Ramiro é um alerta de homofobia internalizada. Mas, como em outros capítulos, temos acolhimento, temos apoio, temos suporte. 😌

Espero sinceramente que gostem e boa leitura. ☺️

🌼🛻



iv - Sidney

Ramiro estava cogitando ir até a cozinha da fazenda para almoçar, pois não tinha levado marmita quando viu Kelvin vindo pelo caminho de terra batida, chamando seu nome e acenando. 

Não era a primeira vez que Kelvin o procurava enquanto o peão trabalhava, mas era algo raro. Da última vez, viera devolver a camisa que tinha coberto de bebida em retaliação por ter sido jogado no rio. Ramiro ficou sem usar a peça até perder o cheiro dele. Desconfiou que Kelvin a tinha borrifado com seu perfume e cheirava a camisa todo dia ao voltar para seu quartinho. 

— Trouxe pra você, Rams. — disse o garçom, entregando-lhe uma sacola onde havia uma quentinha e uma garrafa térmica com suco. — Direto da cozinha do Zeza! 

— ‘Brigado, Kevinho! Eu tava pensando em ter que ir lá na fazenda almoçar e você aparece assim… Parece até que foi um anjo que mandou ocê aqui. 

— Ai, não exagera, Ramiro. Foi só uma coincidência. Mas é melhor você comer enquanto ainda está quente. 

— Quer almoçar comigo, Kevinho? 

O garçom sorriu mais para ele, fazendo Ramiro sentir um calor por dentro que pouco tinha a ver com o sol inclemente do Mato Grosso do Sul. 

A resposta dele foi interrompida pela aproximação de Sidney. 

— Parando pra almoçar, Ramiro? — disse, à guisa de cumprimento. Viu os dois ficarem tensos e seus sorrisos diminuírem um pouco. Tocou a aba do boné brevemente na direção de Kelvin. — 'Tarde, seu moço. 

—'Tarde. — Sidney percebeu que interrompera alguma coisa embora não tivesse certeza do que. Ramiro e o ‘rapaz alegre’ do bar era um daqueles segredos que todo mundo conhecia. Corria, inclusive, um bolão entre os peões (obviamente sem o conhecimento de Ramiro) sobre quando ele finalmente iria assumir o garçom. Infelizmente, a data mais próxima era dali a meses ainda. 

E vendo a reação dos dois, conseguia entender o porquê. Ramiro enchia a boca para dizer que era macho, então provavelmente nunca assumiria uma relação com outro homem. 

Pessoalmente, ele achava uma pena. Ramiro ficava mais agradável toda vez que voltava do bar. Os outros peões conseguiam saber se ele tinha ido ver Kelvin na noite anterior só pelo humor dele. 

Se fosse brutalmente honesto consigo mesmo, reconhecia em si uma certa estranheza com a ideia de dois homens em uma relação. Mas Sidney também defendia que cada um deveria fazer o que quisesse de sua própria vida, desde que não causasse prejuízo a ninguém. E, apesar de seu instinto inicial de provocar Ramiro, não via aquele namorico dele com Kelvin com maus olhos. Era o tipo de coisa que acabaria se acostumando se visse com frequência. 

Mas notara o desconforto dos dois quando se aproximou e sentiu uma pontada de culpa. Não se sentia responsável por Ramiro, claro que não, mas talvez pudesse fazer um esforço maior para fazê-lo se sentir mais à vontade. Em nome da amizade deles. 

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