Havia muitas pessoas nesse navio, e eu nem sei o porquê. Provavelmente, voluntários a trabalhar para a Arconte.
Resolvi ficar um pouco na parte aberta para tomar um ar e tentar relaxar um pouco, fico abismado em como eu não surtei até agora, hahahah. Minha paciência e calma sempre foi algo muito elogiado em mim.
A verdade é que eu já não estou mais suportando tantos sentimentos ao mesmo tempo, eu sinto raiva, medo, tristeza e MUITA saudade de muitas pessoas que eu perdi. Eu sempre ando reprimindo os meus sentimentos, não gosto de falar sobre isso por não ver necessidade em tomar o tempo das pessoas ao meu redor.
Andei por alguns minutos, aproveitando a brisa gelada do vento contra o meu rosto e o barulho tranquilizante do mar, quase consegui tirar minha mente um pouco da realidade antes de escutar a voz de Ei.
"Desculpe, mas, você já me disse o seu nome?" — Questionou.
"Eu... Oh! Peço perdão pela minha falta de respeito..." — Ri nervoso. — "Sou Kaedehara Kazuha."
"Hm..." — Ficou em alguns segundos em silêncio, aparentemente me analisando. — "Kaedehara?" — Arqueou uma sobrancelha.
"Sim." — Sorri.
"Então você faz parte do clã Kaedehara?" — Cruzou os braços.
"O que? N-não! Esse clã não existe mais há anos."
"Entendo. Minhas sinceras desculpas, não me lembro de quando as pessoas começaram a evoluir tanto, hahah." — Relaxou os ombros. — "Bom, Kazuha... Eu ainda não entendo o motivo de você estar tão determinado a salvar o Kunikuzushi."
"Ah, sobre isso, eu fiz uma promessa para ele... E eu sinto como se fosse uma obrigação ajudá-lo." — Respondi simples.
"Então você está, por exemplo, pagando uma dívida? Kunikuzushi não foi muito próximo de pessoas em toda a sua vida. Pelo menos, eu acho que não..." — Suspirou decepcionada.
Ela sempre parece tão desanimada quando o assunto é o Kunikuzushi, por que será?
"Haha, não, não. Seu filho é uma pessoa que eu considero bastante, então eu quero vê-lo bem."
"Oh... Isso é ótimo! Eu nunca escutei alguém falando assim dele." — Sorriu. — "Na verdade, nunca fui tão próxima dele para saber sobre ele." — Balançou a cabeça em negação.
Agora eu entendo, talvez eles não tivessem uma boa relação...
"Eu sinto muito, ele realmente... Tem uma personalidade forte." — Sorri.
"Não, o problema não é ele... Ele age assim por minha culpa, eu deveria ser uma mãe melhor." — Ei se aproximou da borda do navio para observar o mar. — "Você acha que é muito tarde para consertar as coisas com ele?"
A Arconte me pedindo conselhos? Haha, isso é uma surpresa agradável. Não sou o melhor em conselhos, porém sou muito bom em lidar com as pessoas!
"Eu acho que nunca é tarde para você ir atrás de alguém que você ama." — Desviei o olhar. — "A questão é, você está disposta a isso? Não é algo fácil recriar laços com alguém, é necessário muita paciência e vontade da parte de ambos, caso contrário, por que insistir em algo que você sabe que não vai funcionar? A base de uma relação, seja familiar ou não, é respeito e compreensão." — Voltei meu olhar a maior.
"Mas... Eu sou a mãe dele, e mesmo assim ele não me respeita! Eu estou fazendo algo errado? Ele parece tão desconfortavel quando estou por perto."
"Com todo respeito, você com certeza está fazendo algo errado." — Suspirei. — "O seu problema é pensar que ele te deve respeito. Ele é como qualquer outra pessoa, se você não respeitá-lo, ele não vai te respeitar. Se você não demonstrar amor e compreensão, você não pode esperar que ele demonstre isso." — Cruzei os braços. — "Seu pensamento é superficial, ele não é mais um boneco, então você não deve mais tratá-lo como um."
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Selos da ilusão
Fiksi PenggemarScaramouche frequentemente recebia cartas de um autor que se denominava "S", ele havia mudado de residência diversas vezes, e ainda sim recebia tais cartas. Porém, desta vez, parecia ser diferente. Scaramouche não recebia aquelas cartas novamente há...