Quinto Capítulo

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Abri os olhos lentamente e fui recebido por uma intensa luz branca que inundou minha visão. Logo percebi que estava deitado em uma cama e me ergui para ficar sentado. Friccionei meus olhos para clarear minha visão, e quando observei com mais atenção, constatei que estava em um quarto de hospital. Além disso, notei que estava sendo auxiliado por um respirador. A pergunta que ecoava em minha mente era: Por que estou neste quarto de hospital?

Meu olhar vagou para o lado, onde uma mesinha estava posicionada, e sobre ela repousavam meu celular e a caderneta!

De repente, todos os acontecimentos na casa de Archer me atingiram com uma intensidade avassaladora. A sala secreta repleta de informações sobre mim, a presença ameaçadora do Archer e seu irmão, minha fuga precipitada e a subsequente crise de ansiedade e asma – tudo isso veio à tona de uma só vez.

Mais uma vez, o medo e os pensamentos conflitantes me envolveram. Meus olhos começaram a lacrimejar, e uma opressão angustiante começou a se instalar em meu peito. A percepção de que Archer era um obsessivo e potencialmente perigoso perseguidor se consolidou. Ele esteve atrás de mim o tempo todo. Desde quando começou essa perseguição? Até onde ele chegou com isso? Para ser sincero, não tenho certeza se estou preparado para descobrir as respostas.

Uma enfermeira adentrou o quarto através da porta e pareceu surpresa ao me ver acordado.

— Meu Deus, você já está acordado! — Ela se aproximou com uma expressão preocupada e sentou-se ao meu lado na cama — Você está tendo outra crise, fique calmo. — A mulher segurou gentilmente minhas duas mãos — Respire devagar, assim: expire e inspire. — Segui seus gestos na tentativa de acalmar, e então fechei os olhos com força por um momento, me buscando afastar o moreno de meus pensamentos.

Após me acalmar, a enfermeira dirigiu-se ao bebedouro ao lado da porta e encheu um copo d'água para mim.

— Obrigado. — Bebi toda a água de uma só vez.

— Um casal trouxe você até aqui às pressas; você estava inconsciente e coberto de suor. Eles relataram que você teve uma crise no ônibus e acabou desmaiando.

— É verdade. — Desviei o olhar para um canto aleatório da sala e me encolhi em posição fetal — Algumas coisas aconteceram, e... acabei exagerando na hora de correr.

— Compreendo. — A mulher manteve seu olhar sobre mim por alguns momentos antes de retomar a conversa — Não entramos em contato com seus responsáveis porque você está sem documentos...

— Meu Deus, é verdade! Meus pais! — Peguei rapidamente meu celular da mesa ao lado e o liguei. Assim que a tela se iluminou, havia várias notificações de chamadas perdidas — Droga! Eu o coloquei no modo silencioso! — Desbloqueei o aparelho e liguei para Oliver; se eu chamasse minha mãe, provavelmente receberia ameaças de morte.

Caramba, Pietro! — O mais velho insultou quase sussurrando — Onde você está? Nossa mãe está à beira da loucura de preocupação! Você viu que horas são? — Olhei para o relógio e fiquei chocado ao ver que já eram 4:15 da madrugada.

— Me desculpa, eu não tinha ideia. — Vi a enfermeira saindo do quarto e ela acenou brevemente — Por que você não disse a ela que eu ia passar a noite na casa de um amigo?

Porque seu "amigo" apareceu aqui em casa te procurando. — Senti meu corpo gelar e meus pelos se eriçaram — Ele disse que você estava lá na casa dele e saiu correndo de repente. Segundo ele, está preocupado com você.

— Ele ainda está aqui? — Perguntei em voz baixa, enquanto apertava o celular com força.

Não, ele acabou de sair. — Oliver suspirou do outro lado da linha — Pietro, o que está acontecendo? Esse cara é muito estranho, ele ficou aqui até altas horas da madrugada esperando por você, enquanto tentava acalmar nossa mãe. Isso parece extremamente suspeito. Ele estava visivelmente ansioso demais.

Obsessed With Him (LGBT+)Onde histórias criam vida. Descubra agora