Como tudo o que já tive na minha vida, a paciência que eu tinha até o momento tinha ido embora.
Meu pai não parava de tagarelar sobre como os lucros do reino estavam caindo e, que precisava arranjar uma forma de se sobressair e assumir o posto de melhor Rei da Ásia mais uma vez.
Era tudo sobre dinheiro e ganância, não pensava em mim, tampouco em minha mãe, que vivia presa dentro de casa por conta de uma condição grave causada por uma doença nos ossos. Ela era como uma boneca frágil de porcelana, tendo sempre que se manter em uma cadeira de rodas ou em sua cama que já não parecia mais tão confortável como antes.
Ela chorava toda vez que era colocada sobre o colchão e, eu via seu sofrimento quando suas pernas começavam a tremer. Ela já estava injuriada de sempre fazer a mesma rotina, tendo sua liberdade limitada aos cômodos do castelo, que por não ter mais para onde ir, conhecia de cabo a rabo.
Tive minha cabeça trazida de volta para a realidade, quando a carruagem onde eu e meu pai estávamos freou abruptamente, fazendo meu corpo solavancar para frente. Por sorte me segurei na porta e não tive minha cabeça batucada na parede de veludo vermelho.
– Você escutou o que eu disse agora pouco? - Meu pai me cutucou, quando viu que meus pensamentos já não estavam mais em nossa conversa. - Se mantenha quieto e com uma feição pacífica no rosto. Não estrague meus negócios.
Apenas acenei com a cabeça em concordância, descendo da carruagem logo em seguida. Avistei um bando de crianças cobertas por lama brincando no Sol quente. Elas sorriam e riam como se jogar bolinhas de lama molhadas uma nas outras fosse a coisa mais divertida que já tivessem feito na vida.
Em um breve momento de descuido, a menor crianças dentre o bando me acertou uma bola na camisa. Olhei avidamente para o garoto que correu para se esconder atrás de um jovem lavava roupas na beira do rio que ali tinha.
Deixei meu pai para trás, não dando ouvidos aos seus chamados. Caminhei até o jovem, que pareceu não notar o motivo da inquietação do garotinho.
– O que foi, Moon? - Passou a mão nos cabelos curtos do pequeno, afim de acalma-lo e verificar se não tinha nada de errado com ele. - Algum dos lobos maiores bateu em você? - Se mostrou preocupado, mas a criança se manteve quieta observando eu me aproximar. - Ah, se eu pego esses garotos travessos... Vão se ver comigo!
O menino que aparentemente se chamava "Moon" cutucou o ombro do loiro em sua frente, apontando para a minha figura logo em seguida.
O jovem direcionou o olhar para mim e, logo um misto de emoções tomaram conta do meu corpo. Mergulhei nos seus olhos azuis como o mar, sentindo o frio na barriga que muitos consideram ser borboletas no estômago. Era lindo, lindo mesmo!
Senti minhas pernas tremerem ao vê-lo se colocar de pé diante de mim. Não me portei como o alfa que deveria ser, já que a figura imponente na minha frente era apenas um jovem ômega que tocou minha alma de uma forma avassaladoramente sutil.
No embalo de todo aquele sentimento, não me contive em segurar uma de suas mãos e lhe fungar o canto do pescoço, que se encontrava suado e um pouco queimado de Sol, mas não deixava de exalar um aroma doce e encantador.
Quando menos esperei, o toque de sua palma veio em direção ao meu rosto, porém, não de uma forma delicada, mas sim como um tapa ardido e milhões de vezes mais marcante.
– Você sabe quem eu sou?! - Perguntei ao me afastar de seu corpo abruptamente.
– Sinceramente eu não me importo com quem você pensa que é, mas não saia cheirando o cangote de qualquer pessoa por aí, seu tarado! Que grande desrespeito, viu? - Fechou a cara, se virando de costas para mim e pegando Moon no colo, para então, se afastar dali como se nada tivesse acontecido.
Fiquei surpreso, pois nunca ninguém tinha me tratado com tamanha ousadia. Ele certamente não sabia quem eu era, mas também não me incomodei o suficiente para reportar desacato, na verdade, fiquei tentado em incomoda-lo mais um pouco.
Quando estava prestes a segui-lo, escuto a voz do meu pai me chamar distante. Ele parecia com pressa.
– Jungkook, meu filho! Se apresse em vir aqui cumprimentar o chefe da vila. - Puro fingimento. Aquele sorriso falso moldado em seu rosto, os braços abertos para me receber diante do chefe da vila. Tudo não passava de mentiras. - Park Seojun, este é o meu filho, Jeon Jungkook. - Enlaçou meus ombros em um abraço de lado, sorrindo grande.
– Olá, senhor Park. Muito prazer. - Estendi minha mão para cumprimentá-lo devidamente e, foi inesperado o momento em que ele me puxou para um abraço apertado, com direito a tapinhas nas costas e tudo mais.
– O prazer é todo meu, Alteza. Seu pai falava bem de você agora há pouco. Disse que você vai fazer um ótimo trabalho governando nossas terras quando sua vez chegar. - Seus olhos se fecharam ao esboçar um sorriso sincero, ainda segurando uma de minhas mãos com as suas duas.
– Eu pretendo deixar o povo e a minha família orgulhosos, senhor. - Respondi, mas não consegui manter meu sorriso por tanto tempo. Afinal, eu estava mentindo e, essa era uma das muitas coisas que eu odiava fazer. Meu pai não pretendia me passar o cargo tão cedo, pois gostaria de continuar extorquindo e manipulando o povo por muito mais tempo. Ele não passava de escória, com uma pose falsa e orgulho quase inabalável.
– Você será um bom lider, alfa. - Ele acertou em cheio a parte que tocava meu pai. Percebi quando seu olhar mudou da água pro vinho ao encarar o chefe.
Na sociedade, existe uma pirâmide onde os alfas estão no topo. Uma bobeira, digo desde já. Mas muitas das famílias tradicionais antigas mantém essa ideia até os dias de hoje.
Meu pai sofreu muito com isso, já que nacerá como um beta, o que deu "motivos" o suficiente para o meu avô não querer passar o cargo de Rei para ele. Mas não foi possível negá-lo tal posto, já que era filho único e a coroa só podia ser passada à um primogênito.
– Park! Infelizmente estamos com pressa, sinto em não poder me apresentar a sua família. Mande um abraço por mim. - Sorriu falso, me arrastando de volta para a carruagem.
Não pude me despedir dele e, nem sabia se teria a oportunidade de vê-lo novamente. Senti um vazio incômodo em meu peito ao perceber.
– Ele se arrependerá, logo não terá mais nada. Vou tomar suas terras e seu povo. - Adentrou a carruagem de forma bruta, fechando a porta com uma força desnecessária.
– O senhor sabe que ele não tem culpa, pai. Ele não sabe pelo que você passou, muito menos que se sentiria ofendido com isso. Tenho certeza que se soubesse, não ousaria falar. - Tentei acalma-lo, ação que não obteve êxito, pois ele continuou carrancudo e com certeza se remoendo de raiva.
– Eu não costumo ser rancoroso, Jungkook. Eu já planejava expúlsalos daqui antes desse acontecimento importuno. - Ele mentia, era tão rancoroso quanto mentiroso.
Eu tinha algo em mente, mas precisava da opinião da minha mãe antes de cometer qualquer maluquice.
Eu geralmente agia por impulso, deixando minhas emoções tomarem conta das minhas ações. Mas já estava na hora disso mudar. Eu precisava de uma mente calculista e forte psicológico para me manter onde eu queria chegar.
Tiraria meu pai do trono e me tornaria rei logo após o amanhã!
Continua...
🧌🫅🏻
Bom dia, boa tarde e boa noite.
Eu estava pensando em uma proposta diferente, mas eu acabei deixando tudo como está mesmo.
Como sempre eu não tenho a intenção de ofender ninguém, muito menos àqueles que usei para representar os personagens. Tudo aqui se trata de ficção, um cenário imaginário produzido pela minha mente.
Espero que tenham tido uma boa leitura, até mais 🤟💕
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O Grande Rei de Snowfall Jjk+Pjm
Fanfiction[EM ANDAMENTO] |Shortfic| Um homem recém coroado Rei e, um casamento às cegas. Será que o amor encontrará espaço na vida de Jeon Jungkook e Park Jimin? ¥ Capa feita por mim. ¥ Obra autoral, caso deseje fazer adaptações me chame no privado.