Minha mãe estava sentada na varanda frontal do castelo, observando a mata fechada que ficava em frente ao portão principal. Aquele parecia ser seu lugar de paz, quando não estava lá fora observando as borboletas voarem pelas flores do jardim.
– Mãe? - A chamei, mas ela pareceu não escutar. Estava perdida demais na paisagem. - Mãe?! - Tentei de novo, desta vez tocando seu ombro de maneira sutil.
– Ah, filho! Não te ouvi chegar, me desculpe... - Me olhou, sorrindo meiga, fechando aqueles olhos amendoados.
– Tudo bem. O que a senhora está fazendo aqui sozinha? - Perguntei ao me sentar em uma cadeira de balanço ao seu lado.
– Estava apenas relembrando os velhos tempos. Você se lembra de quando eu te levava até a mata para treinar caça? - Ela disse e, de repente uma onda notória de nostalgia atingiu-me, fazendo-me sorrir sem perceber ao direcionar o olhar para o horizonte. - Eu podia te carregar no colo e correr livremente pela terra. - Seu olhar parecia triste, mas ela segurou minha mão de uma forma acolhedora e com um sorriso sincero no rosto.
– Você quer me dizer alguma coisa, mãe? - Meu tom soava apreensivo, pois ela estava agindo de maneira estranha. Sempre foi carinhosa e agia com certa melancolia, mas algo em si parecia ter mudado. Coisas assim me preocupavam demais, pois o meu maior medo era perder a única coisa que importava na minha vida, ela...
Eu amava a minha mãe e, perdê-la, para mim, parecia ser algo inimaginável e inaceitável.
– Hoje parece um dia iluminado e, eu estava esperando você chegar para partir. Você é a coisa que eu mais amo no mundo, filho. Eu não suporto a ideia de te deixar, mas eu não consigo mais viver com a indiferença do seu pai. - Uma lágrima escorreu pela sua bochecha e, logo corri para secá-la com o meu polegar. Custava acreditar naquilo que estava escutando, mas parecia ser de extrema importância para ela que eu ouvisse com atenção, então assim fiz. - A doença já se alastrou por todo meu corpo e, meu lobo interno está prestes a falecer. Eu não gostaria de te deixar sozinho com o seu pai, então quero que me prometa que vai se cuidar e que não será submisso a ele. Não deixe que ninguém te diga o que fazer, pois apenas você determina o seu futuro. Faça o que achar melhor, eu confio em você.
– Não fale esse tipo de coisa, mãe, a senhora não vai me deixar. Não posso viver num mundo em que você não esteja lá para me apoiar. - A abracei com força, sentindo o toque leve de suas mãos em minhas costas. Meu peito se apertou ao ter seus dedos dedilhando meus fios de cabelo, como ela sempre fazia quando eu era pequeno.
– As pessoas não morrem no fim da vida, filho, mas sim quando são esquecidas. Contanto que você se lembre de mim, eu vou viver para sempre dentro do seu coração. - Se afastou para deixar um selo de despedida em minha testa, acariciando a lateral do meu rosto já banhado em lágrimas. - Você encontrará um companheiro, com quem se importará mais do que com a própria vida. Mas não se esqueça de também se preocupar com o povo. Torne-se aquilo que você nasceu para ser, Rei. - E como suas últimas palavras, ela deixou-me.
Me recusei a aceitar no início, negando deixar sua alma descansar, mas ao ver que seu corpo tinha ficado mais relaxado, percebi que estava na hora de deixá-la ir.
A peguei no colo e caminhei até o jardim, sentando no gramado e deixando seu corpo caído sobre o meu colo. As borboletas pareceram entender o que estava acontecendo, pois logo pousaram sobre o corpo da minha mãe e, continuaram dançando sobre nossas cabeças até meu choro findar.
Alguns empregados do castelo vieram perguntar o que tinha acontecido e, eu dizia que ela tinha partido, mas que não precisavam se preocupar, pois cuidaria de tudo.
Levei-a até a capela que contínhamos no terreno, onde havia uma cripta preparada para este momento. Pelo menos isso meu pai tinha se dado o trabalho de fazer pela minha mãe.
– Obrigado por tudo que fez por mim, mãe. Você jamais será esquecida. - Deixei um breve beijo em sua mão logo após deita-lá sobre uma seda macia e fechar o caixão dentro da cripta para que ela pudesse descansar em paz.
Caminhei abatido de volta para o castelo e, deixando meus sentimentos guardados para mais tarde, decidi alertar o meu pai.
– Pai? - O chamei, observando ele me ignorar enquanto continuava a folhear as pilhas de documentos que estavam postas sobre a sua mesa. - A mamãe partiu. Gostaria de dizer ao senhor para que ficasse ciente, caso decidisse notar a sua esposa alguma vez em cinco anos.
– Finalmente! Já estava na hora, a pobre coitada estava sofrendo. - Uma brasa tomou conta do meu corpo, me levando a bater as duas mãos com força em sua mesa, fazendo alguns papéis se deslocarem de um lado para o outro. Ele me olhou assustado, mas haviam tantas palavras que estavam entaladas na minha garganta e, eu já não podia mais segura-las.
– Se ela estava sofrendo, é por culpa sua! O senhor deveria saber que para a parte mais frágil de duas metades, é impossível viver sem a atenção da outra. - Ele se levantou, buscando ter alguma autoridade sobre mim, mas isso só me motivou a caminhar até ele e segura-lo pelo colarinho da camisa. - Você a esqueceu depois de ter adquirido a doença, como se não fizesse parte da sua vida. Me impressiona não tê-la expulsado do castelo, levando em conta as infelicidades que você faz.
– Quem você pensa que é, seu pirralho infeliz?! Tire suas patas de mim! - Tentou me afastar, mas sem sucesso.
– O seu passado reflete no presente, pai. Eu sei as coisas pelas quais o vovô te fez passar, mas isso deveria te motivar a ser diferente. E eu odeio que você tenha sofrido, mas você não pode fazer o mesmo com as outras pessoas. - Soltei-o, mas continuei mantendo uma pose imponente em sua frente. - Desista do trono e deixe que eu lidere a partir de agora, pai. Já está na hora de parar com toda essa situação trágica que você quer colocar o povo. Você não merece ser Rei, e sabe que eu falo a verdade.
– Eu jamais desistiria e deixaria o posto largado para que um insolente como você tome posse da coroa. - Me empurrou, fazendo-me encostar de maneira brusca na mesa de madeira para qual eu estava de costas.
– A coroa não é sua, pai. É do povo. E se eu falar sobre todas as suas tramóias e planos para colocá-los no chinelo, com certeza te farão largar o trono à força. Mas a questão agora, pai... - Acenei com a cabeça, colocando a mão sobre o seu ombro e apertando com força. - É você decidir se prefere entregar o cargo à mim de maneira pacífica ou se quer que eu use de outros métodos para tirá-lo de você?
– Eu vou conversar com o Sacerdote pela manhã. - Disse após ficar calado por algum tempo. E apesar de ter demorado alguns segundos para responder, ele cedeu mais rápido do que eu imaginava. O que de certa forma era suspeito.
Saí de sua sala com um sorriso satisfeito no rosto, feliz por ter feito algo que com certeza traria orgulho a minha mãe.
Jamais pensei enfrentar meu pai, mas não podia mais suportar suas manipulações e corrupção. Todas as suas ações já tinham ultrapassado o limite e, ninguém merecia sofrer apenas para que ele ficasse satisfeito.
Eu mudaria tudo, tornaria aquele país mais limpo, sem crimes e fome. Faria o possível para manter a paz no reino.
E por alguma razão, imaginei o rosto dele ao formular a palavra esperança em minha mente. Sua imagem me fez lembrar que precisava devolver a terra que os servidores do meu pai estavam prestes a roubar.
E eu precisava fazer isso agora.
Continua...
Opa! 🧌
Só um breve aviso: Os capítulos serão narrados inicialmente pelo Jungkook e logo mais pelo Jimin, mas se houverem mudanças durante o decorrer da estória e para que ninguém fique confuso, eu sempre vou avisar quem será o narrador no início do capítulo.
Será uma obra Abo, ou seja, haverão alfas, betas e ômegas.
Talvez também haja mpreg (universo onde é possível os homens gerarem uma criança e portarem útero)Espero que tenham tido uma boa leitura, até mais 🤟💕
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O Grande Rei de Snowfall Jjk+Pjm
Fanfiction[EM ANDAMENTO] |Shortfic| Um homem recém coroado Rei e, um casamento às cegas. Será que o amor encontrará espaço na vida de Jeon Jungkook e Park Jimin? ¥ Capa feita por mim. ¥ Obra autoral, caso deseje fazer adaptações me chame no privado.