O Grande Rei de Snowfall Jjk+Pjm

04

Eu estava cochilando sobre as pilhas de papel que estavam em cima da mesa, quando ouço a porta do meu escritório bater com força.

Alguém pareceu entrar apressadamente, mas eu estava tão avulso ao mundo exterior, que nem me dei o trabalho de erguer a cabeça para saber quem era.

– Que história é essa de casamento, primo?! - Ah, a doce voz de um ser humano irritado e faminto por uma resposta plausível às pressas.

– Jin-hyung! Bom te ver. - Me levantei para fazer uma reverência, mostrando respeito, já que ele era um pouco mais velho que eu. Não nego também ter a intenção de levar a conversa para outro rumo.

Ele estava vestido com roupas casuais, mas elegantes. Parecia cansado e, era o que as veias pulsantes e respiração ofegante queriam dizer.

– Não tente fugir desse assunto, Jungkook. Você sabe o tamanho da responsabilidade dentro de um casamento?! - Ele tinha um casaco sobretudo em mãos, mas logo jogou sobre a minha mesa. - Eu estava viajando, mas logo soube da notícia da sua coroação. E como se já não bastasse minha pressa para voltar e te parabenizar, ouvi murmúrios sobre um possível casamento entre você e o filho de um chefe de vila. Eu estou quase tendo um ataque cardíaco por sua causa!

– Hyung, eu sei que pode parecer loucura e, talvez você queira me bater depois que eu te disser isso, mas... - Pausei, pensando se realmente deveria ser honesto com ele.

– Mas?

– Eu não sabia o que fazer! O pai dele me ofereceu sua mão e, eu juro que de início neguei, mas ele me disse que não seria bem visto depois de rejeitado, então tive pena e aceitei. - O olhei, esperando uma reação mais agressiva, mas ele apenas se sentou em uma das poltronas que ficavam no canto da sala e pousou a mão na testa, a massageando devagar.

– Infelizmente isso ainda acontece muito por aí. Não posso dizer que você fez o certo, mas certamente ajudou aquele ômega. - Me olhou após algum tempo em silêncio. - Em muitos casos, os ômegas rejeitados por seus pretendentes são despejados pela família e comunidade sem hesitação da parte deles. É comum.

– Não devia ser! Eu vou levar isso como uma lição, hyung. Prometo que vou dar o meu melhor para mudar a situação dessas pessoas. - Cheguei perto dele e segurei suas mãos.

Talvez por também ser um ômega, meu primo não discutiu tanto comigo pelo assunto. Deu pra ver em seu rosto que ele simpatizava com os ômegas que sofriam ao serem tratados como meros objetos pela própria família.

– Vou acreditar em você, primo. Só não quero que se machuque ou fira os sentimentos dele. - Deu duas batidinhas em meu ombro esquerdo e se levantou, sendo acompanhado por mim. - Mas agora me conta, qual é o nome dele?! - Mudou da água pro vinho, se voltando para mim com um sorriso largo nos lábios.

– Sobre isso... - Cocei a nuca, evitando contato visual direto com ele. - Eu ainda não sei.

– Não sabe o nome do próprio noivo?! Que absurdo, Jungkook! - Ele veio até mim e me deu um tapa fraco na testa. - E quando vão se casar?

– Amanhã ao pôr do sol.

– Está tudo acontecendo rápido demais. Eu nem sabia que seu pai tinha largado mão da coroa para te passar o cargo e, agora você vai se casar. Estou emocionado! - Chegou mais perto, mas desta vez apenas me abraçou, acariciando meus cabelos.

Podia parecer estranho, mas eu sempre vi meu primo como figura paterna. Ele cuidou de mim quando criança, até eu completar a maioridade. Nos meus momentos mais difíceis, foi ele quem me apoiou e deu conselhos sobre o que fazer. Brincou comigo, me fazendo companhia quando me sentia solitário e até fazia o doce favorito da minha mãe para que pudéssemos comer pela tarde no jardim, juntamente com ela.