O Grande Rei de Snowfall Jjk+Pjm

8,5 - Jung Hoseok

Anos antes...

– Majestade, posso entrar? - Dong Chan adentrou o cômodo, pedindo permissão após já ter realizado tal feito.

– Estou tendo uma conversa séria com o meu filho, será que não vê? - O Rei lhe encarou com desprezo, revirando os olhos ao demonstrar seu tédio para com o homem. - Mas agora que entrou, diga o que quer...

– Há rumores de que um jovem será sacrificado na praça central da aldeia, meu Rei. Alguns dizem que ele é bruxo, mas não sei lhe afirmar. - Estava desesperado, pois parecia realmente querer salvar o rapaz.

– Não permito que façam execuções públicas sem o meu mandato! Impeça isso agora mesmo! - Parecia, mas não se importava com a vida daquele rapaz, apenas com a sua reputação diante da monarquia, que seria arruinada caso uma execução ocorresse sem sua autorização.

– Pai, se o senhor quiser eu posso cuidar disso. Prometo que os outros reinos não vão nem notar o que estava se passando lá. - Jungkook se apressou em levantar e assumir uma pose imponente, demonstrando responsabilidade e competência.

– Se algo der errado, vou botar a culpa em suas costas, garoto. Saiba disso... Irá sofrer as consequências. - Ameaçou o filho, mandando-o ir o mais rápido possível até a praça.

...

No centro da praça, um rapaz assustado estava amarrado em torno de uma tora grande de madeira de eucalipto, enquanto os moradores o taxavam de demônio e o incriminavam por feitos horrendos.

– O castigo que você vai receber é pouco comparado ao que merece, bruxo servo de Satã. - Uma mulher se preparava para atear fogo em um chumaço de palha que estava prensado em sua mão.

– Besta maligna, mistura espécies sem o consentimento de Deus. - Outro morador afoito estava se preparando para "castigar" o jovem.

– Por favor, vocês não entendem! Eu nasci assim, não posso fazer nada... - Chorou em prantos, esperando pela própria morte.

– Parem agora! - Jeon chegou em seu cavalo árabe, puxando o cabresto de maneira bruta, fazendo-o parar e deslizar os cascos na terra seca. - Apaguem já esse fogo e soltem o rapaz. Ordens do Rei.

Um brilho se formou nos olhos do homem que tentava se soltar sozinho, choramingando ao ter os pulsos e canelas queimadas pelo atrito entre a corda e sua pele.

– Não toquem em mim! - Berrou, quando os mesmos que tinham a intenção de mata-lo agora pouco, tentavam soltá-lo o mais rápido possível. - Já disse para ficarem longe!

– Deixem comigo. - O príncipe empurrou os aldeões, fazendo-os saírem dali. - Está tudo bem, eu vim salvar você... - Segurou o corpo bambo do rapaz, que quando foi solto quase foi ao chão.

– Obrigado, Alteza. - Chorou, abraçando o corpo firme em sua frente.

Não tinha palavras que pudessem expressar o quanto estava grato.
Temeu tanto por sua vida que já tinha perdido as esperanças, mas quando percebeu que podia ser salvo, apenas chorou de alegria e alívio.

– Não precisa me agradecer, apenas venha comigo para um lugar seguro. Parece que vai cair uma chuva forte. - Ajudou o outro a andar, levando-o até o seu cavalo.

Ambos os rapazes partiram em direção ao palácio, mas tiveram que se esconder em uma caverna próxima a floresta para que pudessem se abrigar e se esconder da chuva.

– E então, o que lhe aconteceu? Digo, por que os aldeões queriam te matar a todo custo? - Jungkook fez a pergunta, enquanto tentava acender uma fogueira com os gravetos menos úmidos daquele lugar.

– Aparentemente eu sou uma aberração para eles. Alguém que nasce meio alfa e meio ômega não é comum, não acha? - Se encolheu um pouco mais, abraçando seus joelhos conforme sentia o frio lhe alcançar. - As pessoa sentem medo do que é diferente e, não aceitam isso logo de cara. Meus pais sempre pediram para esconder meu verdadeiro eu, mas é tão difícil parecer ser quem você não é. - Uma lágrima desceu pela sua bochecha, trilhando um caminho até os seus lábios trêmulos. - E quando eles partiram, eu me vi sem rumo. Parecia que tinha perdido a última parte de mim. Do meu real eu.

– Estou começando a entender, continue...

– Foi quando eu comecei a sentir dores abdominais intensas, talvez por sempre ter reprimido e impedido meu cio com supressores fortes. Meus avós me levaram até um curandeiro e, ele viu que eu não era comum. - Pausou, ajeitando sua postura antes de continuar a falar. - Ele espalhou para aldeia toda que eu era um monstro, uma besta que residia em um corpo amaldiçoado. Para ele era impossível existir alguém que possuísse dois tipos de lúpus em seu cerne.

– E você não fugiu? - Olhou curioso para o rapaz, pulando pra traz quando a faísca que tentava fazer acontecer há algum tempo se alastrou por toda a palha espalhada sobre os gravetos. - Finalmente, consegui!

– Eu fugi daquela vila, mas ainda com ódio de mim mesmo. Busquei conhecimento sobre tudo que se relaciona com o nosso corpo, me tornando um sábio curandeiro. Tudo afim de encontrar a razão para eu ser assim. - Se aproximou da fogueira, soltando o ar pela boca e esfregando as mãos uma na outra. - Mas como pôde ver, continuei sendo perseguido.

– E você encontrou? O motivo. - Sentiu-se em uma biblioteca, cheio de dúvidas e com um livro ambulante humanoide para lhe responder todas elas.

– Na verdade, sim. É possível que os óvulos do meu pai ômega tenham sido fecundados por duas sementes e, que elas acabaram se fundindo em seu sistema reprodutor durante o processo de desenvolvimento do feto. - Riu da cara desentendida que Jeon fez, achando engraçado a maneira que ele se esforçava para tentar entender. - Vamos, nem é tão complicado assim.

– Dentre tudo que você falou, eu entendi apenas as palavras: pai, ômega e feto. - Riu junto do outro, se deitando no chão duro de pedras bem ao lado da fogueira. - Vou conversar com o meu pai, talvez ele te deixe ficar no palácio.

– Será que ele aceitaria de graça? - Também se deitou, com os olhos pesados de muito sono.

– Não sei. Mas se caso não deixar, você poderia trabalhar como Curandeiro Real. Nós ainda não temos o nosso próprio centro de cura, então aposto que meu pai ia adorar ter algo exclusivo. - Fechou os olhos aos poucos, ainda ouvindo tudo ao seu redor.

– Obrigado por tudo que está fazendo por mim, Alteza. Eu sempre serei grato ao senhor. - E assim, ambos os homens fecharam os olhos e se permitiram descansar até que a chuva cessasse.

Continua...

Espero que tenham tido uma boa leitura, até mais 🤟💕