Capítulo 2

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Olá, aqui é a Anna.
Como vocês estão?

Tenham uma boa leitura.

❄️

No dia seguinte, estou preocupado. O que vai acontecer? Vai acontecer alguma coisa? Ou será que o marquês muito sensatamente resolveu considerar nosso interlúdio roubado como mera aberração? Algo desprovido de consequências? Deve ser parte de sua criação de família nobre flertar sem pestanejar com subordinados para seu bel-prazer. Certamente não o verei nos próximos dias, e a limpeza, remoção do pó e polimento prosseguem sem incidentes. Eu trabalho alegremente junto ao restante da equipe, como se nada tivesse acontecido.

Mas daí, depois de um longo dia, quando todos os outros estão fora, tendo ido beber num pub, eu retorno ao meu quarto para me trocar e encontro um bilhetinho em meu capacho:

Sinto muito por termos sido tão rudemente interrompidos.

Dizem as letras manuscritas numa caligrafia trabalhada, quase vitoriana.

Gostaria de se juntar a mim na salinha de estar às sete horas hoje à noite? Sinto que há muito mais que poderíamos explorar para adiantar sua instrução e a busca por prazer mútuo.

E termina com uma única palavra.

Lan Wangji.

Lan Wangji? Quem é “Lan Wangji"?
Em seguida, eu me dei conta. Dã! O marquês é apenas uma pessoa normal, no mínimo.

Ele tem um nome.

Eu me pergunto se ele vai querer que eu o chame de “Lan Wangji". De alguma forma não parece certo, ou respeitoso. Principalmente em vista do que é praticamente infalível que façamos. Definitivamente vai ser “meu mestre” ou “Vossa Senhoria”, ou simplesmente soluços e gemidos de dor e prazer em quantidades equivalentes.

🍁

Às sete horas, estou olhando para a porta da salinha de estar. Meio que eu tinha em mente não abrir, tentar fingir que o que ocorreu além daquela chapa de carvalho nunca aconteceu. Mas fazer isso seria perder… bem… perder uma chance única.

Pode ser que eu nunca mais encontre um homem disposto a fazer as coisas que o marquês faz, e eu posso passar a vida fazendo sexo perfeitamente comum, perfeitamente satisfatório, mas ainda me perguntando como teria sido
experimentar o tipo extraordinário com tapinhas e jogos mentais desconhecidos.

Eu bato o mais firmemente que consigo à porta, e imediatamente aquela voz grave e nítida berra “Entre!” lá de dentro. Caramba, ele já soa como um professor severo convocando seu aluno atrasado.
Estremeço.

Mas não tem nada temível ou intimidante quando entro na sala fecho a porta atrás de mim. É aconchegante e acolhedora, com um fogo gostoso queimando na lareira para afastar o frio úmido fora de época. As cortinas grossas estão abertas e lâmpadas suaves emitem um brilho dourado amigável que favorece o mobiliário antigo e o deixa brilhando.

Ele favorece o marquês, também, mesmo que ele não precise. Ele é impressionante. Está todo vestido de preto de novo, como sempre. Jeans pretos apertados envolvem as pernas longas, bem como a musculatura esplêndida e esbelta das coxas e do bumbum.

Assim que ele se levanta das profundezas de uma das poltronas, imagino, por um segundo fugaz, que estou recebendo tapinhas!

O sangue toma minhas bochechas num rubor furioso, e eu vacilo. Uma enorme lufada de culpa me atinge só de pensar no assunto. Abro a boca, mas não consigo falar, e ele sorri para mim.

– Entre, Wuxian. Gostaria de uma bebida? – Noto que ele tem um copo com algo claro e gelado na mesinha ao lado de sua poltrona. Vodca? Água? Gin? Quem sabe…

Aprisionado - Wangxian Onde histórias criam vida. Descubra agora