Abrindo minhas safiras que estavam mais claras que nunca, continuo deitada esperando a alma voltar para o corpo ou coragem para enfrentar o dia. Inspiro profundamente e escuto algo quebrando. Mayla está na cozinha.
Sem muita animação, ando quase rastejando até o banheiro, retiro as roupas já preparando-me para tomar um banho na intenção que a falta de energia vá embora junto com a água que escorre pelo ralo. Após ter escolhido um short de moletom cinza e um top branco de lycra, atravesso o arco da porta para me encontrar com o mais novo furacão matinal. Os cabelos molhados secavam naturalmente após ter penteado e os óculos de grau estavam no rosto por causa da claridade.
Ter olhos claros não é tão perfeito quanto imaginam.
— Bom dia. — Murmuro abrindo a geladeira
— Aí amiga, um belo dia! Um ótimo dia! — Diz alegremente — Fiz panquecas, quer?
— Não como isso de manhã... é muita massa...
— Sabia que iria querer — Serve meu prato ignorando minha renúncia — Senta, preciso te contar uma coisa.
Ainda com a cara fechada, seguro a louça empurrada contra minha vontade. Admito, o cheiro estava maravilhoso e por isso acabo cedendo a sua insistência em provar a massa. Ergo as sobrancelhas com admiração ao ver que realmente estavam boas.
— Eu consegui o dinheiro para pagar o aluguel.
— Há? Como assim? — Pauso a degustação e prossigo — O entregador te pagou por ontem?
— O que? Eu não faço programa! — Diz ofendida.
— Foi ironia — Alerto vendo que ela iria se chatear por não ter entendido — Anda, desembucha!
— Então, consegui o dinheiro.... Com um agiota — sussurra a última parte.
— Oi? — A panqueca acaba entrando pelo lugar errado, me fazendo engasgar — Você fez o quê? — Minha face começa a ficar vermelha acompanhada de uma tosse que incentivo para tentar não morrer sufocada.
— Puta que pariu Clara... — Mayla corre até mim –– Levanta os braços!
Bebo o suco de laranja que estava no balcão e consigo empurrar a massa estagnada em minha traqueia. Que panqueca do mal... Depois de conseguir regular a respiração, volto a sentar, afastando o prato. Não vou querer passar perto da morte de novo.
— Está bem? Que susto me deu!
— Como fez isso em? — Ignoro sua preocupação
— Um anúncio apareceu para mim no Instagram.
— Eu não sei porque não pensou que pudesse ser vírus... — Agracio minha garganta com outro gole — Ainda estou esperando algo me acordar porque isso não pode ser real.
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Minha Fixação | DEGUSTAÇÃO
Romance|SINOPSE| O que fazer quando a atração se torna algo incontrolável? Quando somente observar não é suficiente chegando ao ponto de reivindicar uma pessoa para si, marcando-a de todas as formas possíveis para que ela não escape, não saia de perto. Mas...