Capítulo 3 - Pesadelo

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           Lulu se viu em um campo aberto, as colinas eram gramadas e o céu completamente sem nuvens, a coloração parecia uma lembrança, mas definitivamente não era já que a garota nunca esteve ali, nunca saiu de dentro da creche. 

            Assemelhava-se a um desenho feito por uma criança, feito por ela mesma, por isso era tão familiar. Aquele lugar não tinha som e nem vento, era formado apenas por morros e grama, mas ao mesmo tempo era tão vazio... A garota se sentia confusa enquanto observava ao seu redor de joelhos sobre a grama de giz de cera, o ar não possuía oxigênio e devido a isso não era possível respirar, ela se sentia sufocada e perdida em um mundo desconhecido onde o tempo parou de correr. 

              O som de um toque de um telefone fixo ecoou por todos os cantos daquela pequena clareira sem árvores, a garota virou-se para trás e deparou-se com um homem bem alto, ele vestia-se como um mordomo, seu terno era em tons de branco e preto o que causa um grande contraste em relação ao ambiente em volta, ele não tinha rosto, já que não era possível ver nada acima do seu pescoço, era como se Lulu estivesse em uma folha de desenho. O homem segurava uma bandeja de alumínio circular, e sobre ela repousava um telefone de fio bem antigo que estava tocando incessantemente. 

- Quem é você? - A garota questionou enquanto tentava observar o rosto do homem, em uma falha tentativa de olhar além da folha de papel. Ela não obteve uma resposta, ele não parecia falar nada e nem demonstrar interesse nisso, sua função era apenas segurar o telefone.

          A garota começou a ouvir barulhos ao seu redor, eram vozes que pareciam estar tão distantes quanto as nuvens que deixaram os céus vazios. Eles não estavam vindo de dentro do papel e muito menos daquele local, pareciam estar muito além de uma folha, além da capacidade humana de audição. 

        O telefone permanece a tocar novamente e a garota começando a se incomodar com aquele barulho irritante, então atendeu a ligação.

- Ela está pronta? - Uma voz masculina e idosa disse, assemelhavam-se as mesmas vozes que ela escutara anteriormente, as mesmas que estavam além do desenho, mas agora ficaram mais próximas do que nunca. 

- Sim, o gás acabou fazendo efeito mais rápido do que o esperado. - Outra voz masculina respondeu, esta parecia ser um pouco mais jovem.

- E os outros? Para onde os levou? 

- Estão nas salas ao lado, os médicos já deram início a cirurgia. 

- E o que estamos esperando?! - A voz mais idosa respondeu, em um tom de ignorância e insatisfação, era nítido de que algo estava errado. 

- A doutora está atrasada. 

- Onde ela está?! 

- Não sabemos, ela apenas não compareceu. 

- Qual o nome dela? - Uma respiração profunda foi emitida, ele parecia estar muito estressado, mas conseguiu se acalmar. Em seguida, o som de uma porta sendo aberta com muita força e pressa ecoou, enquanto passos puderam ser escutados. 

- Desculpe interrompe-los mas é uma emergência. - Uma voz feminina um pouco assustada pronunciou. 

- O que ouve? - O homem mais jovem disse.

- Qual é o problema agora? - O homem mais velho respondeu com ignorância. 

- A Doutora Evelyn acabou de cair do quarto andar. - A mulher disse, enquanto a ligação foi cortada no mesmo instante. 

        Lulu não entendia o que acabou de acontecer, porque sua tutora caiu do segundo andar? Porque estavam falando de algum tipo de gás? Essas perguntas começaram a percorrer sua mente enquanto ela lentamente afastou o telefone da sua orelha e colocou de volta na bandeja. Virou-se para frente, observou aquele amplo e vazio céu, e quando se deu conta o mordomo desapareceu. 

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