Bato a porta da caminhonete indo para a parte de trás verificar se tudo já estava pronto.
— Podemos ir?
— Ainda faltam algumas coisas Jackson... — ela hesita. — Tem certeza de que isso fará bem à Emy?
— Na verdade não Karen... — lhe respondo. — Mas precisamos começar de algum lugar.
— Sabe... você era a última pessoa que eu pensaria que pudesse fazer algo assim... por ela... — ela hesita, procurando dizer o que pretende da maneira correta.
— Tipo o ex arqui-inimigo dela? — digo sorrindo brincalhão. — Não sei o que me faz pensar assim agora... mas não pretendo ser o que era antes, não para ela.
— É... parece que milagres acontecem mesmo. — ela sorri e balança a cabeça em concordância.
— Podemos ir? Já terminamos de colocar a última caixa no carro da Emy. — Mary diz empolgada e Sophia ao seu lado parece estar cansada.
— Claro, depois de tudo isso se ainda tivesse mais alguma coisa para carregar eu cairia nesse chão aqui e não levantaria tão cedo. — a garota diz recuperando a fôlego aos poucos.
— Isso se chama sedentarismo Sophia. Talvez devesse sair mais, ou até se exercitar de vez em quando. — Karen diz rindo da amiga e brinca com a mesma.
— Talvez eu leve você para se exercitar de vez em quando sua palhaça. — ele semicerra os olhos para a mais baixa e elas riem.
Emy estava em seu carro arrumando algumas coisas no banco de trás, talvez nem estivesse nos ouvindo mesmo que à poucos metros de nós. Vou até a mesma verificar se tudo já estava pronto, ou talvez...
— E então? — me encosto na traseira de seu carro, ao lado da mesma arrumando as coisas.
— Só estava guardando algumas coisas... acabei bagunçando tudo enquanto verificava se estava tudo aqui. — seu semblante era para baixo, ela não olhou para mim, mas seu tom de voz estava cada vez mais distante.
Essa não era a Emy que eu conhecia... alegre, cheia de vida, amiga de todos e sempre disposta a se meter em uma briga para defender seus queridos, sempre disposta à abrir mão de seu orgulho para ver uma amizade nascer, como a nossa...
Ela poderia ter tentado pensar em algo, ou em milhões de desculpas para ficar ali sozinha e fingir que estava arrumando as coisas... mas não me faria acreditar, não me faria mudar de ideia sobre elas estar sendo vaga e ficando longe de perguntas e lamentações sobre seu estado atual, ainda mais quando todos querem vê-la bem de novo, sempre terá quem diga e choramingue lamúrias por suas perdas e suas derrotas até então, que para ela, é como se fosse uma batalha a ser travada, e ela não se contentaria em perder, a Emy que eu conheço não se contentaria em perder sem lutar. E eu não abriria mão de perdê-la, não abriria mão de trazer nossa Emy de volta sem lutar.
— Sabe que não me engana com suas desculpas não é? — sou bem humorado.
— Acredite, não tenho forças nem para tentar te enganar, pois sei que seria perca de tempo. — ela me olha agora, para do de fazer o que fazia com tanta desanimação.
— Sim, eu sei, mas essa é a questão, não está fazendo nem esforço de me enganar, pois você mesma acredita no que está dizendo... está enganando à si mesma tentando deixar essa dor dentro de você reprimida, em algum lugar onde uma hora ou outra você vai se encontrar com ela de novo e será horrível, sempre será... — à encaro, agora de frente, olho em seu rosto sem me desviar para qualquer outro lugar.
— E o que quer que eu faça? Chore horrores e lamente sempre por ter tido que ficar aqui de braços cruzados? Sem saber ao menos por onde começar? Sendo fraca em não conseguir superar? Talvez eu nunca supere Jackson é isso muda o fato das coisas, eu não posso mais ser aquela mesma garota, eu não consigo. — seus olhos marejavam, ela reprimia e impedia toda lágrima que quisesse cair, nenhuma gota se quer caiu, e ela permaneceu fechada, sem brilho algum, em nenhum lugar que fosse nela...
— Não posso impedir que tome suas próprias decisões, mas não posso deixar que se machuque ainda mais fazendo isso. Reprimir essa dor não ajudará a suportar, você poderá pensar que estará bem, mas assim que surgir uma oportunidade ela se fará presente como se nunca tivesse saído, poderá enganar a si mesma quando disser aos outros que estará superando ou que superou, mas ela nunca irá embora, apenas um gatilho... para tudo desmoronar de novo... chorar não te tornará mais fraca, mas forte, te fará superar tudo que precisa ainda mais rápido do que imagina, não precisa mostrar aos outros que está mau, mas precisa ter um momento em que desconte toda sua dor, para que ela seja eliminada, pouco à pouco... ela pode não ir definitivamente por inteiro, mas sempre terá alguém ao seu lado para lhe fazer companhia, nunca estará sozinha, sempre poderá contar com alguém... — me aproximo da mesma e à cada passo que dou, sinto que irei desmoronar por vê-la assim... à alguns meses não me importaria de ela estar nesta situação, não precisaria me preocupar... mas me sinto obrigado, quase como se fosse de minha natureza... eu não entendo...
— Foi isso que fez? — novamente, ela se recusa a chorar, prendendo com todas as suas forças, as lágrimas que se forçavam a querer escorrer. — Eliminou toda sua dor? Se sente mais leve? Seus problemas não acabaram Jackson, você está apenas adiando ter que enfrentá-los. Não me diga para ser forte... porque você sabe exatamente o que estou sentindo, sabe exatamente como dói, ver tudo desmoronar e não poder fazer nada... não conseguir achar uma solução... e agora o que? Vamos fugir dessa realidade como se estivéssemos indo fazer uma excursão? Uma viagem de última hora? Para que? Apenas para adiar as coisas... tudo sempre será para fugir dos problemas, procurar um refúgio quando as coisas ficam ruins... é sempre assim, e você sabe disso... — apenas a escuto dizer com rancor, tudo que fosse verdade, tudo que é... mas ainda sim não me contento em vê-la desmoronar, esse papel não é o dela, não é o papel dela desmoronar, mas se levantar e ver tudo por um lado positivo... essa não é ela...
Emy é interrompida pelo barulho da moto de Gregor, acompanhado pelo carro de Gilbert, e Peter no carona. Eles vêm ao nosso encontro quando saímos todos de nossos lugares para falar com eles.
— Tudo pronto? — Gilbert pergunta.
— Pelo visto sim. — Gregor nos encara sorrindo descaradamente.
— Sim. Está. Estávamos apenas esperando por vocês. — digo lhe lançando um olhar mortal.
— E então? O que estamos esperando? — Peter em pé ainda apoiado na parte de dentro da porta do carro, diz e nos entreolhamos. Vamos para nossos carros e motos e partimos. Para um lugar distante, mas não tão distante assim...
A Casa no resort da família Ryan Banne. Ou seja, minha casa no resort. Lugar que só é frequentado ou.... como posso dizer? Ocupado? É... isso aí. Não é ocupado à sei lá... anos, talvez.
Minha família, apesar de possuir muitas propriedades em seu nome, não é muito de esbanjar valores e "riquezas" vamos se dizer assim. Apesar de eu achar isso uma tolice. Também não se incomodaram em nos permitir ficar por aqui pelo tempo que fosse, então... por que não aproveitar?
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Deliberados | PAUSADA
Mystery / ThrillerEmy é uma garota determinada e gentil, seu amor pela família e por seus amigos é algo imensurável. Quando a vida de nossa protagonista perfeita vira de cabeça para baixo, ela percebe que precisa ser mais do que a garota adolescente perfeita do ensin...