C a p í t u l o 04

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Esse é um capítulo escrito a muitos meses, apenas fiz correções pontuais. Obrigada a todos que ainda estão aqui! As falas em itálico são em português.

A Y L A   S A N T O S

- Quem diabos escreveu isso? Nem faz sentido. - A voz estridente e revoltada quase estoura meus tímpanos.

- Fazer, até faz, mas me senti ofendida. Qual o problema com minhas gordurinhas a mais? E qual é o problema de gostar de comer e apreciar doces todos os dias? Qua...

Uma mão notavelmente branca e grande, até demais para ser de Julie, descansa confortavelmente em meu joelho. Olho para baixo, levantando as sobrancelhas, questionando por que esse energúmeno está virado para trás e me tocando.

- Nenhum problema, ratinha! Está perfeita assim! - Olho para o intruso , tentando fazer a maior cara de desinteresse possível.

- Vindo de alguém com seu péssimo gosto, devo estar terrível então! Muito obrigada por me deixar mais insegura! - Com toda a maturidade que me resta, chuto sua cadeira. - Vire-se para frente, a palestrante não está atrás de você.

- Isso é ciúmes? - Aperta minha perna, fazendo uma espécie de carinho. - Sabe que sou todo seu.

Seus amigos riem junto a Julie enquanto o fuzilo, ele apenas balança a cabeça e se vira, mas não sem antes pegar no meu pé e me dar um puxão, quase me fazendo deslizar pela cadeira e cair, felizmente tenho um reflexo que, digo assim de passagem e de forma humilde, é muito bom.

- Filho de uma grande puta!

- Ofendendo a sogra?

Arregalo meus olhos desacreditada, como assim? Sem saber como reagir à minha mais recente e vergonhosa descoberta. Esse filha da puta entende português? Olho para Julie buscando uma explicação plausível, chocada demais para falar algo.

Meu Deus, e todas as vezes que o xinguei em sua frente? E quando falei mal dele para Lucas, com ele sentado atrás de mim? E quando gritei que o irmão dele "gosta de homens" e por isso é tão homofóbico?

Isso significa que talvez ele tenha pegado pesado comigo por isso? Ou tal...

- Fecha a boca se não vai entrar mosca. - Julie exagera. - Boa tarde pra você também! - Encara algo atrás de mim e me viro, vendo um cara com olheiras e cabelo molhado.

Me lembra vagamente o mendigo que fica aos redores da faculdade, mas esse daqui é um pouco mais jovem.

- Bom dia. Da próxima vez que falarem "não vai fazer tanto frio" - Faz aspas exageradas - eu faço as duas saírem vestidas só de shorts e blusa.

Meus pensamentos são abruptamente interrompidos pela presença de Lucas, o nerd de óculos gostosão e meu único amigo brasileiro aqui.

- Não generalize, meu querido. Eu falei que iria fazer frio, essa aqui quem disse ser tranquilo! - Retiro meu casaco quase preferido, ao qual tem um discreto logotipo e o nome da universidade bordado.

- Agora prestem atenção na aula. Eu quero saber como fazer cookie de brócolis. Bando de maritaca. - Usa minhas palavras contra mim, enquanto examino a nossa frente as manchas coloridas na lousa que passam despercebidas por grande parte da turma. Deve ter sentido pra quem está prestando atenção.

Olho para ela e, em um gesto nada teatral, coloco um dedo dentro da boca, sinalizando um vômito. Julie revira os olhos e como resposta dá um tapa estralado no meu braço.

- Como foi o jogo de ontem? - Me viro deitando minha cabeça no ombro de Lucas, que se arrepia com minha proximidade. - Apaixona não bebê! Só não consegui ir por conta da preguiça. Sinto muito, do fundo do meu coração por esse vacilo. - Encolho meus ombros e pisco loucamente, tentando parecer doce. Ele faz uma cara de nojo.

- Tá parecendo uma maluca, ainda mais perto desse jeito. Inclusive, sua inimizade ali foi quase expulsa, e olha que estamos falando do esporte que apenas bater não dá em nada. O outro jogador saiu direto pro hospital.

- Cara, com todo respeito, mas não quero saber nada desse ser. E aí, ganharam?

- Ganhamos. Não quer saber mesmo com quem foi a briga?

- Eu não, não sou amiga de nenhum dos envolvidos mesmo, e se conhecer algum não vou lembrar. Essas brigas são muito sem sal, se fosse briga das líderes de torcida ou do clube de xadrez, com certeza eu iria querer saber. Tipo assim, por quê senhores em corpo de jovens adultos brigaram? Ou das...

- Ele brigou com o Adrian. Não sei o motivo, já que estava no banco, mas sei que ele falou algo que Damon não gostou. O juiz e outros caras tiveram que segurá-lo. - Fico em silêncio por um tempo analisando suas palavras que contém um tom a mais, sentindo meu coração começar a dar pequenas pontadas e aumentar o ritmo, só de escutar esse nome meu corpo fica em alerta. Maldito Adrian e maldita universidade Sampo. - Só conheço uma coisa, melhor dizendo, alguém, que pode deixá-lo fora de si assim...

- E precisa de motivo? Só a existência dessa peste bubônica já é motivo de desgosto a todos, até mesmo para os padrões prá-sal do diabo.

- Você não tem jeito. Antonie não te procurou mais? - Balanço a cabeça que não, sem vontade alguma de falar, a conversa tendo me deixado desinteressada pelo rumo tomado. - Se te procurar, não esconda novamente. Sei que odeia isso, mas se o time te ver envolvida com alguém do daquela universidade, eles não terão dó de você, principalmente Damon, ele vai acabar com você dessa vez. Ele só está assim agora pois chegamos na semifinal, não se iluda, não quero te ver machucada novamente.

Apenas concordo com a cabeça e me ajeito na cadeira, mostrando que não quero dar continuidade no assunto. Lucas apenas suspira ao meu lado e faz o mesmo. Fecho meus olhos tentando dormir para passar um tempo dessa palestra chata que sequer sei o assunto no momento, mas minha paz não dura muito, já que sinto uma pressão aumentar em meu pé, e só então lembro que estou com parte dele apoiado confortavelmente na cadeira do traste, que está com o braço em cima dele, como se fôssemos íntimos e essa a coisa mais normal do mundo.

Retiro meu pé rapidamente, fazendo seu cotovelo bater com tudo no ferro. Ele me olha como se quisesse me matar, mas não fala nada, apenas se vira novamente.

Sinto meu celular vibrar em meu bolso, quando o pego vejo o nome A.Q. 117 brilhar na tela, encaro por um momento esperando ser apenas minha miopia falando alto.

- Não atenda.

Deslizo o dedo pelo botão verde, já me levantando da minha cadeira para sair da sala. De forma alguma posso falar com ele aqui dentro, se Damon souber, eu estou morta nesse lugar, tanto para os alunos ou professores.

- Achei que não fosse atender Ay. Faz um tempo que não aparece na cafeteria, aconteceu algo?

Não posso conter o suspiro involuntário que sai, realmente estar interessada por Antonie não é inteligente, principalmente quando ele se tornou o inimigo mortal de D'Angelo há dois meses. Maldita festa!

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⏰ Última atualização: Jul 27 ⏰

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Arbitrário - Damon D'AngeloOnde histórias criam vida. Descubra agora