Havia esfriado bastante e já começava a cair uma neve fininha quando Harry e Hermione deixaram a pizzaria.- Se isto virar uma tempestade, acho que amanhã vou pegar um táxi para ir ao escritório -ela comentou ao entrarem no carro. - Veja! O pára-brisa está coberto de gelo, Harry! - E pelo jeito o tempo vai piorar bastante. Não é bom mesmo que dirija se continuar assim. Posso pegá-la amanhã cedo em seu apartamento, se quiser.- Oh não, Harry, não será preciso. É muito trabalho, além disso um táxi não sai tão caro assim .- Mas não terei que desviar muito do meu caminho. - Onde você mora?- Nichols Hills. Na parte mais rica e cobiçada da cidade, eu já devia ter imaginado. E com certeza numa daquelas mansões imensas onde devia sentir-se terrivelmente solitário.- É. De fato não é tão longe do meu apartamento - admitiu com certa pena dele. - Acho que vou aceitar, então. Obrigada desde já e prometo que não vou me atrasar, Harry.A última preocupação de Harry naquele momento era que ela se atrasasse. Na verdade seu pensamento já estava nas duas semanas seguintes que antecediam o Natal.Durante o percurso até seu apartamento Hermione não parou de falar .Somente quando desceram do carro constatou o quanto desejava prolongar um pouco mais aquela noite. Nunca imaginara encontrar em Harry uma companhia tão agradável. A maioria dos homens já teria tentado seduzi-Ia lá mesmo na pizzaria. Era um alívio para ela não ter de ficar o tempo todo esquivando-se de convites para ir para a cama.- Quer entrar um instante, Harry? - Convidou-o ao tirar a chave da bolsa.- Não acha um pouco tarde? Não quero...- Que nada, é cedo ainda. - Abriu a porta olhando para ele por cima do ombro. - E depois, Gina não precisa ficar sabendo, precisa?- Gina...? Não, é claro que ela não vai saber.- E então?Harry deu de ombros.- Está certo. Já que você insiste.A temperatura dentro do apartamento era de verão comparada ao frio que fazia lá fora. Assim que entraram os dois se livraram dos agasalhos, que Hermione guardou num pequeno armário no fundo da sala.- Que tal irmos à cozinha preparar um chocolate quente, Harry?- Acho uma ótima idéia. -Harry aceitava qualquer sugestão desde que o prendesse por mais tempo ali com Hermione.A cozinha era conjugada a uma pequena copa onde havia uma mesa e quatro banquetas. Copa e cozinha eram muito pequenas. Mal dava para circular uma:pessoa. Harry sentou-se num dos banquinhos e ficou observando enquanto Hermione transitava de um lado para o outro. Era a primeira vez que a via de calças compridas, mas achou-a tão feminina quanto de saia.- Seu apartamento é muito agradável, Hermione.- Sei que é pequeno, mas, como moro sozinha, isso não tem importância. Quando quero dar um jantar para diversas pessoas ou uma festa, minha mãe me empresta a casa onde mora.- Seus pais também moram aqui, quero dizer, na cidade de Oklahoma?- Minha mãe mora a alguns quarteirões apenas de mim. Quanto a meu pai, se encontra do outro lado do oceano. Na França, acho. Ele sempre se muda de um país para outro. - Hermione misturou o chocolate ao leite que começava a ferver. - E seus pais? Moram longe?- Na Califórnia, no momento. Minha mãe está com um problema nos pulmões e precisa de um clima mais quente.- É uma pena. De qualquer forma, talvez eles gostem de morar lá, não é mesmo? - Não. Minha mãe voltaria a Boston hoje mesmo se a saúde dela permitisse. Acha a Califórnia livre demais. E o mesmo pensa de Oklahoma.O chocolate ficou pronto. Hermione encheu duas xícaras, colocou dois pedaços de marshmallow dentro de cada uma e levou-as para a mesa.- Por que veio morar em Oklahoma se sua mãe é de Boston, Harry? - indagou, sentando-se ao lado dele.- Obrigado. - Harry segurou a caneca com ambas as mãos como se quisesse aquecê-las. - Meu pai nasceu aqui em Oklahoma. Mas foi estudar na Nova Inglaterra e lá conheceu minha mãe. Casaram-se e vieram para cá. Meu pai investia em petróleo na época em que era abundante nesta região.- Entendo. E você? Por que escolheu o ramo de seguros?- Não foi planejado. Eu havia acabado de sair da faculdade quando surgiu a chance de eu trabalhar na Sooner Fidelity. Antes disso pretendia ser auditor.Hermione o fitou pensativa enquanto mexia o chocolate com uma colher.- Uma bela diferença, não?- Nem tanto. No final qualquer trabalho acaba em números. - Harry pegou a colher que Hermione acabara de lhe colocar ao lado da caneca. - Esta colher tem alguma função específica? Quero dizer, será que devo fazer alguma coisa com ela que não estou sabendo?Hermione começou a rir.- É claro que tem uma função, Harry. Você a usa para espremer marshmallow e misturá-lo com o leite.Harry a fitou desconfiado.- É mesmo?- Sua mãe nunca fez chocolate quente com marshmallow para você, Harry?Ele pegou a colher , afundou um dos pedaços de marshmallow dentro do leite e deu de ombros.- Acho que não tive a oportunidade de aprender a arte de se tomar chocolate quente.Entre outras coisas, Hermione pensou com tristeza enquanto Harry saboreava a bebida. Bem, pelo menos nesse ponto ela não podia se queixar .Havia aprendido muito com seus pais. Não só o que era importante e sério, mas também pequenas coisas que davam um sabor divertido à vida. O divórcio deles a havia deixado muito deprimida. Mesmo depois de tanto tempo não conseguia aceitar o fato de o pai ter ido morar do outro lado do mundo e deixado a mãe sozinha. Ela procurou sorrir para Harry.- Tenho certeza de que há muitas coisas em sua vida que nunca experimentei, Harry. Por exemplo, nunca fui a Nova Inglaterra.- É apenas um outro lugar dos Estados Unidos. - Não concordo. A Nova Inglaterra tem uma história riquíssima.Harry a fitou surpreso.- Interessa-se por História?- Muito. - Ela sorriu. - Na verdade eu pretendia ser professora de História.- E por que desistiu? - Coisas da vida.- Seria muita indiscrição perguntar que coisas são essas?Hermione o fitou por alguns instantes antes de responder. Talvez ele fosse a única pessoa com quem não se importaria de tocar no assunto.- É claro que não. Não continuei meus estudos porque meus pais se separaram quando eu tinha dezoito anos. Foi uma fase terrível da minha vida. Não consegui continuar morando em casa e enfrentar todas as mudanças. Também ficou difícil trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Dois anos depois achei melhor desistir da História e dedicar-me ao trabalho. - Compreendo... - Bem, o que achou do chocolate? Não cozinho tão mal assim, cozinho?Harry ajeitou os óculos sobre o nariz e sorriu.- Está delicioso.- Obrigada. - Só espero que minhas aulas também sejam tão boas quanto. - Aulas?- Você e Gina, já se esqueceu? Mas tenho de confessar que nunca ajudei um homem a laçar uma mulher antes. Ensinei algumas amigas como conquistar um namorado, é verdade, e espero que minhas táticas funcionem no sentido inverso.O rosto de Harry ficou vermelho como um pimentão.- O que houve? Eu disse alguma coisa que não devia?- Não, não, é que... que esta situação toda é tão embaraçosa. Deve estar pensando que sou maluco em pedir este tipo de ajuda a você.- De forma alguma - Hermione alcançou a mão dele sobre a mesa. - Se um maior número de homens fosse honesto como você, provavelmente haveria menos desentendimentos, menos divórcios e menos corações partidos.Harry corou ainda mais.- Honesto como eu?- Sim. Que outro homem teria coragem de confessar que não sabe como conquistar uma garota? Não acho você maluco, Harry, e, sim, admiro sua sinceridade.Sincero, ele? Harry engoliu em seco. Céus! Se Hermione soubesse!- É que sempre fui muito tímido. Aos quinze anos eu me sentia o próprio conquistador. Mas na hora "H", as palavras sumiam do meu cérebro.- Todos enfrentamos problemas desse tipo na adolescência. Você não foi o único. Vai ver como assim que Gina chegar não se sentirá nem um pouco tímido.- Talvez. - Ele tomou um gole do chocolate. - Nunca havia surgido um interesse tão grande até eu... antes de Gina. Ela me faz desejar ser um daqueles atletas machões que sabem como conquistar uma mulher. Ser ousado, saber flertar, dizer coisas bonitas. Você me entende, não?Puxa! Ele devia ser mesmo louco pela tal Gina. Hermione não podia citar um só de seus fãs que mostrasse um terço daquele interesse por ela. Eram sempre tão convencidos e arrogantes. Os próprios machões. Seriam bem mais agradáveis se se parecessem com seu chefe.- Nem todas as mulheres são tão obcecadas assim por super machões, Harry.- Gina é - Harry afirmou com convicção. - Andava sempre rodeada de atletas musculosos - lembrou com certa mágoa.- Como pode ter tanta certeza assim? Algumas mulheres dizem uma coisa, mas sentem outra completamente diferente.Que as feministas não a ouvissem, Hermione pensou. Era traição seguir tal linha de pensamento, mas naquele instante tornava-se crucial deixá-lo seguro. - Mas sei que Gina gosta desse tipo de homem - Harry insistiu. - Ela está sempre... quero dizer, o irmão dela me disse que Gina sai com atletas freqüentemente. - Está bem. Mas o que o faz pensar que não é o tipo de Gina? Ela já lhe falou?Harry arregalou os olhos.- Não sou cego, Hermione. Sei que não pareço nem um pouco com os homens que... que você conhece, por exemplo. Ele tinha um ar tão pessimista que ela resolveu examiná-lo atentamente. De fato, não estava diante de nenhum Rambo. Ainda bem! Agradava-lhe muito mais os braços fortes de Harry, seus ombros largos e o corpo bem proporcionado. Tinha certeza de que, se pudesse vê-lo sem roupa, não se decepcionaria nem um pouco. "Hermione do céu! Que diabos está dando em você?" ela se recriminou em pensamentos. "Vem trabalhando com o homem há dois anos e nunca se dignara a olhá-lo duas vezes. Agora, de uma hora para a outra, quer tirar-lhe a roupa?!" - O tipo que está imaginando não passa de um mito, de uma força de expressão, Harry. - Tranqüilizou-o. - Tudo o que você precisa é... - De repente ela se levantou e chegou bem perto dele. - Tem mesmo que usar esses óculos? Harry ia responder que sim, mas não deu tempo. Ela já os havia tirado e olhava para ele com uma expressão atônita. - Harry! Que olhos mais lindos você tem!- Mas não consigo enxergar um palmo diante do nariz sem meus óculos, Hermione!Quanto a isso dariam um jeito, ela pensou olhando para o par de olhos verdes mais espetaculares que já vira. Nunca imaginara que seu chefe ficasse tão sexy sem os óculos!- Amanhã mesmo vamos tratar de conseguir lentes de contato para você!- Lentes de contato! - Ele a fitou indignado. - Isto já está indo longe demais, Hermione!- Pensei que estivesse disposto a fazer qualquer sacrifício para conquistar aquela mulher.- Sim, sem dúvida. Mas ao menos tenho que enxergar, não acha? Hermione lançou-lhe um de seus sorrisos provocantes. - Gina vai achá-lo muito sexy. Ele a fitou confuso.- Acha mesmo que faz tanta diferença assim?- Vai operar milagres, eu lhe garanto! Nunca nenhuma mulher lhe disse que tem olhos lindíssimos? Por que os esconde?- Escondo? ! Se uso óculos é para enxergar, mais nada.Com certa relutância, Hermione colocou os óculos de volta sobre o nariz dele. Seus dedos lhe tocaram a face e ela notou que Harry a fitava de um jeito estranho.- Concordo que é importante enxergar - disse retirando a mão rapidamente. - Mas no seu caso, em particular, é preciso pensar em Gina.- Mas lentes de contato... Não é fácil adaptar-se a elas. Meus olhos vão lacrimejar o dia todo.- Hoje em dia há tipos mais modernos. São gelatinosas e não incomodam. - Hermione apertou a mão dele para encorajá-lo. - Oh, Harry! Vai dar certo, tenho certeza.Como ele podia pensar em lentes de contato com ela ali tão perto? Mal conseguia respirar! Tinha de sair dali ou ia acabar fazendo uma besteira.- Alguma coisa errada, Harry? Estou indo muito depressa com você? Se acha que exagerei, por favor, fale.- Oh não, não, você está indo muito bem. - Harry se levantou. - Mas preciso ir agora. Quero dar uma lida naqueles relatórios que fizemos hoje, ainda antes de dormir.- Mas nem terminou seu chocolate!Ele olhou sem jeito para a caneca.- Estava muito gostoso, acontece que... que exagerei na pizza! Sim, foi isso, comi demais no restaurante.Percebendo que ele tinha mesmo intenção de retirar-se, Hermione foi buscar-lhe o paletó. Estava surpresa consigo mesma. Sentia-se de fato desapontada por Harry já querer ir embora.- Sinto que se vá - confessou tristonha. - Foi uma noite realmente agradável. Há tempos não me divertia tanto.- Mesmo...? - Harry tentou ler nos olhos dela se estava sendo sincera. - Fico contente que tenha gostado, Hermione.- Eu também. - Num gesto impulsivo, ela inclinou-se e o beijou no rosto. - Obrigada pela maravilhosa companhia, Harry.Na manhã seguinte, apesar de não haver muito gelo nas ruas, Hermione achou que seria indelicado ligar para Harry e dizer-lhe que poderia ir dirigindo o próprio carro para o escritório. Resolveu esperá-lo conforme haviam combinado.Quando ele chegou, aguardava-o na calçada. Harry desceu do carro rapidamente e segurou-a pelo braço a fim de ajudá-la.- Cuidado que o chão está muito escorregadio, Hermione.Era a primeira vez que ele a tocava por iniciativa própria, ela constatou ao sentar-se no carro. E por qualquer razão inexplicável o contato das mãos dele continuava em seu braço como uma sensação agradável de calor.- E então? Descansou bastante?Ele olhou para as pernas de Hermione sob a saia de lã.- Sim, e você?- Dormi como uma pedra. Achou algum erro nos relatórios?Que relatórios? Tudo o que ele fizera ao chegar em casa fora deitar-se no sofá e ficar revivendo cada segundo daquela noite maravilhosa.- Não consegui passar da primeira página. - Mentiu. - Mas pretendo lê-los assim que chegarmos ao escritório.Hermione olhou-o discretamente a fim de examinar-lhe as roupas. Harry usava um outro daqueles temos cinzentos e uma gravata listrada igualmente escura e convencional. Era preciso fazer alguma coisa antes que Gina chegasse e o visse com aquelas roupas ultrapassadas. Mas primeiro, cuidaria das lentes de contato. Sorrindo consigo mesma, ficou imaginando o que suas colegas de trabalho diriam quando vissem o sr. Potter sem os óculos.- Já tomou seu café da manhã, Harry? - indagou animada. - Aposto que não.- Nunca tomo, acertou.- Que vergonha!- E você?- Sempre paro no Maria's Donut's, conhece? Não gostaria de me fazer companhia hoje? Eles servem pães e folhados deliciosos. Fora o café, é claro.Tomar café da manhã na companhia de Hermione? Incrível como o plano estava saindo melhor do que Harry esperava. Mas também como poderia ser de outra forma? Era um brilhante homem de negócios, não era? Tudo o que fizera fora pôr em prática seus conhecimentos. Tentava-se o comprador com uma oferta que ele não poderia recusar e depois aguardava-se para recolher os lucros. Os lucros, no caso, era fazê-la apaixonar-se por ele. - Não quero atrapalhar seu programa. Deve estar acostumada a encontrar-se com seus colegas.- Bobagem, Joyce não liga.- Joyce?- Joyce Knight. Trabalha lá na firma. Morena, cabelos curtos, não se lembra?- Há tanta gente trabalhando na Sooner. Conheço apenas alguns dos...- Executivos - Hermione completou por ele. - Eu já devia imaginar.Que esnobe ela o fazia parecer, Harry pensou desanimado. Mas estava enganada. Ele é que não era muito do tipo social. Se conhecia os executivos era por força do trabalho.Quando chegaram ao Maria's, encontraram a confeitaria tão cheia como de costume. Hermione puxou Harry pela mão, abrindo passagem entre as mesas ocupadas em sua maioria por executivos que trabalhavam ali por perto. Disse alô a um ou outro conhecido mas procurou ignorar os olhares de cobiça que endereçavam às suas pernas. Finalmente chegaram à mesa de Joyce.- Oi, Joyce! - Ela cumprimentou a amiga, sentando-se. - Já conhece Harry, meu chefe, não?Joyce olhou para Harry como se estivesse vendo o rei das Arábias em pessoa. Quem não conhecia o gênio milionário da Sooner Fidelity, Hermione pensou cutucando-a por baixo da mesa.- E... eu acho que ainda não fomos apresentados formalmente - Joyce conseguiu balbuciar. - Mas já o conheço muito de nome, sr. Potter.- É um prazer conhecê-la, Joyce.Harry acomodou-se ao lado de Hermione. A mesa era tão pequena que seus ombros se tocavam.- O que vai querer, Harry? - Hermione perguntou quando a garçonete aproximou-se. - Além de café, é claro.- Folhado com glacê, está ótimo.Hermione ergueu as sobrancelhas. Folhado com glacê? Estavam numa confeitaria e ele pedia folhado com glacê? Era o mesmo que chegar numa pizzaria e pedir pizza. Mas como gostaria que ele experimentasse tudo, tomou a iniciativa de ordenar um folhado de cada recheio diferente.Este lugar é bastante popular, não? - Harry comentou olhando ao redor. - Você vem sempre aqui, Hermione?- Todas as manhãs, infalivelmente.- E por falar em manhãs, - disse Joyce - havia bastante gelo no meu caminho hoje cedo. Como se virou com o carro, Hermione?- Ela não veio dirigindo - Harry respondeu. - Dei-lhe uma carona esta manhã.Hermione viu Joyce abrir a boca como se não acreditasse no que acabara de ouvir. Pensou em dar-lhe outro cutucão por baixo da mesa, mas ficou com medo de que Harry percebesse.- E... eu sempre venho de ônibus - Joyce finalmente conseguiu falar. - É seguro e barato.Harry concordou e olhou de novo à sua volta. Conhecia dois dos rapazes ali presentes, ambos funcionários da Sooner.Será que haviam notado que Hermione estava com ele? Só se fossem cegos! Nenhum homem ali presente deixou de olhar para ela quando entraram. A garçonete chegou com os pedidos e cada um se serviu. - Já terminou suas compras de Natal, Joyce? - Hermione indagou casualmente.- Quase, e você?- Ainda faltam os presentes dos meus pais - ela respondeu, e olhou para Harry. - E temos algumas comprinhas também, não é Harry?Harry gelou. Será que ela ia quebrar a promessa de não contar nada a ninguém?- E... eu acho que sim...- É mesmo...? - Os olhos de Joyce brilharam. – Vocês dois vão fazer compras juntos?- Vamos. - Hermione lançou um olhar de cumplicidade para Harry. - Harry quer que eu o ajude a escolher alguns presentes para os outros executivos da Sooner. - O que em parte era verdade, pois todos os anos era ela quem providenciava bebidas para uns e charutos para outros. - Aliás, eles é que deveriam comprar um belo presente para você neste Natal, Harry. Viu como as vendas subiram este ano? E o mérito é seu.- Que é isso, Hermione? - Ele a fitou sem jeito. – Não faço mais que minha obrigação.Hermione pousou uma das mãos no braço dele.- Não seja modesto, Harry. Sou sua secretária, lembre-se disso. Sei que fez milagres durante este ano. As vendas subiram cinqüenta por cento, graças a você. Dificilmente alguém conseguiria tal façanha nessa nossa economia tão ociosa. Era a primeira vez que Harry ouvia um elogio daqueles à sua pessoa. Quando criança, mesmo sabendo de sua inteligência brilhante, os pais raramente o premiavam ou encorajavam. Agiam como se tudo o que ele fazia fosse esperado. Mesmo na firma ou entre os amigos, a expectativa era sempre de que ele trouxesse a melhor solução. A primeira pessoa que lhe dizia uma palavra de reconhecimento era Hermione. E nos lábios dela o elogio adquiria um valor especial. Ele sorriu.- Nós dois juntos fizemos um bom trabalho este ano. Se não fosse por sua eficiência, não sei se conseguiria tanto.Hermione o fitou admirada. Conhecia Harry Potter. Ele não era homem de elogiar alguém sem uma justa causa. Não negava que se esforçara o máximo durante aqueles dois anos. Mas era compensador saber que Harry reconhecia e valorizava seu trabalho.- Sim, nós dois juntos fizemos um bom trabalho - repetiu sem deixar de fitá-lo.Do outro lado da mesa Joyce parecia assistir a uma partida de tênis. Olhava de um para o outro acompanhando a troca de elogios com visível interesse.- Ouvi dizer que este ano a festa de Natal será no dia vinte e quatro - disse, servindo-se de mais café. - Pelo visto a Sooner teve mesmo grandes lucros este ano. Disseram que além do baile vai haver comes e bebes.- Mesmo?! - Hermione entusiasmou-se. - Oh, Harry, que maravilha! Você vai estar lá, não vai?- Talvez eu dê uma passada só para cumprimentar os outros executivos.- Ah, Harry! - Hermione não escondeu seu desapontamento. - Vai haver baile, você ouviu Joyce dizer. Será uma boa oportunidade para nós... quero dizer, você me entende, não?Percebendo que Joyce fixara toda sua atenção nele, Harry deu uma tossidinha e respondeu:- Bem, eu... Talvez você tenha razão, Hermione. Vamos discutir o assunto antes do dia vinte e quatro chegar, está bem?Ao menos ele não havia dito não, Hermione pensou, dirigindo-se a Joyce.- Você também vai, não, Joyce?A amiga olhou para Harry e em seguida para ela.- Pode acreditar que sim. Por nada neste mundo vou perder essa festa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aulas de amor
Romanceuma fanfic que se perdeu no tempo, toda fanfic que gostava tinha salva em bloco de notas, masi como recentemente percebi que perdi algumas, resolvi postar aqui para não perder mais. a Historia se trata do Harry recebendo aulas de amor com a Hermione...