Capítulo 03.

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Helena Luccacio

  Meus dias transitam entre agitados e tranquilos, a calmaria se faz presente nos momentos em que escolho ficar em casa, o que é bem constante. Apesar de gostar dessa vida tranquila, não deixo de estar presente em algumas festas dos meus amigos. Não são os meus lugares preferidos, mas ainda assim não é o pior lugar do mundo, então quando estou principalmente com Aline, tento sempre comparecer. Ainda mais se essas forem nas praias, o que é bem frequente para quem mora em litoral.

  Caminho distraída por entre as ruas do Rio de Janeiro, me atrapalho pegando algo em minha bolsa, e quando vejo uma buzina alta chama a minha atenção e desvio do carro que quase batia em mim. O homem sai completamente enfurecido do carro e gritando aos quatro ventos, a sua postura autoritária me deixa assustada e tento recuar da sua presença. Tento pedir desculpas, mas ele parece não estar satisfeito, então continua gritando, até que uma voz bem potente se faz presente e o corpo grande me puxa para trás dele. O homem se assusta com a postura do homem que acabou de chegar e impor a sua presença, ele se afasta e posso finalmente olhar para o rosto do homem que acabou de me proteger.

  Novamente os olhos intensos fitam o meu rosto, a mandíbula marcada, o cabelo negro traduz um visual intenso, diferente, único. Nikolai, esse nome que não é comum, que define um homem que com toda certeza também não é comum. Ele está presente na minha frente, depois de longos meses, em um país completamente diferente, não gostaria de admitir isso, mas esse nome repercutiu por diversas vezes em minha mente, desde o momento que me salvou.

  E agora, como o mais louco destino, ele apareceu novamente na minha frente, para me salvar de mais uma ocasião em que eu estava encrencada. Surreal, acredito que essa seja a palavra certa para definir esse momento. Qual a probabilidade de esbarrar com uma pessoa em um país e depois isso também acontecer no outro lado do mundo?

  Ainda mais que ele me salvou nas duas ocasiões.

Ele também parece surpreso em me ver, consigo ver em seus olhos, e mais uma vez o agradeço por me ajudar. Me despeço meio envolvida em seus olhos, existe um certo magnetismo ali e isso me impressiona, sigo para a livraria que estava ao lado, ainda atordoada com o que acabou de acontecer.

  Nikolai tem um certo poder nos olhos, é algo diferente, aquele olhar transmite tanto mistério, e tantas coisas estão ocultas ao olhar para todo o seu rosto, mas ainda assim, parece que todo o ar de mistério me deixa ainda com mais vontade de chegar perto. Senti algo estranho quando o vi, da mesma forma como senti na primeira vez que nos vimos, algo diferente, que não consigo explicar. Ele parece ser como uma caixa de mistérios, que eu fico tentada a abrir e descobrir, mas que talvez não devesse fazer isso.

  Não consigo me concentrar em nenhum livro que folheio na livraria, minha mente todo o momento fica voltando nesse acontecimento que acabou de acontecer. Horas depois decido voltar para casa.

— Cheguei, pai. -Digo assim que entro no apartamento, avisto o coroa com mais de cinquenta anos sentado no sofá. Ele abre um sorriso ao me ver e vou em sua direção.

— Oi, princesa. -Me abraça. — Como foi o dia?

— Tudo perfeito, pai. -Me sento ao seu lado. — E o seu trabalho?

— Tudo ótimo. -Comenta. — O seu irmão ligou.

— Como foi a conversa?

— Não teve conversa, Helena. Ele me ligou querendo falar com você, já que disse que ligou para o seu celular e não atendeu. -Pego meu celular e vejo que o mesmo está sem bateria. — Sabe que seu irmão não quer falar comigo.

— Quem sabe se o senhor insistisse ele não mudasse, pai? Gostaria tanto que os dois passassem a se entender.

— Não adianta, Noah não quer contato comigo e eu não vou forçar isso.

A Vingança. -Série Família Bellini V.Onde histórias criam vida. Descubra agora