Respirar já não dá, esse mundo me sufoca
No escuro eu vou ficar, pra fome eu poder me saciar
❍ᴥ❍
— …e depois você faz assim – pegou o balde cheio de areia, o virando no chão. Deu algumas batucadas antes de tirar o objeto de plástico, apreciando sua obra de arte com um sorriso no rosto – Tcharam!! Temos um castelo de are…Kumiko? – virou para o lado animado, mas percebeu tarde demais que a criança já não estava mais perto de si.Seus olhos vagaram pela área aberta, vendo várias mães com seus filhos, porém ele mesmo procurava aquela que prometeu a genitora que iria cuidar com sua vida enquanto ela precisava passar o dia fora.
Frustrado por ter perdido a garotinha de vista, levantou-se do banque de areia murmurando pragas ao delegado que o esperou desde cedo na porta da sua casa para esse compromisso da sua segunda feira.
Sempre soube que essa seria uma péssima ideia, porque Naruto não tinha jeito com crianças, sendo que ele mesmo agia como uma em várias situações. Parecia impossível cuidar de um ser pequeno como Kumiko, que tinha apenas quatro anos, mas era tão esperta quanto uma criança de dez.
Vasculhou aquela espécie de parque com o olhar, buscando a menininha de cabelos ruivos, encontrando-a perto de um carrinho que vendia algodão doce.
Rapidamente correu até ela, pois se a mas dela soubesse disso, talvez não sobrevivesse até o final do dia. Por um lado isso seria produtivo, daí pagaria pelo maior erro da sua vida, mas olhando através de outro ângulo, não conseguiria ajudar Hinata, principalmente agora que ela começou a se abrir e com isso vieram revelações, no mínimo, atemorizantes.
— Ei, pequena. Você não pode fazer isso, quase mata o tio do coração – ficou na altura da criança, que olhava atentamente para ele, sem se importar com a gravidade da situação.
Apenas apontou com seu dedinho miúdo na direção do doce.
— Eu quero, tio Naru – pediu, dando pequenos pulinhos.
— Mas você nem almoçou ainda. E eu lembro da sua mãe me dizendo que se você comesse doces antes de almoçar ia ficar com cáries e de castigo – afirmou fingindo braveza, colocando as mãos no quadril enquanto lançava-a um olhar falsamente severo.
O que surtiu efeito já que ela recuou do carrinho, mudando rapidamente de foco.
— A mamãe vai demorar muito? Eu tô com fome – fez um bico manhoso enquanto esticava os bracinhos na direção dele.
Naruto, sem saber dizer não a isso, apenas pegou-a no colo, voltando para o centro do convento.
— Podemos no refeitório, acho que já começaram a servir comida. O que me diz, hein?
— Vamos comer! – ela apontou para cima como se fosse uma grande vitória.
O loiro riu dessa atitude, achando uma graça como tudo vira motivo de festa e alegria para crianças como Kumiko. Durante toda sua vida teve pouco contato com isso, então as descobertas vinha tendo com essa pequena pirralha estavam sendo bem interessantes no seu ponto de vista.
Imaginou-se, por um instante, sendo pai.
Certamente iria ser desesperador, mas quanto mais tempo passava com a ruivinha, mais percebia que talvez não fosse tão tenebroso assim. Isso sem dizer nas vezes que Karui, a mãe da menininha, contava sobre sua gestação e como foi difícil para ela tendo um companheiro agressor.
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Pequenos Pesadelos
أدب الهواةQuem era ela? No meio de uma multidão comum, a mulher estranha que andava atenta a todos os detalhes ao seu redor. Seus gestos contidos denunciavam a estranheza de conviver em meio a uma sociedade supérflua e rasa, os olhos analíticos, nunca ficava...