Te amo.

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Pov Camila

Saí do banheiro sem emoção alguma, e a vi agora apoiando uma das mãos no vidro, novamente de costas para mim.

Sua postura parecia tensa, e pela carga tão grande de energia que emanava dela, eu poderia até dizer que ela estava odiando aquela situação tanto quanto eu.

Mas ninguém poderia estar pior do que eu naquele momento. Nem dentro daquele quarto, nem fora dele.

Me mantive de pé, encarando sem vida suas costas, enquanto esperava que ela me dissesse o que queria de mim. Se antes o fato de ser ignorada não me incomodava, agora eu queria atenção. Só queria fazer o que tinha que fazer logo e ir embora dali o mais rápido possível.

- Senta.

Fui surpreendida por sua voz rouca, rasgando o silêncio do quarto bruscamente, mas me recuperei do susto rapidamente e fui sentar na beirada da cama alta.

Ela se virou para me encarar, e embora sua postura continuasse controlada e rígida, houve um vacilo bastante óbvio em sua expressão indiferente quando os olhos dela encontraram os meus. Sentindo que seu muro de resistência poderia estar começando a ruir, ela se apressou em falar.

- Por que saiu do The Hills?

- Porque eu não podia mais continuar lá. - Respondi imediatamente, me surpreendendo com a calma e a falta de vida em minha voz.

- Por que não?

- Por que está tão curiosa?

- Quero saber o que de tão grave assim aconteceu para te fazer sair de lá e preferir fazer programa com qualquer um em qualquer esquina.

- Preferir? Você acha que eu prefiro? Acha que eu estaria dessa forma se tivesse opção?

Eu deveria estar gritando com ela, pelas suas conjecturas absurdas e estúpidas, e, porque ela não sabia de nada. Porque ela não tinha o direito de querer saber nada sobre a minha vida. Não após me abandonar.

No entanto, minha voz continuava calma e fraca, como se eu estivesse tendo uma conversa agradável sobre aquele grupo que eu gosto Blackpink.

- Então por que saiu? Por que estava naquela esquina podre, daquele jeito? Por que se prestou a esse papel?

- Porque eu sou uma puta.

Pela segunda vez naquela noite, vi minhas palavras atingirem ela em cheio, e pela segunda vez o choque tomou conta de sua expressão. Mas dessa vez, além de choque, havia também um inconfundível traço de culpa em seus olhos, e eu sabia o motivo. Meu objetivo não era atingi-la, mas foi impossível não lembrar que aquelas mesmas palavras foram as últimas coisas que ouvi dela antes que me abandonasse.

Era bom saber que eu também conseguia despertar alguma reação nela. Assim não me sentia em desvantagem pelo fato de que quase tudo que ela falava me atingia com uma força insuportável, fazendo com que eu mal conseguisse me manter de pé a cada pancada. Era bom saber que ela não estava tão bem, tão indiferente e tão controlada como parecia.

- Você não era assim...

A postura dela estava mudando aos poucos. Agora, ela não parecia tão segura, mas sim alguém que quer convencer a si mesma, que tudo está sob controle. Os olhos dela eram menos frios e pelo modo de não saber onde colocar as mãos, eu poderia dizer que ela estava nervosa.

- Eu mudei.

- Eu estou vendo.

- Não ouse me julgar. - Falei, ainda muito calma, e senti uma lágrima descer pelo rosto antes que eu pudesse evitá-la. Desviei o olhar dela mecanicamente, olhando agora para o chão.

My Sweet Prostitute. (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora