Realidade paralela.

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Eu tinha que aceitar a minha realidade. Tudo o que vivi com Lauren até agora foi apenas um sonho, um maldito sonho.

Eu não conheci sua família, ela não se declarou para mim, eu não tenho aliança nenhuma no dedo. Eu não fui para seu apartamento.... Eu sempre fiquei aqui nesse apartamento desde que saí do The Hills.

Eu entrei em uma depressão tão profunda quando Lauren me abandonou, que acabei entrando em uma realidade paralela vivendo um lindo sonho de amor com ela, que na verdade nem existia.

Naquela noite em que saí para tentar arranjar dinheiro.... Não era Lauren naquele carro, foi tudo uma mera ilusão. Na verdade a pessoa era a tal da Vero. Lembro dela ter me possuído várias vezes, parecia não se cansar nunca. Eu não conseguia sentir prazer nenhum, ela estava sendo bruta. Mas o que eu podia fazer? Eu era paga pra isso mesmo.

Mas agora, eu acordei para a realidade e tenho que me contentar a ser aquilo que eu sempre fui: Uma prostituta.

•••

O cu trancou aí, né? hehehe.

Quantos tombos tivemos aqui?

•••

Pov Camila

Engasguei. Algo me trouxe de volta, me tirando daquele lugar e daquele desespero torturante. Tossi com força, tentando respirar outra vez. Confusão. Não conseguia assimilar nenhuma informação ao certo.

Estava claro. O quarto ainda era invadido timidamente pelo mormaço do lado de fora, mas dessa vez a realidade que chegava aos poucos começava a fazer mais sentido.

- Calma...

Tentei me desvencilhar de braços.

Eram braços fortes, e embora a sensação de tê-los ali parecesse conhecida e até reconfortante, lutei contra eles, muito perdida para entender.

Mas eles eram fortes demais até mesmo para o meu pânico.

Tossi mais vezes, e uma náusea súbita me tomou com uma força muito grande para tentar controlá-la.

Estiquei o pescoço para o lado, sem conseguir ver direito, e tudo que estava dentro de mim saiu em um jorro de muitas coisas misturadas e nojentas. Minha garganta ardeu como se pegasse fogo, e pude sentir os braços ao meu redor afrouxarem o aperto e dedos segurarem meus cabelos em um tipo de rabo-de-cavalo improvisado, tentando separar os fios do suor que cobria meu rosto e pescoço.

A náusea vinha em ondas, e cada onda resultava em um novo jorro de algo ruim. Minha cabeça começou a doer instantaneamente, mas aos poucos fui retomando o controle da situação, vomitando cada vez menos, enxergando cada vez mais.

Um chão de madeira escura. Graças a Deus não era carpete.

- Calma, meu amor... - A voz atrás de mim saiu hesitante, trêmula.

Meu corpo todo tremia. Vomitei mais. Sem pensar em nada, descolei a mão direita do peito e a estiquei, olhando fixamente para a aliança fina no anelar, pedindo silenciosamente para que ela simplesmente não sumisse diante dos meus olhos.

Toquei-a com o polegar, tentando conter o tremor quase epiléptico, querendo senti-la e me certificar de que aquilo - aquilo sim - era real.

Alívio.

Cuspi uma última vez no chão e me deixei cair sem forças no colchão macio. Estava suada de uma forma que não combinava com o clima invernal de Londres.

Já não sabia se tremia de frio ou de nervoso. Minha cabeça doía e latejava, e consegui notar que estava chorando assim que abri os olhos.

Eu estava em estado de choque, descabelada e me sentindo imunda. E Lauren, como uma deusa perfeita e ridiculamente linda até ao acordar, estava olhando para mim daquela forma, ao meu lado.

My Sweet Prostitute. (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora