♟ Quinto passo:
Saí com o meu homemO início do dia no saguão de entrada da Zen está completamente entediante - como todos os dias. Alguns dos funcionários que chegam nos cumprimentam, e eu preciso constantemente fingir ser educada o bastante para responder um animado: bom dia. Entre a chegada de uma e outra pessoa, o monótono toma conta do balcão de recepção. Odeio esse lugar, querido leitor, mas preciso do dinheiro.
O telefone de Mackenzie toca três vezes antes que ela, de fato, atenda. Ao mesmo tempo, Bobby passa por mim e sorri. Eu me pergunto como alguém como ele, de beleza questionável e inteligência mediana, conseguiu casar e ter filhos. Fala sério, que mulher se submeteria a isso?
- Bom dia, Bob! Como estão os seus filhos? - Pergunto com um grande e belo sorriso no rosto. Ah, eu sou tão atenciosa, não é mesmo, querido leitor?
- Estão bem! Obrigado! - Ele ergue a mão para mim em um aceno breve.
Argh, tomara que ele não venha me mostrar a foto dos seus filhos catarrentos em seu celular antigo outra vez.
- Garota. - Mackenzie me chama assim que a ligação é encerrada. Ela apoia o telefone de volta na base e olha para mim, boquiaberta. Oh, fofoca, querido leitor. - Amélia disse para ligarmos para ela quando o Hunter vier.
- Mal faz cinco minutos que o Leon do financeiro subiu. - Rio da maneira mais sínica que consigo. Essa mulher é inacreditável, querido leitor. Inacreditável. - O que será que ela está fazendo? - Pergunto, irônica.
- Como alguém consegue trair o Hunter? O Hunter? - Acho adorável o jeito que Mackenzie parece se espantar todas as vezes que a Amélia enfia a língua em Leon, o que acontece quase todo dia. Tão inocente, tão imatura.
- Estamos falando de Amélia Maxwell, Mack. - Começo a sussurrar porque outro funcionário se aproxima da catraca, que fica bem ao nosso lado. - Ela pode fazer o que quiser e as pessoas continuarão amando ela. - As palavras saltam da minha boca.
- Duvido que as pessoas a amarão se souberem que ela traí o queridinho do Canadá. - Vejo o ódio e o nojo palpável transparecer nos olhos de Mackenzie. Ela parece estar mais distante e pensativa que o costume. Oh, alguém está com raivinha.
- Ela também é a queridinha do Canadá. - Reviro os olhos lentamente. Ultimamente, querido leitor, todo o meu respeito e admiração por essa mulherzinha caíram por terra. E você já está cansado de saber disso.
Mal notamos quando Hunter atravessa o saguão de entrada e se dirige ao balcão. O nosso balcão da recepção.
- Vai inventar outro cadastro hoje, docinho? - Há um maldito sorriso no canto dos seus lábios quando ele dirige as suas palavras a mim. Olho-o de cima a baixo rapidamente enquanto me pergunto quem ele pensa que é para falar assim comigo. É, querido leitor, ele e Amélia se merecem. - Estou brincando. - Hunter ri.
Eu rio junto com ele, fingindo ser mais uma recepcionista bobinha que se sente intimidada diante da poderosíssima presença desse modelinho com um ego enorme. Porque é esse o papel que ele quer eu interprete, querido leitor.
E eu sou uma atriz brilhante.
- Olha o que eu comprei para a Amélia. - Ele retira uma caixinha de veludo do bolso da sua jaqueta exageradamente grande e cara. Por que pessoas ricas têm mal gosto para roupa? Não deveria ser o completo oposto?
Dentro há um pequeno e delicado anel. E, por mais que eu odeie admitir, querido leitor, o modelinho realmente tem um bom gosto para joias, diferente do seu péssimo senso de moda. No anel há três pedrinhas vermelhas. Ele parece ser caro - muito caro -, e eu aposto todo o meu salário que Hunter não comprou esse anel de noivado de rubis nessa cidadezinha.
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Onde está Uranus?
Mystère / Thriller❝Eles podem ser os vilões e os mocinhos ao mesmo tempo.❞ Em uma típica terça-feira, Ryzenville, um pequeno e tranquilo vilarejo situado no interior do Canadá, foi palco do misterioso desaparecimento de Uranus Collins. Collins, sem grandes ambições...