Capítulo 2 - Procura-se

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     Na manhã seguinte, Vincent, acompanhando por Marcel e alguns hóspedes da pensão de madame Constance, na sala de jantar, reuniam-se numa extensa mesa e saboreavam o café da manhã com uma pitada de desgosto, pelo menos da parte de Vincent. Pois, não conseguia ter apetite para apreciar o delicioso, e bem organizado, banquete preparado por sua mãe de consideração, já que pensava no que fora visto na noite anterior.
     A cada gole de chá que despejava na boca, pensará na sua dama de preto com às mãos sujas de sangue, o rosto respingado e aquele sorriso cheio de maldade e mistério. Ora preferisse que tudo fosse um plano arquitetado por sua mente para tentar engana-lo, mas não... Tudo era real! O caso do diplomata encontrado morto numa rua, já estampava às primeiras páginas do jornal local. Todos já sabiam do caso fatídico. O único que preferia se manter distante era Vincent.

— Querido, o que houve? — questionou Constance, trajada com um vestido de cor amarelo rendado e com golas brancas, ao sentar-se à mesa. — O café da manhã não está lhe caindo bem?
— Perdoe-me, mãe... Estou sem apetite.
— Hum... Por um momento diria que a causa fora ser a noite que tiveram — Constance corou tanto Vincent quanto Marcel. —, mas creio que esteja enganada, pois sua expressão diz algo preocupante.
— Ah, mamãe. Pra ele estar assim, deve-se ao fato de que teremos um novo caso para investigar. — disse Marcel que vestia um terno de cor pêssego tão harmônico quanto sua face podia resplandecer.
— Mas isso não é justificativa para desprestigiar meu café da manhã. — tentou animar Vincent, em vão. — Vocês por acaso já tem uma suspeita de quem poderia ser o assassino? — preocupou-se.
— Ou a assassina? — uma conhecida voz surgiu à entrada da sala de jantar.
— Você! — Vincent surpreendeu-se ao notar a presença de Yasmine Fèvre que trajava de um belo vestido, com mangas compridas, de cor azul celeste à altura dos joelhos e uma fita da mesma cor por cima de seus cabelos ruivos, na qual, usava como uma tiara.
— Bom dia a todos. — sorriu e caminhou para uma cadeira vaga ao lado de Marcel. — Perdoe-me pelo atraso à mesa, mas como sabem, regresso tarde da noite por conta de meu emprego.
— Não se preocupe, querida. Não nos deve nenhuma satisfação. Sinta-se a vontade para servir-se. — ordenou Constance em complacência.

     Na pensão de madame Constance, todos os hóspedes eram tratados de maneira respeitosa independente de suas profissões. Por adentrar de um comportamento liberal, a mesma fazia questão de estabelecer esse tipo de regra em seu âmbito.

— Então você é uma das novas hóspedes da pensão. Quanta coincidência. — Vincent sorriu meio sem graça.
— Sim. A outra hóspede é minha amiga Sophie, que pelo visto já saiu para iniciar sua busca. — afirmou Yasmine.
— Que tipo de busca? — perguntou Vincent.
— É, pelo visto a refeição matinal virou interrogatório. — brincou Marcel, fazendo Vincent lançar um sorriso amarelo.
— Não seja deselegante, Marcel! — exclamou Constance.
— Não se preocupe. — Yasmine corou Marcel como se algo o apertasse em excitação. — Já estou me acostumando com seu jeito de ser.

     Pela expressão satisfatória que o amigo tentará esconder da visão de todos na mesa, Vincent, imaginando o motivo, mantinha um leve sorriso que até conseguia fazê-lo desfrutar do banquete, o que alegrará Constance. Porém algo intrigante o puxou pela memória.

— Desculpe-me, mas logo quando você entrou na sala, você havia insinuado algo a respeito do... assassino do diplomata.
— Assassina! — afirmou abruptamente e tomou um gole de sua xícara de café. — É óbvio que quem assassinou o diplomata foi a tal mulher de preto que surgiu misteriosamente no Leblanc Palace's. Além do que, foi a última pessoa a estar em sua companhia. Nossa — Yasmine pensou. — ,se não fosse por toda sua elegância, eu até diria que a conheço.
— Vamos encerrar esse assunto por hoje! — disse Constance severamente ao observar a expressão preocupante de Vincent.
— Com licença. — Vincent levantou-se seriamente. — Tenho algo importante a fazer.
— Espere, amigo. — Marcel levou o guardanapo à boca. — Irei com você.
— Não, fique! — ordenou Vincent abruptamente. — É algo pessoal, não profissional. — tomou posse do seu sobretudo de cor beje para compor seu terno de cor marrom claro e retirou-se...

A Dama Das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora