Capítulo 3 - O Símbolo

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     Ao amanhecer, todos os holofotes estavam voltados à pensão de madame Constance. Todos que moravam naquela casa de dois andares não saíam do pensamento de toda Lille. Vários, eram os comentários sobre as filmagens que rolaram em frente ao local. Os autógrafos eram tantos que levará os atores à exaustão... Pena que tudo não se tratará de um filme estrelado por grandes astros da década de trinta, mas sim de uma realidade póstuma que muitos temiam.                                        
    
     Ao retornarem de uma averiguação, os detetives estacionam em frente a um necrotério. Admirando o local, cuja as características são um pouco parecidas com as de um frigorífico, porém, ao invés de carnes penduradas sobre ganchos, haviam-se mesas com cadáveres encobertos por lençóis branco, Vincent e Marcel são recebidos amigavelmente pelo médico legista Naël Poulin, um homem de cinquenta e cinco anos, baixa estatura, meio gorducho e calvo, que avaliava o corpo da vítima que fora encontrada morta na rua, em frente à pensão...
     Aparentemente formoso, o defunto era branco, magro, tinha os cabelos grisalhos e a pele um tanto amarelada. Pela breve investigação dos detetives, tratava-se de um padeiro, sem filhos, morava sozinho e natural de Lille. Nunca fora cometido nenhum delito trágico, apenas desfrutará de seu charme para enganar viúvas afortunadas. Outrora, o homem que atendia pelo nome Joshua Gagnon era descontrolado quando ingeria uma certa quantidade de ópio, o que acabara por agredir algumas de suas parceiras amorosas.
     A grande questão era... Por que a dama das trevas o escolherá como vítima? Seria Emanuelle uma grande defensora feminista? Talvez... Porém além disso, havia um outro "porquê" a ser questionado... A última vez que Joshua Gagnon fora visto, visitava, pela primeira vez, o Leblanc Palace's. E uma nova suspeita pairava perante as mentes duvidosas dos detetives... Seria Dominique Leblanc sua possível aliada? Talvez ambos enxergassem essa questão como a última de toda essa confusão, mas havia algo ainda mais tenebroso por trás dos olhos de cor esmeralda.
     Quando o médico legista levará os detetives para visualizar o cadáver, fora encontrado, além das diversas perfurações no abdômen, um símbolo cravado a poucos centímetros debaixo do umbigo. E sua surpreendente forma que remetia-se pela junção de duas cruzes emendadas pela parte inferior, levará Vincent a testemunhar novamente a desgraça de Madeleine Angelle.

— Não. É impossível...! Mas o que esse símbolo teria a ver com... o assassino? — questionou perplexo.
— Talvez seja uma marca de família. — sugeriu Marcel, incrédulo do que realmente pudesse significar.
— Concordo. Uma família de bruxos! — disse Naël friamente.
— Como disse? Não vai me dizer que acredita neste tipo de absurdo? — indagou Marcel.
— Mais é claro que acredito. — afirmou Naël, cobrindo o cadáver. — Minha finada avó contava-me histórias pavorosas sobre seitas místicas e suas ações bárbaras durante a era medieval. E posso lhes afirmar que o mesmo assassino que levou a alma desse pobre diabo fez o mesmo com o tal diplomata ali. — apontou para uma mesa a retaguarda dos detetives e os conduziu até o cadáver do diplomata. — Vejam com os seus próprios olhos, antes que retorne à Espanha. — retirou o lençol pela metade do corpo.

     De certo, havia o mesmo símbolo marcado no corpo quase decomposto de Adolfo. Porém, o símbolo encontrava-se a poucos centímetros encima do umbigo. Mas o que fora ser realmente estranho diante da visão detalhista de Vincent, era a anormalidade no desenho das cruzes. Enquanto o símbolo que fora cravado em Adolfo De La Fuente estava em perfeito enquadramento, o mesmo encontrava-se imperfeito, quase torto, no corpo de Joshua Gagnon. Será que a vítima relutava enquanto Emanuelle deixará sua marca? Seja plausível ou não, essa hipótese ainda teria seu tempo a ser confirmada. No momento, os detetives ainda precisavam dar continuidade a sua investigação. Então, despediram-se de Naël Poulin e assumiram um novo rumo.
     Transitando ao Leblanc Palace's, os detetives tentará chegar a um acordo verídico sobre o tal símbolo cravado no ventre das duas vítimas da dama de preto. Era difícil algo sobrenatural fazer sentido pra Marcel, pois o mesmo afirmará ser descrente quanto a qualquer tipo de entidade e suas ramificações.Vincent até poderia seguir a mesma linha de raciocínio do amigo, mas nada lhe tirava da cabeça a imagem perturbadora em que presenciará o cadáver mutilado da mãe de Sophie e seu semblante horrendo em satisfação, além do próprio símbolo manchado com sangue na parede do quarto. Essa conexão entre os fatos lhe despertava a curiosidade em saber a origem do tal símbolo. E mesmo que seu companheiro jogasse ao vento essa possibilidade, taxando ser apenas uma ideia maluca ocasionada pela mente perturbada de uma assassina em  querer deixar sua marca nas vítimas, Vincent temia de que algo macabro ocultava-se na família Angelle.

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⏰ Última atualização: Oct 29, 2023 ⏰

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