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BRIAN

Já se passaram alguns dias desde minha conversa com Kai, e felizmente eu tinha conseguido manter meu pau longe dela, o que não se aplicava a minha imaginação que me levava de volta aquele carro e não me deixava parar de pensar na boca dela em meu pau. Mas nós estávamos reatando nossa amizade, e eu não quero perder isso mais uma vez, então eu simplesmente finjo que nada aconteceu, e sou bom nisso.

Kai decidiu começar a faculdade, para futuramente assumir a empresa de seu pai, decidimos que iriamos e voltaríamos juntos, primeiramente pelo fato de sermos vizinhos, e porque não faz sentido um "casal" não ir junto para a faculdade. Nesse momento eu estou buzinando pela milésima vez na frente da casa de Kai, eu detesto atraso, já refiz meu ritual para começar a dirigir umas cinco vezes e já passamos 10 minutos do meu horário habitual.

Quando eu penso em sair e tirar Kai carregada nos ombros de casa ela sai tranquilamente, já sem bota ortopédica, ela vem de muleta até o carro, linda, usa um macacão jeans folgado e de lavagem clara, uma blusa listrada em preto e branco e um tenis branco. Ela passa pelo enorme portão e entra em meu carro.

- Bom dia, e desculpa o atraso, sei que você detesta, mas ainda não estou acostumada a acordar cedo por aqui. - Disse com um leve sorriso enquanto colocava o cinto de segurança. - E eu tinha que estar bonita no meu primeiro dia, é difícil manter isso aqui. - Apontou para si mesma. Na minha opinião era bem fácil, visto que ela era a mulher mais linda que já vi.

- Bom dia, eu quase fui lá te arrancar a força. - Disse enquanto ligava o carro, refazia os passos que me deixavam tranquilos e dava partida em direção a escola. - Você fica linda de qualquer jeito, então seja mais rápida amanhã. - Apontei para o relógio e ela riu pelo nariz.

- Se você entrasse no meu quarto a 10 minutos atrás, iria me encontrar como vim ao mundo. Nem minhas roupas eu estava achando, cogitei vir pelada mesmo - Falou enquanto passava um gloss em sua boca.

Balancei a cabeça na tentativa de evitar os pensamentos impróprios e segui com a rota até a faculdade, Kai cantava alegremente no carro durante todo o caminho, era visível sua animação, e eu estava feliz por ela, é bom ver que ela esta feliz estando aqui.

Ao chegar na faculdade estacionei na mesma vaga de sempre e repassei alguns dos limites que tínhamos colocado em nossa ultima conversa na minha cabeça.

- Então podemos andar de mãos dadas e grudados tranquilamente, selinhos liberados em momentos específicos, como quando eu te deixar na sua sala, beijão somente em último caso, certo? - Kai confirmava com a cabeça analisando suas unhas e eu senti meu estômago revirar. - Eu vou abrir a porta pra você.

Pego minhas coisas e saio do carro dando a volta e parando em frente a porta do passageiro abrindo-a, Kai sai do carro, se apoia na muleta e põe a bolsa nas costas. Eu já podia sentir o olhar de algumas pessoas sobre mim, pois nunca ninguém me viu junto de uma menina, ninguém achava que alguma iria querer estar comigo. Fechei a porta do carro e me virei para entrar encontrando pessoas me olhando e cochichando sobre o que estavam vendo. Ser um jogador de basquete autista me faz ter olhos o tempo todo em cima de mim, maldosos ou não. Devido a essa atenção eu estava começando a ficar tenso, obviamente Selene percebeu meu corpo enrijecendo, e se envolveu em mim em um abraço de lado, depositou um beijo em meu rosto e sussurrou em meu ouvido: - Vai dar tudo certo, confie em mim.

Então respirei fundo e foquei somente nela, travei as portas do carro e apontei para a entrada, minha vontade era ir de mãos dadas ou até mesmo leva-la no colo, mas as muletas e minha timidez não me deixava fazer nenhum dos dois. Ela deu um sorriso para mim e seguiu andando, fui junto dela em direção a entrada da escola, Kai estava muito animada, parecendo uma criança entrando em um parquinho, falava sem parar sobre a arquitetura do lugar, que seus pais estudaram aqui e cuidaram dela ao meu tempo, que foi aqui que tiraram a maior foto da sala dos Montgomery Hacker, onde Kai estava no meio de Vinnie e Lilith e os dois seguravam o canudo de formatura, e eu admirava aquele sorriso, como se fosse a única coisa que estivesse ao meu redor, nem percebi quando estávamos na porta de sua sala.

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