Help Me, Love Me

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Kai Hacker

Tenho certeza que Brian anda se drogando com os amigos de basquete dele. Não faz o mínimo de sentido ele me pedir um absurdo desses sem estar cheirando uma carreira de pó.

— Brian, nosso acordo não é assim - Balancei a cabeça sutilmente negando. Agora a emoção do pedido estava se esvaindo e só me restava a racionalidade.

Meu melhor amigo engoliu seco, me encarou por alguns estantes e desviou o olhar

— Você disse que me ajudaria, Kai - Falou baixo encarando minha estante de livros.

— Não na prática - Disse na defensiva. Pensar na possibilidade de beijá-lo me dava formigamentos abaixo do umbigo. 

— Então vamos mudar as regras, quero praticar com você - Sua sinceridade sem rodeios me causou mais formigamentos. Ele quer me matar!

— Brian, eu - Seus olhos azuis como mar me encararam esperançosos e eu perdi um pouco do raciocínio engolindo seco dessa vez.  — Preciso pensar e sugiro que faça o mesmo - Com sorte ele veria a merda que esta sugerindo e logo voltaria atrás.

— Ninguém na festa vai acreditar que estamos namorando - Ele passou a mão forte e cheia de veias a mostra entre os cabelos, bagunçado.

— Vão sim, basta agirmos como um casal. Nós iremos dançar, ficar de mãos dadas um pouco - Abri um sorriso amarelo — Juro pra você que eles vão acreditar. Eu sou uma ótima atriz - Eu era péssima em fingir e Brian sabia, tanto que me olhou fazendo careta e se jogou na minha cama.

— Tudo bem então - Ele bufou encarando meu teto colorido de tinta guache a anos — Não irei mais insistir - levou as mãos ao rosto e a barra da sua camisa subiu, revelando um pouco da sua pele clara, um pouco de um abdômen malhado que eu nunca tinha visto e aquele "V" muito bem marcado. Senti um arrepio na nuca e balancei a cabeça em negação. Para, Kai! É apenas o Brian, seu melhor amigo. — Se desconfiarem, a culpa é sua - Apontou para mim e eu balancei a cabeça confirmado não sei o que. Já tinha perdido a linha de raciocínio admirando ele.

— Já está hora de você ir - olhei para o relógio na parede oposta a minha cama e já marcava 20:33 da noite e mais cedo no restaurante, Brian me disse que a tal festa começava as 21:30. — Preciso me arrumar para estrear como namorada de Brian Smith - Bati palma bem na frente do seu rosto e ele arregalou os olhos assustado.

— Que lindos! - Meu pai e minha mãe falaram em uníssono do outro lado da porta com a voz mais melosa do universo.

— Bisbilhoteiros! - Gritei e Brian voltou a cobrir os olhos com as duas mãos.

Brian Smith

Depois de passar pelo tio Vinnie e a a tia Lilith, ambos me encarando assustadoramente felizes, sai em direção a minha casa que ficava do outro lado da rua. Uma sensação incomoda no peito após a negação de Kai em me beijar. É doloroso pensar que ela não consegue fingir comigo a esse ponto.

Seria fácil me ensinar a beijar na boca, sem consequências e eu sou um cara que aprendo rápido as coisas.

— Você está falando sozinho de novo - Angeline, minha irmã, interrompeu meus pensamentos. Ela estava deitada no gramado a frente de casa, encarando o céu. — Quem você quer beijar? - me encarou com cara de nojo. — A KAI?! - gritou arregalando os olhos.

— Shiiiiiu - Levei o dedo indicador a boca para ela se calar e olhei para os dois lados para ver se alguém ouviu — Está maluca? Não quero beijar Kai nenhuma - O sorriso de realização em Angeline me assustou e já sentia meu rosto arder, com certeza era de constrangimento por ser pego falando sozinho.