Kai Hacker
Se eu tivesse quebrado a perna novamente, doeria menos do que ouvir Brian dizer que não somos mais amigos. A fala dele fez um bolo se formar em minha garganta e a vontade de chorar foi imensa, mas respirei fundo e sorri caminhando em silêncio ao seu lado. Minha mãe sempre me ensinou a enfrentar as adversidades com um sorriso no rosto, e que lugar de chorar é sozinha para que ninguém veja a suas fraquezas. Sei que as coisas levarão um tempo para voltar a ser como era, estou disposta a ter paciência a respeito disso.
Dentro do carro, olhei para ele, os cabelos pretos estavam cortados de um jeito despojado, a pele bem clara deixava as veias de seus braços amostra. Brian era alto e com músculos sutis que o deixava elegante, os olhos não estavam em mim, mas posso imaginar a tonalidade azul e límpida. Sempre lindo, por dentro e por fora.
— Cinto, chave, marcha ré e... - Ele começou a recitar os passos para começar a dirigir quando um grupo de jovens bateram no capô do carro chamando nossa atenção. Homens altos, com a camisa de basquete da universidade, se encaminharam para a janela de Brian.
— Ei, cara você foge demais da gente - Um rapaz negro, com olhos grandes e castanhos, sorriso de covinhas e cabelos cacheados se apoiou na janela e encarou meu amigo com um sorriso sutil.
— Não temos treino hoje, estou indo para casa - Brian relaxou na presença do tal garoto e eu relaxei também. A minha infância toda eu estive alerta para o comportamento do meu melhor amigo na presença de pessoas fora do seu círculo familiar, ver que ele se sente tranquilo com um colega de time, me deixa tranquila também.
— Conta outra, come quieto - Riu olhando para mim — Para onde está levando a garota? E nós aqui pensando que você era puro - Olhou para os amigos sorrindo e eles confirmaram me olhando com curiosidade.
— Estou levando ela para casa - Respondeu como se as outras falas não fossem de duplo sentido. Brian sabia o que o colegas estavam insinuando, mas ele resolveu ignorar. O transtorno do espectro autista dele é de grau 1, não afeta a seu grau de aprendizagem de nenhuma forma, então ele é muito inteligente para seu próprio bem.
— Caralho, você é foda. Vai levar ela para a própria casa? Nem medo o cara tem de ser pego - Piscou para mim e eu reprimi a vontade de revirar os olhos. O garoto não parecia ser mal, apenas estava surpreso por saber que Brian era um "garanhão".
— O pai dela e amigo do meu pai, não teria problema nenhum ser pego com ela, Luca - Brian deu de ombros.
— Espera aí ... - O tal Luca desencostou os braços da janela do carro e cruzou os braços ainda olhando para Brian. — Vocês já possuem uma história juntos? É por isso que você não fica com nenhuma garota aqui não é? Você pega a filha do amigo do seu pai, Brian? - Juro que tive vontade de sair do carro e bater a muleta na cabeça desse gigante de cérebro pequeno. É óbvio que todas as resposta de Brian não eram claras sobre o nosso relacionamento, mas esse acéfalo sempre leva para o lado sexual.
Brian ficou em silêncio, olhou para mim, que estava estática analisando o desenrolar da história, olhou para os colegas de time, olhou para o volante, respirou fundo e olhou para Luca com seriedade.
— Eu não pego ela, essa frase a reduz a um objeto. - O sorriso de Luca se reduziu a uma expressão culpada — Namoro a filha do amigo do meu pai, satisfeitos?! - Todo o meu corpo esfriou com a frase. Mas que porra é essa?! Namora?! Namora a filha do amigo do seu pai?! Brian enlouqueceu?!
— Porque não nos disse antes? - Outro garoto, parecido com Brian, perguntou.
— Ela estava viajando a um tempo - Meu amigo, ou melhor dizendo, "namorado" ligou o carro.

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Help Me, Love Me
RomanceCrescemos juntos. Sempre me importei com ele. Sempre cuidei dele. Foi dele que mais senti falta quando fui estudar dança na Inglaterra. Agora estou de volta e ele precisa de ajuda. Vou ajudar, mas não será de uma maneira fraternal como antes era...