Capítulo 3 - Rachel

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- Conseguimos bastante coisa - Digo enquanto mexo na pilha de coisas que roubamos.

  Nós sempre fazemos isso, invadimos o palácio, roubamos coisas que eles se quer notam, e depois saímos. Dessa vez, conseguimos mais algumas armas, alguns livros, cobertas e travesseiros.

- Robert, leve esses livros para a biblioteca.

- Mag, distribua os travesseiros e as cobertas e eu...

- Rechel ! - A voz de Alice me interrompe.

  Ela e Gilbert entram na sala de reuniões, eles estão segurando um cara com uns dez centímetros a mais que Alice. O desconhecido me encara com seus olhos azuis e sua cicatriz que vai do olho direito até o queixo, ele tem as maçãs do rosto gordinhas, seus traços me são familiares.

- O encontramos tentando entrar no vilarejo às escondidas - Explica Alice

- Quem é você ? - Pergunto me aproximando, o homem não responde.

  O olho de cima a baixo, ao julgar por suas roupas, ele é um soldado. As botas pretas e longas, a calça justa e camuflada, a camiseta verde, toda a roupa me lembra um soldado. Ando até o homem e puxo sua manga esquerda para baixo, até deixar seu ombro de fora. Tatuado em seu ombro tem a irreconhecível marca do exército (um círculo com uma borboleta preta dentro, os detalhes do inseto são em vermelho e uma coroa dourada paira em cima de sua cabeça, por cima de tudo, tem duas espadas formando um x).

- Exército - murmuro, é o suficiente para Robert e Mag apontarem suas armas para o homem - Me diga, soldado, qual é o seu nome? E o que te fez nos seguir até aqui?

- Me chamo Chalmet, mas pode me chamar de Chal. Estou aqui apenas por... curiosidade

O homem encara Mag

- Curiosidade? - Ergo minhas sobrancelhas - Qual a sua curiosidade?

- Saber o que vocês querem. Vocês não
invadem o palácio sem motivo algum, certo ? - Pergunta ele me encarando, uma das suas sobrancelhas se ergue.

  Olho para meus companheiros perguntando o que devo falar, mas eles me olham com a mesma pergunta e esperam que eu saiba a resposta.

- Certo - Arrisco uma resposta, que seja o que Deus quiser - Nós roubamos do palácio, roubamos coisas que vocês se quer notam - Aponto para o montinho de coisas roubadas - Mas nosso objetivo não é simplesmente roubar a família real, queremos mudanças, mudanças que já pedimos e o rei não aceitou, então vamos tentar de outro jeito.

- Quais mudanças vocês querem ? - Pergunta Chal

- Queremos nossa eletricidade de volta, queremos que diminuam o preço dos impostos, da água e da luz, que tragam alimento para esses lados. Queremos um transporte público para que nossos trabalhadores consigam ir trabalhar, queremos aumento de salário, que vocês parem de recrutar adolescentes para o exército ou para trabalhar nas minas de carvão. E queremos que as escolas sejam gratuitas - Respondo

  Ele fica quieto, seus olhos estão inexpressivos, deve estar pensando em tudo que falei. Ele olha pela janela, parece ver alguma coisa no meio da névoa.

- Quero ajudar vocês - Diz por fim , se voltando para mim

- Oi ? - Pergunto dando uma risadinha
debochada

- Quero ajudar vocês - Repete ele,
desembucho a rir, mas percebo que mais ninguém está rindo, constrangida vou parando aos poucos

- Tá falando sério ? - Pergunto incrédula

- Não tô aqui para brincadeira - Diz revirando os olhos

- Ok - Respondo ainda meio pasma - Como vou saber que você não está jogando nos dois times? - Ergo minhas sobrancelhas

- Do mesmo jeito que eu sei que vocês não querem simplesmente matar a família real - Responde ele

- Justo - Concordou Robert

- Mas você não vai me ser útil no exército, já tenho muitos aliados no campo de batalha - Retruco, ele pensa um pouco e logo responde

- E sendo xerife, seria útil?

  Bom, tenho aliados por todo lado, esse vilarejo inteiro são meus aliados. Tenho aliados até mesmo no palácio, mas na polícia, sendo xerife ainda? Ter um aliado como xerife me abriria muitas portas.

- Sim, seria muito útil - Digo abrindo um sorriso de canto.

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