Prólogo | Hogwarts, 1972.

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"Regulus Arcturus Black" A professora Minerva McGonagall chama, em alto e bom tom, lendo seu pergaminho com o nome dos estudantes recém chegados a Hogwarts.

O garoto sente seu estômago se revirar ao escutar seu próprio nome. Ele levanta sua cabeça e engole em seco. Jamais deixaria aquilo transparecer, não era a postura de um Black. Com passos largos e um tanto trêmulos, andou até o palco onde os professores um pouco atrás se encontravam sentados, com a visão de todo o salão. Naquele momento, todos os estudantes mantinham seus olhares no jovem Black que se sentava desconfortavelmente para que o fosse destinado uma casa. Se prestasse muita atenção, era até possível escutar alguns murmúrios, palpites sobre qual casa o menino realocado.

"Se o outro, o cabeludo, está na grifinoria, não ficaria surpreso se esse aí fosse parar na Lufa-Lufa. É a revolução dos jovens Black!" — Escutou, de uma garota qualquer sentada na mesa da Corvinal.

Quando já estava sentado, sua visão permanecia sobre um grupo específico de pessoas, na segunda fileira de mesas. Pertencia a casa Grifinória. Seu irmão, Sirius, conversava com várias pessoas, apontando para Regulus. Era fácil presumir as palavras que saíam de sua boca: "Vejam, aquele é meu irmão!". Regulus sente vontade de rir. Não o faz, entretanto. Alguns segundos mais olhando para o grupo, repara num garoto específico, que, mesmo conversando com os outros, não desviava o olhar de si. Regulus engoliu em seco.

Magro, cachos medianos bagunçados, de pele parda, um sorriso de orelha-a-orelha e um óculos redondo que parecia torto em sua face. Regulus presume que aquele era James Potter. Poderia saber, afinal, escutou seu irmão mencionar todas as suas pegadinhas e sobre como viraram amigos logo de cara, durante toda as férias de final de ano letivo. Seus pais, é óbvio, não gostaram do garoto, mas Regulus tinha uma boa impressão sobre ele, afinal, se Sirius gostava do garoto, Regulus também gostaria.

"Vejamos. Mais um Black" O chapéu seletor diz, após colocado na cabeça do rapaz, nenhum um pouco surpreso, mas com um fundo curioso. "O que devo fazer com você? A família parece ter mudado o seu destino, nessa última geração." Regulus congela, e finca suas unhas roídas na palma da mão enquanto olhava para o chão. Sabia que o chapéu falava de Sirius. A 'ovelha negra' da família. O único grifinório que já pisou na nobre casa dos Black. Ele suspira silenciosamente. Tinha consciência de que não poderia decepcionar sua família.

"Mas o que há, garoto?" O chapéu indagava, identificando toda a mistura de medo e desejo no coração do irmão mais novo. "Ora, uma mente ambiciosa e leal. Posso ver o fogo que queima em você."

"Talvez se.." Antes que o chapéu pudesse terminar o que tinha a dizer, Regulus corta. "Não." Ele balbucia, apenas para o chapéu. "Meu destino já tem um início, meio e fim. Não há outra opção." Ele sentencia, certo de si.

"Eu compreendo. Se é da sua vontade, então que assim seja. Sonserina!" A mesa ao lado da grifinória se levanta em palmas e assovios, o garoto se levanta e se senta junto aos sonserinos que o cumprimentavam.

Andando com a cabeça erguida, deu seu último olhar, um relance a mesa ao lado, cujo Sirius o olhava com uma expressão de confusão, mas não de surpresa, e seu amigo ainda o olhava, Regulus não entendia o que sua expressão dizia. Ao se sentar na mesa, se perguntou, mentalmente:

"E se as regras fossem quebradas apenas mais uma vez? E se eu pudesse ser quem eu.. Não. Que diacho estou pensando? Não há dúvidas. Serei quem nasci para ser." Suspirou. "Inferno."

No Time To Die | StarchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora