Prólogo

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Dragões. Criaturas belíssimas, poderosas, milenares e temidas. Não existia nesse mundo, e talvez em nenhum outro, adjetivos o suficiente para descrever tudo que os dragões são. Nem mesmo o mais sábio de todos os sábios existentes saberia explicar tamanha grandiosidade.


Bênçãos.


Maldições.


Reis.


Monstros.


Afinal, o que eram os dragões? Como surgiram? Por que se dão ao trabalho de não exterminar milhões de nós? Oh, claro, eles poderiam fazer isso com o mínimo de esforço; rasgando-nos com seus dentes ferozes, queimando-nos vivos, pisoteando nossos corpos... Por que? Por que não o fazem? Ao invés disso, deixam-se ser dominados, ou ao menos nos fazem pensar que podemos os dominar. Como humanos tão frágeis poderiam sequer controlar criaturas como eles? A resposta é que não podemos, essa sempre foi a verdade. Nunca pudemos controlar tamanhas divindades, porque é isso que eles são, mas eles permitem que sejamos cegos por tamanha mentira. Eles não são seres irracionais, nunca foram. Na verdade, eles tem cada um de nós, meros humanos, entre suas garras.


Foi isso que pensei ao ver um dragão pela primeira vez. Caraxes. Vermelho como sangue, monstruoso e imponente. Magnífico. Por que ele se submetia como a montaria de meu pai, Príncipe Aemon? Por que obedecer a seres tão... inferiores e vulneráveis? Foi isso que uma garotinha de sete anos pensou ao ficar diante de Caraxes, que com um simples piscar, sua pata poderia esmagá-la completamente. Nem mesmo seu pai, ou o mais velho dos lordes, parecia pensar nisso. Todos imaginavam os dragões como... nosso domínio, feitos para montar como os cavalos eram usados. Só que não era assim e uma pequena princesa imaginou, mesmo tão nova, que eles pagariam com a língua por pensamentos tão inconsequentes. Algum dia.


- Você é incrível, Caraxes... Obrigada por tamanha misericórdia - foi o que minha voz infantil disse naquele dia, sussurrando ao dragão enorme e esperando que ele entendesse mesmo se eu falasse na língua comum.


Cresci com esse pensamento, mantendo-o apenas para mim por imaginar que, se o compartilhasse, não entenderiam como eu. Humanos eram burros, sedentos por poder, cegos pela ambição. Nenhum deles daria bola para os pensamentos sonhadores de uma criança. Então, sozinha e em silêncio, mantive minha conexão com os dragões apenas entre eu e eles. Eu era uma Targaryen, possuía o sangue da antiga Valíria, o sangue dos dragões. Ninguém precisava entender esse laço, além de mim.


Eu mantive os mesmos pensamentos até o momento de reivindicar meu próprio dragão, aos quinze anos. Rhaenys domou Meleys aos treze, quando eu tinha sete anos e ainda estava maravilhada com essas criaturas belíssimas sem ter medo. Eu acabei tendo o meu mais tarde, pois os ovos separados para mim nunca eclodiram. Vi isso como um sinal. Eu poderia ir atrás de meu próprio dragão, ser merecedora dele ao invés de... apenas receber um ovo de mão beijada. Eu era uma Targaryen e poderia fazer isso. Portanto, numa viagem para Pedra do Dragão, terra que era a base da Casa Targaryen antes de nos estabelecermos em Porto Real, enfrentei meu desafio.


Nessa época, meu pai já estava morto, a tensão gerada pelo príncipe Baelon ser nomeado príncipe da Pedra do Dragão e herdeiro do rei, a minha irmã, nessa época grávida de meu primeiro sobrinho ou sobrinha, foi deixada de lado e... não havia nada a se fazer. Eu tinha quinze anos, muita raiva e levada por muitos rumores de ser uma Targaryen fraca por não ter um dragão. Eu mudaria isso. Com uma pequena guarda, viajei até Pedra do Dragão após receber permissão de meu avô, surpreendentemente, para tentar conquistar um dragão selvagem para mim. Não eram muitas opções convidativas, e os poucos que visitei não me deixaram muito satisfeita. Eu precisava de uma conexão, precisava de um dragão que me entendesse e que entendesse que eu estaria ali por ele. Uma aliança. Encontrei isso no mais improvável de todos. Canibal.

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⏰ Última atualização: Oct 10, 2023 ⏰

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A Chama e a Fúria: Amor e Guerra na Casa do DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora