Por Mais Um Dia | Dahmo

1. Uma nova chance?

"Sinto como se todas as pessoas estivessem caminhando para longe, muito rápido, e eu não consigo acompanhá-las. Por que todos me deixam para trás? Eu cansei de tentar correr, então, tudo bem se eu ficar por aqui?"

[⨠]

Momo sentia seu corpo todo doer, da cabeça à ponta do dedo do pé. Sua cabeça girava como se ela tivesse acordado de ressaca. Abriu os olhos, franzindo o cenho por causa da claridade, olhou ao redor rapidamente, sem prestar atenção em detalhes, capturando o suficiente para reconhecer o quarto de hospital.

"Não deu certo".

Levou alguns segundos para raciocinar que estava ali e não morta. E quando percebeu, um soluço escapou de sua boca, seguido de um choro agoniante. Ela cobriu o rosto com as mãos, seu peito descia e subia rapidamente, às vezes davam solavancos, indicando seus soluços. A franja mal cortada caía formando uma cortina que escondia parcialmente sua testa franzida.

Quem observava de fora, poderia imaginar diversos cenários possíveis que explicariam o que ela sentia naquele momento. Talvez ela tenha acordado e descoberto sobre a morte de alguém? Talvez ela tivesse perdido o movimento das pernas? Seria a emoção de saber que sobreviveu a algum acidente terrível?

Não, os soluços que Momo dava eram de dor. Estava doendo nela saber que estava viva, era uma tortura viver e ela não queria mais. A única coisa que pensava conseguir fazer era tirar a própria vida, mas nem isso foi capaz. Seu choro era de cansaço; sua mente estava cansada. Pensava em como estava exausta de tudo aquilo, de viver; de fracassar; de perder; de respirar. Ela, por muito tempo, chorou baixinho, escondida de quem quer que seja para não preocupar ninguém e ser perturbada com perguntas. Também não queria passar a imagem de alguém frágil. Mas agora, nada importava. Momo chorava como se não houvesse amanhã, alto o suficiente para que qualquer pessoa do outro lado da porta pudesse escutar.

"Quem me dera não haver amanhã".

— Que... Droga... — grunhiu, fungando logo em seguida.

Aos poucos, seu choro foi cessando e ela foi se acalmando. Sua mente projetou várias ações que poderia realizar ali para escapar daquele lugar ou terminar o que começou. Mas ela se sentia exausta. Momo não tinha ânimo para mais nada e por isso continuou naquela cama, olhando para um ponto qualquer do quarto.

— Com licença — uma jovem enfermeira pediu ao abrir a porta. O sorriso amigável não foi o suficiente para fazer a expressão de Momo mudar, nem fazer qualquer movimento. Não precisava de muita experiência para saber que a paciente tinha chorado; o rosto inchado e as marcas vermelhas nas bochechas e ao redor dos olhos denunciavam. — Que bom que acordou. Está com frio?

Momo a ignorou.

Entendendo que a paciente não estava muito aberta à conversa, a jovem fez o que tinha que fazer no quarto. Trocou o soro, aumentou a temperatura do ar-condicionado e separou a medicação que Momo deveria tomar mais tarde. Feito isso, ela saiu do quarto. Não demorou muito para que um médico aparecesse.

— Vejo que está consciente. Você lembra o que aconteceu? — o homem de meia idade perguntou enquanto anotava em sua prancheta antes de focar seu olhar na figura abatida da paciente. Momo não deu indícios de que iria responder, então ele anotou mais uma vez. — Como você se sente?

— Viva... E eu odeio isso — respondeu, sem olhar nos olhos dele. Sua expressão vazia, seus lábios roxos e sua pele pálida diziam o contrário.

Momo já estava morta, por dentro.

— Vou resumir o que aconteceu nos dois dias em que você ficou inconsciente — a informação sobre o tempo em que estava ali fez Hirai fitar o homem com curiosidade. — Quando você chegou, fizemos uma lavagem estomacal e conseguimos retirar o excesso das medicações que você ingeriu, mas ainda há uma quantidade considerável em seu sangue. Você tomou remédios de tarja preta e vermelha, quase não conseguimos trazer você de volta e...