A neve que se acumulava sobre o solo e os picos montanhosos distantes trazia a paisagem um tom de beleza imponente e fria, os cristais de gelo pendurados em formas e tamanhos diferentes nos galhos escuros e retorcidos das árvores completavam o cenário. Tudo naquele lugar era belo, requintado e mortal.
E andar com rapidez por sobre aquele solo frio enquanto afundandava os pés vestidos com apenas finas sapatilhas se mostrava uma tarefa árdua, não pelo frio, frio era algo que não incomodava aqueles belos seres, mas pela lentidão que o grande acúmulo de neve causava e o desconforto que o tecido úmido transmitia. Após mais alguns passos inclinou o corpo para frente de modo que pudesse tocar os pés e se livrar das peças que tanto a incomodavam. O par de simples sapatilhas de cor azul marinho foram atiradas para o alto, enquanto rapidamente algumas palavras de uma língua muito antiga foram recitadas e então vários flocos escuros caíram ao chão contrastando com o branco da neve quando a sapatilha foi carbonizada antes de tocar o solo.
Agora com os pés livres sentia que os movimentos estavam mais leves e ágeis. Não poderia demorar ali, não pretendia deixar rastros para trás e quando finalmente saísse esperava que demorassem o suficiente para encontrar o local de saída para que assim o rastro da sua magia já estivesse quase totalmente dissipado para que não conseguissem seguir seu rastro. Se bem que subestimar a Guarda ou seu próprio primo da maneira que ela estava fazendo era arriscado. Eles acabariam a encontrando cedo ou tarde.
A esguia figura seguia correndo atrás da sua liberdade com sua longa capa cinzenta balançando com o vento atrás do corpo, apesar da preocupação estava desatenta aos movimentos silenciosos de uma figura curiosa que a seguia. Ela chegará em seu lugar secreto. Uma caverna pequena e quase escondida pela vegetação congelada que ficava um pouco à esquerda de um belo lago que apesar do frio intenso não estava congelado, muito pelo contrário, o lago até mesmo fumegava em contraste com a temperatura do ar e da superfície podia-se notar a intensa porém distante luz produzida pelas náiades, sereias e outros seres aquáticos que ali viviam.
Dentro da caverna mais palavras antigas foram proferidas, no entanto, essas em maior quantidade e mais intensidade. Um círculo no ar em sua frente se tornou maleável e parecia ondular e perder as fibras do tempo e espaço que a mantinham firmes, como em um dia de verão intenso quando você olha muito a frente do seu corpo e o ar parece ondular. Após ditas, as palavras seus braços se dobram em volta do próprio ventre em sinal claro e instintivo de proteção e seu corpo passa através do portal e os últimos resquícios da sua capa são vistos antes de sumir totalmente.
A outra pessoa que observava escondida, até então, adentra a caverna e abaixa o capuz de uma capa de cor azul celeste, revelando um rosto fino e apavorado. Ela sente o calor da magia recente e a rastreia enquanto ainda havia tempo, após isso pronuncia algumas palavras antigas para ocultar o que tinha sido feito ali e segue para for a da caverna se perguntando porque sua tola irmã não pediu ajuda para fazer algo tão arriscado.
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Crônicas EntreMundos: Selvagem
FantasyA linha entre a realidade e a fantasia é tênue. Mas o que fazer quando está cada vez mais difícil distingui-las? Emma só estava atrás de um pouco de paz e inspiração quando foi passar uns dias em uma pequena, retirada e gelada cidade. No entanto, qu...