༺𝑹𝒆𝒅𝒆𝒏𝒄̧𝒂̃𝒐 ​᭄ ʸᵒᵒⁿᵏᵒᵒᵏ

༺𝐃𝐞𝐬𝐢𝐥𝐮𝐬𝐨̃𝐞𝐬 ​᭄

Minha história começa como muitas por aí, provavelmente você já tenha visto algo parecido em outros lugares. Nasci em Daegu, tenho pais compreensivos, dedicados e são, para mim, a melhor e maior referência de vida, porém, ao decorrer dos anos venho sentindo que os decepcionei com algumas escolhas que fiz.

Enquanto morava com eles tudo parecia muito fácil, me sentia protegido, era como se nada pudesse me machucar.

Aos doze anos, eu descobri que gostava de garotos, mas por minha família ser tão protetora e cultivadora das tradições, tive medo de contar sobre isso a eles.  Mamãe percebeu. Mães sempre sabem de tudo, mesmo que você não diga, elas sempre sabem. Lembro até mesmo da nossa conversa.

[...]

Eu havia chegado da escola mais cedo naquele dia, e assim como todos os outros dias, subi diretamente para o meu quarto. Joguei a mochila em um canto qualquer, peguei os meus fones, me deitei e encarei o teto enquanto ouvia aquela melodia gostosa. Fechei os olhos lentamente e não ouvi mais nada além da música alta nos meus ouvidos. Não consigo lembrar de quantas horas se passaram exatamente desde que entrei no quarto, mas lembro do toque suave de uma mão acariciar meus fios de cabelo. Um sorriso pequeno nasceu nos meus lábios no mesmo instante, reconheceria os carinhos de mamãe em todo lugar.

— Me atrasei para o almoço? — abri os olhos lentamente e a vi confirmar com a cabeça, sorrindo para mim.

— Ainda vai ficar surdo ouvindo isso em um volume tão alto. — disse ela retirando os fones dos meus ouvidos. — Por que não desceu para comer? Hoseok perguntou por você.

— E-eu esqueci que eles vinham hoje — disse me saindo da cama e indo na direção do closet.

Naquela época eu era péssimo com mentiras, então procurava nunca manter contato visual quando tentava mentir e, mesmo que ela não estivesse olhando nos meus olhos, ela me conhecia, me conhecia tão bem que podia sentir o peso do olhar observador da senhora Min sobre mim.

— Yoongi! — o chamado dela, mesmo sendo delicado, ainda continha autoridade, então tudo que fiz foi encará-la naquele momento — Por que mente para mim? Sente-se aqui, precisamos conversar.

Me aproximei da cama, sentei ao lado dela, mas mantive a cabeça baixa, não tinha coragem de olhar em seus olhos, foi então que senti suas mãos suaves e delicada tocar a minha, e aquele toque soava como um “Você sempre pode confiar em mim”

— Sabe, filho… Ainda tento entender porque não confia cem por cento em mim. — os dedos dela tocaram meu queixo, levantando minha cabeça e fazendo com que eu a olhasse — Esperei que viesse falar comigo e já que você não veio, eu vim. Quero muito saber sobre o seu primeiro amor. — ela sorriu e procurou meu olhar — Não me importo que se trate de um garoto — e nesse momento meus olhos se abriram, assustados — A única coisa que me importa, é o que se passa aqui — ela tocou minha testa e depois massageou meu peito — O que sente aqui!

Embora eu fosse duro emocionalmente na frente das pessoas, meus olhos lacrimejaram. Ela podia estar sendo compreensiva agora, mas e depois? Como seria depois? Provavelmente seria expulso, chamado de estranho, anormal. E quando papai souber? Nem consigo imaginar o quanto apanharia, então eu falei a única coisa que dizia a eles todos os dias mentalmente sempre que os via.

— Me desculpe… — minha voz saiu baixa enquanto as lágrimas se tornavam grossas — Me desculpe, por favor.

— Yoongi… — seus braços agora envolviam meu corpo em um abraço forte, e suas lágrimas molhavam meus cabelos — Não faça isso, não se desculpe por nada, porque você não precisa. o
Olhe para mim ⸺ Ela pediu e foi o que fiz ⸺ Somos seus pais e eu nunca, jamais irei lhe julgar por isso — então ela enxugou minhas lágrimas e disse — É Hoseok, não é?