Capitulo 2 - Renascimento

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Meu rosto era manchado com o sangue que escorria de minha boca, quanto mais minha visão escurecia mais eu pensava em toda a minha vida. Meu interior sangrando em agonia conforme eu respirava. A plena certeza de que a senhorita morte estava me esperando, me aliviava como se eu estivesse esperando por isso a vida inteira. Fechei meus olhos e relaxei todos os músculos que eu ainda tinha o controle, talvez os Deuses não fossem tão generosos comigo e se eles realmente não me derem o prazer de estar no paraíso ficarei feliz em servir em nome deles no inferno.

Mesmo sem uma única lembrança que me conforte, a coisa que se passa em minha mente é seu rosto. Seu sorriso enquanto lia seus livros promíscuos, sua irritação com cada palavra ou olhar que eu lançasse, sua indignação com seus lindos cabelos que nunca saberei a verdadeira forma, sua força monstruosa que sempre me admirou, mas o que mais me perturba é lembrar da chama em seus olhos se apagando abaixo de mim...

Como se eu tivesse morrido junto ao seu brilho a anos atrás

Acordei no meio de muito caos, por um segundo pensei estar no inferno, mas foi quando eu senti o frio me tomando. Grandes gotas de agua caiam sobre mim com uma alta frequência fazendo meu corpo estremecer com o frio, meu corpo não doía mais porém eu ainda estava confuso sobre o que estava acontecendo, por mais que eu olhasse em volta o breu dominava tudo, foi quando o céu se iluminou com um dos raios que caiam e lá no horizonte pude ver uma casa. Me levantei e foi quando eu percebi que eu estava deitado embaixo de uma árvore, uma grande árvore onde seus ramos de folha balançavam com a ventania, caminhei em direção a casa pelo que parecia ser um campo, podia sentir as flores e os Matos se balançando de um lado para o outro.

Assim que me aproximei da casa pude ver uma pequena iluminação vindo do lado de dentro, isso significava que tinha alguém lá dentro. Bati algumas vezes na porta e pude ouvir os passos apressados vindo em minha direção, mas para minha surpresa assim que a porta se abriu meus olhos se encontraram com os dela.

Tudo instantaneamente parou, eu não sentia frio e também não sentia o vento que estava batendo em minhas costas, tudo que eu conseguia fazer era olhar para ela...

- Kyou...

- O que caralhos você faz aqui, kotaro?!

- Por que... você está-

Eu estava completamente em choque e paralisado, eu só saí do meu transe assim que eu vi a porta batendo agressivamente e logo em seguida ouvindo o barulho das trancas. Essa mulher morreu há quase 40 anos, eu estou ficando louco?...

Como é possível?

Logo em seguida o sentimento de confusão foi tomado pelo sentimento da raiva e incômodo, quando eu me dei conta que a garota havia batido a porta em minha cara e me deixado preso do lado de fora com uma tempestade em cima de mim.

- Kyougoku suzuka! Abra a porta!

Eu falei em tom de voz alto e rígido enquanto batia mais algumas vezes na porta, eu podia ouvir os passos dela andando de um lado para o outro ao redor da porta, provavelmente ela deve estar se questionando a mesma coisa que eu.

- Não! Você vai me machucar de novo!

- É com isso que tá preocupada?! Por que eu machucaria vo-

Eu travei quase que imediatamente antes de conseguir completar aquela frase, eu acho que é compreensível que ela se preocupe com isso já que a 40 anos atrás eu tirei sua vida...
Durante todos esses anos eu venho semeado ódio e rancor desta mulher, mas agora neste exato momento assim que eu olhei seu rosto eu esqueci disso.

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