Caminhos

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Depois daquele dia desastroso na boate não aceitei mais nenhum convite da Gabi.
E a convenci de nos divertimos com outras coisas e lugares, mas não me arriscaria a encontrar aquele vampiro de novo.

Nem Gabi ou minha mãe ficou sabendo do ocorrido e achei melhor assim.
E a chamada perdida da dona Helena que quase me fez virar um alimento de vampiro era nada mais nada menos que para avisar que a chave da porta estava sob o tapete da frente.

Um mês havia passado, minha irmã estava bem no colégio, mas minha mãe estava mais estranha do que nunca. Depois de todo ocorrido com a dupla sensação, ela ficou mais distante e eles não apareceram mais na loja.
Mas tenho notado algo a uns 10 dias, durante a noite precisei de um cheque para pagar a internet que havia vencido, e eu estava no meio de uma prova do curso de química quando a internet foi bloqueada, fui até seu quarto, mas ela não estava lá.
Não comentei nada, mas fiquei de olho nos outros dias e três vezes na semana ela pegava um táxi por volta da uma da manhã e voltava cerca de cinco horas depois.

Estava preocupada, mas não sabia como tocar no assunto, e assim estava sendo meus dias, me preocupando todas as noites esperando ela voltar.
Isso tem afetado meu sono, além de sonhos estranhos que estão mais frequentes, sonhos com Ele, o vampiro da boate, tem me deixado em alerta 24 horas, principalmente na loja, e isso está me consumindo.

- Amber!! - Acordo dos meus devaneios com minha mãe me chamando, comigo encarando um cupcake na vitrine.

- Mesa quatro! - Ela aponta para mesa e sigo no automático.

Hoje a loja está lotada.

- Bom dia, já deseja pedir algo? - Falo assim que chego a mesa, mas concentrada demais no pequeno bloco de pedidos em minha mão.

Depois de um longo tempo em um silêncio constrangedor, miro meus olhos aos ocupantes da mesa e por um momento esperava que isso fosse um pesadelo.

Olhos vermelhos me encaravam, sem nenhuma expressão.

Acorda Amber...
Acorda...

Ele estava lá, em um terno impecável e olhos vermelhos sem nenhum sentimento.
Ao seu lado estava a dupla sensação com o menu nas mãos.

Mas minha atenção estava nele.
Mesmo que estivesse fazendo de tudo para não ser.

- Dois cafés duplos para nós e panquecas. - Will faz o pedido e consigo me libertar daquele contato visual que estava sugando minha alma, e anotar os pedidos.

- Algo..algo mais? - Pergunto para ninguém especifico ainda concentrada no bloco de notas.

- Um duplo sem açúcar - O ocupante daquela mesa que tem estado nos meus pesadelos responde.

Estava me virando para sair o mais rápido possível dali quando ele acrescenta.

- E quero a loja fechada. - Me viro imediatamente para ele para ter certeza que não estou alucinando.

- Como é? - Minha coragem aparece um pouco devido à arrogância deste ser a minha frente.

Ele me encara, levantando uma das sobrancelhas em questionamento interno e analisa meu semblante.

Parece entender algo que somente ele entendeu por que estou boiando aqui, levantando a mão chamando minha mãe que logo aparece.

- Posso ajudar em algo? - Ela pergunta a ele e depois me encara.

- Quero que a loja seja fechada por hoje. - Ele responde simples, enquanto retira o paletó e ergue as mangas da camisa social.

Observo seus braços por mais tempo que o necessário, e saio do transe quando minha mãe concorda com o seu pedido.

A Mercê Da Sombra VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora