A MENTE PECULIAR DE JESSE TURNER

CAPÍTULO I

Chicago, Illinois - sede da editora Universe Books, às 14:02 da tarde.

Jesse passa pelas portas giratórias do enorme edifício, cumprimenta seu amigo e segurança Harold antes de passar seu crachá nas catracas e adentrar o interior do local. Harold o cumprimenta de volta com um sorriso em seu rosto, ele não conseguia esconder o quão era fã do rapaz, o segurança já tinha toda a coleção de livros e contos do escritor e aguardava ansiosamente por uma nova história.

Ao adentrar o elevador, Jesse ouve as vozes de três senhoras que pediram para ele segurar a porta, sua vontade era de fingir não estar ouvindo. Ele não gostava muito de pessoas idosas, não o levem a mal, mas aquelas velhinhas adoravam falar inverdades a seu respeito pelas costas. O escritor suspira, segura a porta para que elas entrassem. Em sua mente, os pensamentos que predominavam eram que aquelas senhoras iriam ser as personagens principais de seus famosos contos de terror especiais de natal, com certeza seriam perfeitas nos papéis de demônios devoradores de carne.

Naquela tarde, duas coisas já tiravam sua paz, a primeira era o cheiro de perfume adocicado das velhas que não paravam de falar alto, outra o toque do elevador, Jesse odiava aquela musiquinha com tons calmos, piores do que as músicas que um atendente da central de reclamações colocava para deixá-lo em espera, quando ligava para falar de taxas indevidas na sua conta do banco.

Finalmente as velhas chegam em seu setor que era o mesmo do dele e saem cochichando uma com as outras sobre o rapaz sequer ter dado boa tarde à elas, naquela altura o escritor sabia que sua fama de antipático e mal educado iria perambular por todos os andares do prédio. Mas ele não se importa, durante o percurso para sua sala, Linda o interrompe e avisa que o chefe o convocou para uma nova reunião. Ele agradece sua assistente e respira fundo, caminhando rumo a sala de reuniões onde seu chefe Finnick Claffin o aguardava, Jesse estava sendo pressionado á algumas semanas, para começar uma nova história, parece que ter um dos livros mais vendidos da editora não era suficiente.

— Ah, olá Jesse, pode encostar a porta por favor, e se sentar.

— Senhor Finnick, eu ainda não tenho uma história, se é o que quer saber...

— Meu jovem, as pessoas anseiam por mais, você precisa escrever, é assim que aqui funciona.

— Eu compreendo, mas ainda não encontrei um bom conto, requer tempo!

— Jesse, eu sei, só que precisamos aproveitar o sucesso que a saga de livros de "A Duplicata" está tendo e lançar uma nova história.

— Senhor Finnick e...

— Desculpe interrompê-lo, pode sempre me chamar apenas pelo meu nome, você sabe disso.

— Ok, Finnick, eu irei pensar em algo, só me dê mais tempo.

— Assim espero, agora pode ir.

Jesse, saí da sala, suspirando, o dia estava lindo, o céu repleto de nuvens e o cheirinho bom da cozinha parecia lhe convidar para um lanche. Ele parte rumo ao local e encontra seu ex-namorado e também escritor Klaus Hillton, então decide recuar mas Klaus o convida para se sentar e comer aquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate que estava irresistível. Jesse se vira e aceita, afinal por mais que Klaus tivesse o magoado, ele já havia seguido em frente e não tinha problemas em manter um clima amistoso e profissional. Enquanto conversam, Klaus deixa escapar que Finnick quer que ele lance uma versão de sua saga de livros, contando o futuro, após os acontecimentos de "A Duplicata", Jesse revira os olhos imediatamente com a audácia, pois seu melhor amigo já havia dado continuação futura, que se chamava "A Floresta Dourada". Klaus diz que ele deveria ter lido melhor o contrato, fazendo com que o escritor ficasse extremamente irritado.