Promessa

5 2 13
                                    


Existe a promessa. Bendita promessa feita no dia 03/11/2013, feita no auge de um momento tão intenso, onde dor, amor e insegurança estavam tão próximos, que se misturavam perigosamente. Num momento de última súplica em tons leves foi proferida a promessa "Eu prometo, a partir de hoje eu não me apaixono mais."

A de olhos castanhos e cabelos loiros não acreditou nas palavras... Ela deveria confiar mais na outra garota a sua frente, ainda mais ela sabendo o quanto intensa a garota poderia ser, ela estava prometendo e ela sempre cumpre suas palavras. Mas a última promessa não serviu, cada uma seguiu seus respectivos caminhos.

Passaram mais de 10 anos desde a promessa e ambas as mulheres mudaram, uma nem tanto assim, segue com o jeito moleque, marrento porém, mais educada, com um certo carisma e a outra... Ah a outra, talvez ela não se veja, mas ela é uma mulher incrível, tão inteligente, na realidade muito inteligente, com um senso de humor adorável, miss independent, linda, esportiva e com belos cabelos ruivos.

Caminho ou destino seja lá o que foi, nossa marrenta num momento de coragem convida nossa ruiva para sair e esperando uma negativa, a ruiva aceitou o pedido. Elas se encontraram, nossa jovem moleca educada ficou sem palavras ao ver saindo de um carro vermelho com a lateral batida aquela que um dia amou tanto.

O nervosismo era real, as nossas jovens não sabiam ao certo como agir, 10 anos para aquele momento.

A garota de cabelos ruivos foi apresentada aos amigos da outra menina que, enquanto a atenção estava nas apresentação, não sabia o que sentir. Uma enchente de sentimentos a atingiu, mas como falar algo num momento como esse, mas seu coração batia forte ao mesmo tempo que sentia alívio em vê-la, assim tão de perto.

Oh meu Deus ela não pensou em nada! O que deve falar? O que deve fazer? Será que poderia estar perto dela novamente só por alguns minutos? OH DROGA! A melhor coisa que poderia fazer era tratar a ruiva como trataria seus amigos, porém ela não fica olhando os movimentos dos amigos, ela não fica reparando no subir e descer de sua respiração, no tom agradável de voz, principalmente a risada.

Talvez seja o momento perfeito para o álcool entrar na festa

Quanto mais o grupo bebia mais todos ia ficando mais felizes, mas tínhamos que escolher um lugar para ficar, então com duas garrafas de Cravinho nas mãos e muita disposição, o grupo foi andando pelas ruas de paralelepípedo do Pelorinho ate chegarmos em segurança, no Santo Antônio Além do Carmo, em meio a caminhada consegui ficar "a sós" com quem mais queria estar naquele momento. Uma conversa leve foi iniciada, até se tornar sensível aos olhares dos amigos que haviam ficado para trás.

Depois de um tempo andando, foi escolhido o bar que ficaríamos e para minha sorte ela sentaria ao meu lado. Mas eu não havia pensado nisso, o que eu poderia fazer? Era aceitável por minha mão no encosto da cadeira dela? Acho que sim, amigos fazem isso. Eu poderia deixar minha perna mais próxima a dela? Oh Droga! Eu não pensei em nada.

Para minha sorte,uma parte dos meus amigos saíram com ela para comprar cigarro e eu fiquei ai na mesa presa nos meus pensamentos e em como eu estava fazendo tudo errado...

 - Hei! - chamou a atenção meu amigo Miguel, me olhando sério. - Mano ela não está com você?

 - É Geo - fala Roberta concordando com Miguel- Você não deveria... Sei lá falar com ela sozinha.

 - Eu tentei - falei olhando os dois, na boa, era uma meia verdade- Eu tentei no caminho pra cá, mas vocês também conversaram com ela e outra coisa, ela é minha amiga.

 - Sei - falou Miguel em tom de deboche. - Sei bem que tipo de amizade é essa, né Robertinha?

A outra mulher de maneira leve deu de ombros como quem disse "É pode ser".

Os minutos foram passando e nada do retorno deles, quando achei que havia passado um tempo considerável pensei em sair atrás deles, mas não foi preciso, logo ela estava na minha frente com um belo sorriso. Foi nesse sorriso que levou boa parte da minha insegurança.

Bebida, comida, música boa e conversa animada era tudo que faltava para todos ficarem mais animados.

Eu coloquei o braço no encosto da cadeira dela e ela apoiou a mão em meu joelho e assim ficávamos, até Yasmim e ela quiseram sair para fumar, dessa vez (mesmo não fumando a anos) fui com elas. Eu só conseguia olhar para ela, seu rosto, seu cabelo agora ruivo, suas tatuagens... Literalmente, estava em um momento de contemplação, que foi quebrado por Yasmim.

 - É acho que estou sobrando aqui. - Ela apagou o cigarro e começou a olhar em volta. - Vou voltar já.

 - A gente vai terminar esse (acho que as duas falaram juntas)

Agora sozinhas minha mente só pedia uma coisa, que ela apagasse o cigarro e na me desse um tapa pq, eu não estava mais aguentando a vontade de beijá-la.

Ela se encostou embaixo de uma janela branca com uma parede amarela, eu me aproximei. Ela segurou minha corrente e falou alguma coisa que honestamente não escutei, eu estava focada que estava me aproximando dela. Ela sorriu e nesse sorriso tomei coragem de beijá-la (morrendo de medo dela me afastar e me dar um tapa).

Foi uma explosão! Eu não sabia o que sentir.

Ela me afastou e falou

- Seu beijo - ela fala ainda me mantendo perto, testa com testa- Não mudou.

Quando ia perguntar se isso era uma coisa ruim, voltamos aos beijos. E ficamos assim, beijos, sorrisos, provocações... Os sentimentos da jovem de 17 anos estavam aí, mas o desejo da mulher de 26 estava confuso, pois nada é tão simples. E honestamente eu só queria ficar naquela confusão mental.

Entre um beijo e outro umas confissões foram ditas.

 - Eu prometi nunca mais me apaixonar. - suspirei e voltei a encostar minha testa na dela. - Não depois de você. 

Sinto muito mas não recordo a reação dela.

Depois de um tempo Miguel veio nos buscar para voltar à mesa, ficamos mais próximas. Na hora de pagar a conta ela "brigou" comigo pq não deixei ela entrar na divisão, Mas o importante é que saímos de mãos dadas do bar até o local onde ela pegaria o uber para ir embora. Eu não queria que ela fosse, mas ela tinha compromisso.

E com um simples beijo na bochecha ela entrou no carro branco e se foi.

Eu voltei para os meus amigos mas no corpo, minha mente estava no meu mundo fechado.

Meses depois nada mudou, pois ela não faz as perguntas certas e eu não sei se devo ao menos perguntar.

Então ultimamente fico me perguntando, será que ela me libertaria da promessa?

A culpa é do Corvo.Onde histórias criam vida. Descubra agora