Obra-prima (Fleurmione AU)

Encontro

Um sol fraco e um vento mais gelado que o habitual marcavam a manhã londrina. O típico verão inglês do qual você precisa sair de casa com mais camadas de roupa do que normalmente usaria pois a estação tinha seu próprio tom de humor peculiar.

Apertei mais minha jaqueta contra o corpo enquanto observava o movimento dentro do café. Fleur nos trouxe a um lugar chique, frequentado por muitos influenciadores, fotógrafos e toda aquela gente moderna e bem arrumada que produz conteúdo na internet e normalmente se acha mais importante do que é. Mas não podia deixar de notar que o local era bonito e agradável, um café com paredes de cimento queimado e muitas plantas e luzes aconchegantes. Me lembrava um jardim interno. Nossa mesa era em uma área mais afastada e cercada com grandes vasos de plantas que nos davam bastante privacidade. Agradeci a francesa mentalmente pela escolha.
Falando nela, Fleur voltou a nossa mesa após alguns minutos pedindo nossos cafés.

– Hoje esse lugar está completamente lotado, me desculpe por isso. Se soubesse que toda Londres viria tomar capuccinos aqui teria escolhido outra cafeteria. – Ela movimentava seus dedos enquanto falava e jogava o cabelo loiro para seu ombro direito. Os olhos azuis fixando em mim mais uma vez.

– Mesmo lotado você conseguiu uma mesa ótima, mal da pra perceber as outras pessoas de onde estamos.

– Achei que ficaríamos mais a vontade aqui, normalmente quando venho esta é minha mesa favorita.

Então ela é uma cliente regular. Não me surpreende, é claro que a loira alta e elegante a minha frente frequentaria locais cheios de pessoas bonitas como ela.

– Bem, Hermione, queria saber se pensou um pouco mais a respeito da minha proposta.

– Pensei o suficiente para aceitar vir aqui encontrar você hoje, senhorita Delacour.

Ouch! Será que tinha sido muito grossa com essa frase?

Fleur riu.

– Fico muito feliz por isso! Mas me chame apenas de Fleur, por favor, sem formalidades.

Ela abriu sua bolsa, retirou um envelope marrom e me passou por sob a mesa.

– Aqui estão os detalhes do projeto que comentei com você. É uma produção audiovisual independente, do qual irei produzir e financiar. Por favor leia com calma e me pergunte todos os pontos que tiver dúvidas, quero que a proposta fique muito clara para você.

– Certo, com licença. - Abri o envelope e comecei a ler os papeis em seu interior. Nossos pedidos chegaram na sequência, um macchiato grande, um cappuccino tradicional e duas generosas fatias de bolo inglês de creme e morangos.

A proposta de Fleur era tentadora. Dava para ver que cada palavra do contrato foi bem colocada, e que nada estava ali por acaso. Todas as cláusulas eram bem definidas e explicadas individualmente para que nenhuma tivesse um sentido dúbio.

Todo o projeto consistiria em alguns meses de produção, com a contratação de artistas independentes, fotógrafos e cinegrafistas. Consistiria em uma mini série com alguns capítulos nos quais cada um acompanharia o dia a dia do artista em questão. Os capítulos seriam exibidos em primeira mão em uma exposição de arte, junto as obras finalizadas de cada um dos artistas convidados. A ideia de Fleur era fazer a estréia assim e depois fechar parcerias com streamings para a republicação do conteúdo em determinadas plataformas.
E claro, com cada artista e profissional recebendo sua parcela de royalty por isso.

Aquela era sem dúvida uma das propostas mais tentadoras que já li. Mas ainda assim, ficava com o pé atrás. Era tudo bom demais para ser verdade. Deveria existir algo no qual Fleur tinha interesse em particular para fazer o que estava fazendo. Não era possível alguém ser tão visionário e altruísta e ainda se parecer com uma super modelo. Alguma coisa tinha que estar errada.