XLVII

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Eu tô cansada. Extremamente cansada. Meus pés doem, meu corpo dói, acho que não tem uma parte do meu corpo se quer que não esteja dolorida.

Cuidar das crianças em dia de jogo é exaustivo. Por mais que as mães estejam por perto a gente da comissão precisa estar de olho correndo de um canto pra outro pra que eles não invadam o gramado.

O time continua parecendo um bando em campo. Ninguém sabe o que é pra fazer, todo jogo uma escalação, eu fui proibida de acessar o vestiário por esse lunático.

Por aqui esse fanfarrão disfarçado de técnico não me engana não.

Flamengo empatou com o Cruzeiro, Maracanã lotado, imprensa pra todo lado e a oportunidade perfeita de ser vista saindo da zona mista com o Gabriel.

Ele anda na minha direção junto com o Fabinho rodeado de seguranças e uns homens que eu não faço a mínima ideia de quem sejam. Estou cansada demais pra ficar tentando raciocinar.

— Ei. O que foi que tá com essa carinha aí? Hum? — Ele me abraça apertado e ajeita meu cabelo atrás da orelha.

O que tá com essa carinha aí — Fábio imita a voz dele fazendo a gente sorrir.

— Vai ver se eu tô na esquina, invejoso — Mostro o dedo do meio pra ele disfarçadamente — Crianças Bi, castigo do monstro hoje.

— Eu vi você correndo atrás deles antes da gente subir, desculpa amor mas eu ri — Ok, o amor me pegou meio de surpresa e acho que ele também, já que ficou totalmente sem reação ao cair em si do que acabou de dizer.

E olha mesmo cansada demais ele me chamando de amor puxando o r no sotaque paulista gostoso que ele tem é minha nova skin preferida.

Eu não digo nada, sorrio e entrelaço nossos dedos. Ele entende o recado porque me olha de canto e sorri, feliz.

— Entrevista hoje, Gabriel? — O segurança pergunta.

— Não — Eu respondo rápido — Desde a coletiva só recebo elogio em casa que estou muito gostoso tá extremamente proibido de falar.

— Eu não falei nenhuma mentira lá — Ele rebate.

— Gabriel tinha que cortar a ponta da língua dele — Fábio comenta.

— Já pensou Fabio, debochado cara. Não sei quem tá dizendo que ele tá muito gostoso, eu é que não sou — Debocho.

— Eu quero ver dona Ana, se mais tarde vai tá debochando assim. Quero só ver — Ele semicerra os olhos e sorri malicioso.

— Vão passar assim pela zona mista? — Fabio para na nossa frente antes de cruzarmos a porta.

Eu e o Gabriel nós encaramos por uma fração de segundo antes de apertamos firme a mão um do outro e cruzarmos por todos os jornalistas.

"Gabriel fala sobre o empate hoje" "Gabriel como tá sendo o novo técnico" "Gabriel da uma palavrinha"

Só depois que saímos ao acesso pro estacionamento que percebo que estou prendendo a respiração.

— Tá tudo bem? — Ele pousa suas mãos na minha cintura e confere cada centímetro do meu corpo com um olhar rápido. Minhas mãos estão suando.

— Acho que sim, não sei. Fiquei nervosa — Respondo recuperando o fôlego.

— Tá feito, vai dar certo — Ele me abraça mais apertado que o de costume e beija o topo da minha cabeça — Se não estiver bem, é só me dizer.

— Você também.

— Vocês dois vão ficar aí? Vamo embora deixa pra transar lá em casa — Fabinho grita entrando no carro.

Celebridade | Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora