Retratos de Um Amor Impossível - Simone x Soraya

Eu preciso descobrir a emoção de estar contigo

Espero que gostem e comentem, por favor. Boa leitura!

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Um dia de domingo - Gal Costa

23 de julho de 2000

Naquela modesta e íntima sala de aula, onde a mudez era preenchida pelo mavioso murmúrio das canetas deslizando nos papéis, a tensão oscilava no ambiente. Apenas professora e aluna estavam presentes, seus olhares encontrando-se ocasionalmente, criando um jogo de magnetismo e desafio. Cada gesto e movimento físico parecia impregnar em um significado oculto, alimentando a intensidade estranha que sempre existiu. Os olhares se prendiam mutualmente, como se estivessem envolvidos em uma dança invisível de atração e resistência.

Thronicke mordiscava levemente a ponta da caneta, lançando olhares tentadores a Tebet, como se quisesse testar os limites do autocontrole da professora.

Cada segundo ali parecia se estender, aumentando a expectativa do que poderia ser. No entanto, apesar de toda a crispação, ambas mantinham uma fachada de controle, resistindo à tentação de ceder aos desejos que pulsavam no interior do ventre. Criando um universo paralelo que somente elas entendiam.

— Senhorita Thronicke! — Articulou a professora com uma voz rouca e melódica, destacando o sobrenome como repreensão. Seu olhar se encontrou com o da aluna por alguns segundos, mas, com elegância, não manteve o contato visual por muito tempo, desviando sua atenção para a ponta da língua que umedecia delicadamente os lábios da baixinha. — Isso é uma apresentação de um trabalho extra para não ser reprovada e não um encontro.

— Até porque eu jamais consideraria um encontro com a senhora. — Sussurrou mordaz, lançando-lhe um olhar desafiador. A ponta da caneta novamente deslizou para seus lábios, presa entre os dentes com uma aura de atiçamento. — Professora. — O título escapou de forma morna, aprofundando a inquietação entre elas, como se estivesse impregnado de injúria e sedução.

Soraya se aproximou com um sorriso brincando em seus lábios enquanto olhava fixamente para Simone. Seus olhos eram curiosos, mas também carregavam uma centelha de desafio, como se estivesse pronta para uma discussão amigável. O espaço entre elas diminuiu, e seu perfume envolveu a morena, tornando tudo ainda mais intenso. Ela ergueu a mão lentamente e colocou delicadamente um fio de cabelo escuro que caía no rosto da professora atrás da orelha. A mais velha prendeu a respiração, sentindo uma vibração em seu peito aumentar com o mero toque.

Sabia que aquele sentimento era errado em tantos níveis. Como uma mulher casada, tinha um compromisso com seu marido, e jamais deveria permitir-se envolver em outra relação. Além disso, como professora, tinha uma responsabilidade ética e profissional com seus alunos, especialmente com Soraya. Era inaceitável misturar suas emoções pessoais com o ambiente acadêmico.

Com um sorriso travesso, a aluna inclinou a cabeça levianamente, como uma gata curiosa que brinca com sua presa. Quase tocando os lábios da mestre.

— A professora Tebet vai me a-provar? — A pergunta serpenteou carregada de dissimulação, tal qual sua locutora.

Seus cabelos loiros caíam graciosamente sob os ombros, como um véu de ouro que realçava sua beleza indecente. Sua posição era penetrante, como se pudesse desvendar os pensamentos mais íntimos da professora. A sala parecia se encolher ao redor delas, e o clima estava embebido por um convite a perdição. A docente sentiu o rubor subir em suas bochechas, ciente de que a pergunta era mais do que uma simples indagação acadêmica. Era uma incitação disfarçada, uma tentativa de atestar os seus limites, e a aluna o fazia com maestria.