Capítulo 08:

376 36 48
                                    

Me espreguiço na cadeira, sentindo meus ossos da coluna estalarem com o alongamento repentino. Já tem horas que eu estou sentada relendo o que escrevi, mas nada parece ser bom o suficiente.

Decido que já fiquei tempo demais aqui dentro e saio da biblioteca, fechando a porta atrás de mim. Olho meu celular, a mensagem de Eli com um emoji de um croissant mostra que está tudo pronto.

Vou até o quarto, decidida a iniciar a primeira fase do meu plano, mas me deparo apenas com Flora sentada na mesa desenhando algo em um papel. Ela estava usando fones de ouvido e bebeu um gole de uma taça de vinho quase vazia, noto que há um desenho em cima da mesa com metade de uma mancha de vinho na borda.

— Tá desenhando o que? — eu pergunto, colocando as mãos no encosto de sua cadeira. Flora toma um susto e quase se engasga com o vinho, o que me faz rir.

— Quint, avise antes pelo amor de Deus! — ela diz, mas estou rindo muito para responder. — Você gosta de rir da desgraça dos outros, é isso?

— Não, princesa, se me lembro bem quem faz isso é você — cantarolo, segurando em seu rosto. Com o meu polegar, limpo uma gota de vinho que escorreu de seu lábio até seu queixo. Meu dedo encontra seu lado inferior e a puxo mais para perto, lhe dando um selinho demorado. — Me perdoa?

— Perdoar? Perdoar o que? Está perdoadíssima — ela diz, me puxando para outro selinho, esquecendo completamente a música da Taylor Swift que saía de seus fones e o desenho completamente esquecido em sua mesa. Ela arrasta a cadeira pra trás e me puxa para que eu suba em seu colo. — Vem cá, Quint, não acredito que você saiu da sua caverna por vontade própria.

— O que eu posso fazer? Uma esposa linda dessas logo no andar de cima era impossível não sair — eu digo e ela revira os olhos.

— Tudo bem, eu acredito em você. Com uma esposa dessas até eu. — Flora diz, convencida.

— Uau, amor, tão romântica como sempre — digo de forma sarcástica. Flora dá risada e afasta a cadeira da mesa, me puxando para sentar em seu colo. A olho desconfiada. — O que está fazendo, Baird?

— Nada demais, só quero carinho, posso? — Eu dou risada com sua fala, passando meus braços por seu pescoço.

— Claro que pode, carente — Eu digo, puxando seu rosto para mais perto. Beijo sua testa. — Ainda bem que saí de minha caverna, tenho certeza que você não aguentaria ficar muito mais tempo sem suprir sua carência.

— Você me conhece tão bem, mon amour. — Flora diz, me fazendo abraçá-la pelos ombros e dar risada. — Sério, como você consegue sempre adivinhar o que estou pensando?

— Ah, é meu superpoder — decido dizer, tentando me fazer de misteriosa, coisa que sou péssima independente da situação.

Flora dá risada e eu olho para a mesa, no papel a imagem de uma mulher de cabelos cacheados volumosos estava se formando. Observo que há mais alguns papéis embaixo daquele, todos contendo traços de lápis indicando que aquele não era o seu primeiro desenho.

— Não sabia que você desenhava, Baird — digo interessada. Flora dá de ombros.

— É só um hobby — Ela diz, apoiando a cabeça em meu ombro. — Não tenho muito tempo pra ficar desenhando, minha mãe quer me manter o mais ocupada possível.

— Que sem-graça — comento. — Você desenha tão bem, Flo.

Flora abre seu sorriso convencido, aquele característico que parecia permanente em seu rosto durante nosso ano em Gregorstaun. Aquele sorriso que me dava vontade de dar um soco naquela carinha linda, hoje posso dizer que meus sentimentos em relação a esse sorriso mudaram drasticamente.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 21, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Vegas - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora