O corredor escuro e estéril saudou Lena quando as portas do elevador se abriram. Quantas vezes nos últimos três meses ela andou por esses corredores? Ela passou pelo posto de enfermagem e os rostos familiares a cumprimentaram com um sorriso triste. Lena conhecia todas as enfermeiras graças aos últimos meses. Ela sorriu gentilmente enquanto se dirigia para o quarto pela última vez. Ela engoliu a onda de náusea e, ao estender a mão para a porta, ela se abriu e Constance saiu. Constance Hanson era a enfermeira-chefe do setor de oncologia. Ela teve um interesse especial por Lena, e Lena gostou disso, foram três meses difíceis.
Constance era uma mulher mais velha, talvez com quase cinquenta anos. Ela afastou distraidamente uma mecha de cabelo grisalho da testa, então colocou as mãos nos ombros de Lena. "Você está bem, querida?"
Lena acenou com a cabeça através das lágrimas que de repente surgiram em seus olhos. "Eu só queria estar aqui quando..."
Constance puxou-a para seus braços. "Você não tinha como saber que Julie iria embora tão rápido. Foi uma bênção, Lena."
Lena recuou e respirou fundo, enxugando as lágrimas do rosto. "Eu sei."
"Eu irei te esperar bem aqui. Ela está em paz." Constance abriu a porta para permitir que Lena fosse primeiro.
Mais uma vez, Lena assentiu, a sensação de entorpecimento e distanciamento instalou-se dentro dela quando ela entrou no quarto, que estava escuro, exceto pela pequena luz sobre a cama que lançava uma iluminação suave. Lena inclinou a cabeça enquanto se aproximava da cama. Julie parecia tão tranquila, como se estivesse apenas dormindo. No entanto, conforme ela se aproximava, a aparência pálida e fria de Julie lhe dizia algo diferente. Ela olhou para a forma sem vida, que há pouco tempo era sua parceira nesta vida. Colocando levemente uma mão em seu filho ainda não nascido, Lena acariciou a bochecha fria de sua companheira.
"Você nunca vai conseguir vê-lo, e por isso sinto muito, Julie," Lena sussurrou com lágrimas escorrendo pelo rosto. "Você não está mais com dor."
Lena olhou para o nada e, por um breve momento, lembrou-se de uma época em que não havia dor, apenas risadas.
Flashback On:
"O que devemos fazer hoje?" Lena perguntou enquanto limpava os pratos da manhã.
Julie fez uma pose pensativa enquanto abria a máquina de lavar louça. "Hum. Não sei. É um lindo dia de outono. Acho que precisamos de uma abóbora."
Lena balançou a cabeça e se virou. "Nós temos uma, sua idiota. E se você estivesse em casa com mais frequência, teria visto na varanda."
"Temos uma? Quando conseguimos uma?"
Lena enxugou a mão na toalha e encostou-se no balcão. "Nós não. Lori e eu fomos no último sábado, quando você estava em San Diego." Ela tentou manter o sarcasmo fora de sua voz, mas estava se tornando uma batalha perdida.
Julie pareceu sentir o sarcasmo. "Amor, é o meu trabalho."
"Eu sei. Eu sei. Você é pilota. Eu entendo, mas você poderia escolher fazer as viagens mais curtas..."
"Por menos dinheiro," Julie interveio com uma carranca.
"O que eu nunca me importei," Lena rebateu uniformemente. Ela então respirou fundo.
"Olha, esta é a primeira vez que venho para casa em semanas. Não vamos discutir sobre isso novamente." Julie caminhou até ela e colocou os braços em volta de sua cintura, puxando-a para perto. "Estava com saudades," ela sussurrou contra seus lábios.
Lena suspirou e retribuiu o beijo enquanto colocava os braços em volta dos ombros. "Você sempre sai de uma discussão com sexo." Ela se encostou contra o balcão.
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KARLENA - A Family As A Gift
FanfictionA vida da solteira Kara Zor-El é virada de cabeça para baixo quando recebe uma carta do advogado da falecida ex-namorada, Julie. A missão: ajudar Lena Luthor, a parceira de Julie, e a adorável Lori, uma criança de dois anos e oito meses, que agora s...